Título: Embora os
destinatários não constem em nenhum lugar da epístola, seu conteúdo é
claramente direcionado aos cristãos de origem judaica.
Todo o seu teor versa sobre as
Escrituras do Antigo Testamento, e também sobre sua validade ou não para a
presente era.
Há um debate a seu respeito quanto
ao fato de ser ou não ser uma epístola, uma vez que somente seu término parece
demonstrar ser uma carta (Hebreus 13.18-25). Alguns colocam como um tratado ou
um sermão.
Autoria e Data: Sua autoria nos
remete a algumas controvérsias. Eusébio e outras fontes apontam o apóstolo
Paulo como autor, mas este posicionamento gera certos conflitos difíceis de resolver.
O estilo, os destinatários e outros
pontos levaram os eruditos a assumir uma postura de incerteza. A base da
autoria paulina se encontra na referencia a Timóteo, no capítulo final (Hebreus
13.23 “Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele
vier depressa, vos verei.” ).
Certamente, foi escrita antes do ano
70 d.C., pois fala como se o templo ainda existisse, mais provavelmente entre
66 e 68 d.C. (Hebreus 7.1-28).
Entre os prováveis autores, estão
Apolo (por ser poderoso nas Escrituras) e Barnabé.
Propósito: O falecido Dr. Walter Martin, fundador do
Instituto de Investigação Cristã e autor do best-seller Kingdom of the Cults
(Reino das Seitas), disse em sua sarcástica e habitual forma de falar que o
livro de hebreus foi escrito por um hebreu para outros hebreus para dizer-lhes
que deixassem de agir como hebreus.
Na verdade, muitos dos primeiros crentes judeus estavam
caindo de volta aos rituais do judaísmo a fim de escaparem da crescente
perseguição. Esta carta, então, é uma exortação para esses crentes perseguidos
a continuarem na graça de Jesus Cristo.
Resumo: O livro de Hebreus trata de três grupos
distintos: seguidores de Cristo, incrédulos que tinham conhecimento e uma
aceitação intelectual dos fatos de Cristo, e incrédulo que tinham sido atraídos
a Cristo, mas que acabaram rejeitando-o. É importante entender a qual grupo
cada passagem está se dirigindo, pois deixar de fazer isso pode levar-nos a
tirar conclusões inconsistentes com o restante das Escrituras.
O escritor de Hebreus menciona continuamente a
superioridade de Cristo, tanto de Sua pessoa como do Seu trabalho ministerial.
Nos escritos do Antigo Testamento, entendemos que os rituais e cerimônias do
judaísmo simbolicamente apontavam para a vinda do Messias. Em outras palavras,
os ritos do judaísmo eram sombras das coisas futuras.
Hebreus nos diz que Jesus Cristo é melhor do que aquilo que
qualquer mera religião tem a oferecer. Toda a pompa e circunstância da religião
empalidecem em comparação com a pessoa, trabalho e ministério de Jesus Cristo.
É a superioridade do nosso Senhor Jesus, então, que continua a ser o tema desta
eloquente carta.
Talvez nenhum outro lugar do Novo Testamento
esclareça o Antigo Testamento como faz o livro de Hebreus, o qual tem como seu
fundamento o sacerdócio levítico. O escritor aos hebreus compara constantemente
as insuficiências do sistema sacrifical do Antigo Testamento com a perfeição e
realização em Cristo.
Enquanto o Antigo Testamento exigia sacrifícios contínuos e
uma expiação pelo pecado uma vez por ano, os quais eram oferecidos por um
sacerdote humano, a Nova Aliança proporciona um sacrifício final através de
Cristo (Hebreus 10.10 “Na qual vontade temos sido
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.” ) e acesso direto ao trono de Deus para
todos os que estão nEle.
Rica na doutrina cristã fundamental, a epístola
aos Hebreus também nos proporciona exemplos animadores de "heróis da
fé", os quais perseveraram apesar das grandes dificuldades e condições
adversas (Hebreus 11). Os homens e mulheres pertencentes à lista dos heróis da
fé fornecem provas irrefutáveis quanto à garantia incondicional e absoluta
confiabilidade de Deus.
Da mesma forma, podemos manter a confiança perfeita nas ricas
promessas de Deus, independentemente das nossas circunstâncias, ao meditarmos
na sólida fidelidade das obras de Deus nas vidas dos Seus santos do Antigo
Testamento.
O escritor de Hebreus proporciona um grande
incentivo aos crentes, mas há cinco advertências solenes às quais devemos
prestar atenção:
Há o perigo da negligência (Hebreus 2.1-4 “Por isso é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para
que jamais nos desviemos.
Porque se
a mensagem transmitida por anjos provou a sua firmeza, e toda transgressão e
desobediência recebeu a devida punição,
como
escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação,
primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram.
Deus
também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e
dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade.”),
O perigo da incredulidade (Hebreus 3.7 “Assim, como diz o Espírito Santo: "Hoje, se vocês ouvirem a sua voz,”);
(Hebreus 4.13 “Nada, em toda a criação, está
oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos
daquele a quem havemos de prestar contas.”),
O perigo da imaturidade espiritual (Hebreus 5.11 “Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar,
porque vocês se tornaram lentos para aprender.”);
(Hebreus 6.20 “Onde Jesus, nosso precursor,
entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque.”),
O risco de deixar de perseverar (Hebreus 10.26-39 “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o
conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,
Mas uma
certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os
adversários.
Quebrantando
alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três
testemunhas.
De quanto
maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de
Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer
agravo ao Espírito da graça?
Porque
bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz
o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
Horrenda
coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
Lembrai-vos,
porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes
grande combate de aflições.
Em parte
fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes
participantes com os que assim foram tratados.
Porque
também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria permitistes o roubo
dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor
e permanente.
Não
rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.
Porque
necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus,
possais alcançar a promessa.
Porque
ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará.
Mas o
justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.
Nós,
porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que
crêem para a conservação da alma.”),
E o perigo inerente de recusar a Deus (Hebreus 12.25-29 “Cuidado! Não rejeitem aquele que fala. Se os que se recusaram a ouvir
aquele que os advertia na terra não escaparam, quanto mais nós, se nos
desviarmos daquele que nos adverte dos céus?
Aquele
cuja voz outrora abalou a terra, agora promete: "Ainda uma vez abalarei
não apenas a terra, mas também o céu".
As
palavras "ainda uma vez" indicam a remoção do que pode ser abalado,
isto é, coisas criadas, de forma que permaneça o que não pode ser abalado.
Portanto,
já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim,
adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor,
pois o
nosso "Deus é fogo consumidor! "”).
Assim encontramos então, nesta obra-prima suprema, uma grande
riqueza de doutrina, um refrescante manancial de encorajamento e uma fonte de
advertências práticas e sãs contra a preguiça em nossa caminhada cristã.
Entretanto, ainda há mais, pois em Hebreus encontramos um
retrato magnificamente do nosso Senhor Jesus Cristo, o Autor e consumador da nossa
grande salvação (Hebreus 12.2 “Olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz,
desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” ).
Que Deus o Abençoe!