Translate

1 Samuel 11 - Saul vence os amonitas



A VITÓRIA DE SAUL SOBRE OS AMONITAS

Naás o amonita sitiou Jabes-gileade. Os amonitas eram descendentes de Ló (Gênesis 19.38 "E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje." ) e se associavam com os moabitas, também descendentes de Ló, com quem viviam ao oriente do rio Jordão, ao norte do mar Morto. 

Seu ídolo nacional era Milcom, ou Moloque (1 Reis 11.5 "Porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas." ), e haviam sido derrotados por Jefté (Juízes 11.33 "E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel." ). 

Jabes-gileade também estava ao oriente do rio Jordão, pertencendo à tribo de Gade, vizinha dos amonitas.
Os homens de Jabes-gileade temeram Naás e procuraram fazer um acordo de submissão a ele. Sem dúvida não confiavam no SENHOR para sua libertação, e estavam dispostos a se submeter a um povo idólatra para salvar a sua pele. Tinham medo de enfrentar o inimigo. 

Isto nos lembra que o diabo, nosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar ("Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. 1 Pedro 5:8). Não devemos procurar um acordo com ele, mas ser sóbrios e vigilantes, e resistir-lhe firmes na fé.
Os gileaditas se haviam declarado prontos a sacrificar sua liberdade e propriedades em troca da paz, e se os amonitas tivessem se contentado com isso, a questão estaria resolvida. Mas Naás julgou que podia exigir ainda mais: que os olhos direitos de todos eles fossem vazados. 

Alem da dor e sofrimento que isso causaria, a perda do olho direito incapacitaria os homens para a guerra, pois o olho esquerdo, geralmente, ficava escondido sob o escudo. Com isso ele traria vergonha sobre todo o Israel, de quem faziam parte, pois seriam considerados fracos e covardes por permitirem que uma das suas cidades principais fosse assim maltratada, sem que procurassem resgatá-la.
Os anciãos de Jabes pediram-lhe o prazo de sete dias para que pudessem verificar se haveria em Israel alguém que os livrasse. Naás concedeu o seu pedido, aparentemente convencido que em tão pouco tempo seria impossível aos israelitas formarem um exército capaz de derrotá-lo, mesmo se os mensageiros conseguissem convencê-los a vir em seu socorro. A vergonha para Israel seria ainda maior. 

Por outro lado, se não concordassem em deixar os mensageiros passar, os cidadãos de Jabes provavelmente iriam resistir por muito mais tempo, e os amonitas teriam que tentar tomar a cidade à força, o que seria custoso, pois muitos morreriam, inclusive os homens de Jabes que haviam se oferecido a servi-los. A cidade já estava sitiada, portanto ninguém podia escapar.
Os mensageiros de Jabes atravessaram o rio Jordão e foram relatar o caso em Gibeá, mais ao sul, ou porque haviam sido mandados até lá, ou porque, no caminho, souberam que o novo rei de Israel estava lá. Mas Saul estava trabalhando com seus bois no campo: notemos a sua humildade pois, tendo sido aclamado rei da nação, não se achou tão importante a ponto de abandonar a assistência que dava ao seu pai.
O povo de Gibeá, ao saber da mensagem que lhe era trazida, se pôs a chorar: preferiam lamentar o perigo e triste destino dos seus irmãos em Jabes do que providenciar para ajudá-los - dar-lhes suas lágrimas mas não seu sangue. Eles choraram, desesperando de ajudar os de Jabes, e provavelmente receosos que o inimigo, tendo conquistado aquela cidade, avançasse até onde eles estavam. Eles também não confiavam no livramento do SENHOR.
Voltando Saul para a cidade, ouviu todo aquele choro e perguntou do que se tratava. Notemos sua compaixão pelo povo: como bom magistrado, ele sentia pelo povo quando ele chorava. Ao ser informado do que acontecia em Jabes Gileade, o Espírito de Deus se apossou dele e ele se irou, zeloso pela segurança e honra de Israel. 

A ira é uma emoção forte, mas é admissível quando dirigida contra a crueldade e injustiça. A ira de Saul o moveu a tornar providências para socorrer os habitantes de Jabes. Nós também podemos canalizar nossa ira contra o pecado e a perversidade construtivamente, dentro dos desígnios de Deus.
Fazendo uso da sua nova autoridade e poder, Saul mandou mensageiros por todo o reino, convocando o povo inteiro para a guerra contra os amonitas. Modestamente, ele incluiu o profeta Samuel na sua mensagem ao povo, talvez porque ainda não tinha confiança na obediência do povo somente a ele próprio. Também ameaçou destruir os rebanhos daqueles que não o atendessem: leis sem sanção de uma pena pelo não cumprimento, têm pouca força.
O povo realmente veio, mas foi porque caiu sobre eles o temor do SENHOR: tão solidários estavam que saíram como um só homem. A tribo de Judá é mencionada em separado, como acontece muitas vezes na Bíblia. 

Não só era a tribo maior (Números 1.20-46), e da qual sairia mais tarde a maioria dos reis de Israel (Gênesis 49.8-12), mas seria uma das poucas tribos para voltar-se para Deus após um século de cativeiro, e, principalmente, era a tribo de onde proviria o Messias, o Senhor Jesus (Miqueias 5.2).
Tudo aconteceu muito depressa, tanto que Saul pode mandar os mensageiros dos habitantes de Jabes de volta com a promessa que no dia seguinte o exército de Israel já estaria ali para livrá-los.
Os mensageiros deram o recado aos de Jabes, que se alegraram muito. Aos amonitas eles prometeram entregar a cidade no dia seguinte, contando já com a chegada, bem cedo, do exército israelita para não ter que cumprir a sua promessa. 

Saul preparou a estratégia da batalha: dividiu seu exército em três companhias e atacou os amonitas em uma tática de surpresa, no meio do seu arraial, na "vigília da manhã": era a última das três vigílias da noite (Lamentações 2.19; Juízes 7.19, Êxodo 14.24-27), nas primeiras horas da manhã. Eles foram pegos de surpresa, e sofreram tamanha derrota, que dentre os que escaparam não ficaram dois juntos, fugindo cada um por si.
Com esse episódio, Saul demonstrou sua habilidade como líder da nação, dando ao povo a certeza que haviam escolhido o homem que desejavam.
Imediatamente foram até Samuel, a quem ainda consideravam o sábio juiz, e propuseram executar aqueles que haviam posto dúvida na autoridade de Saul como rei.
Saul não havia antes dado ouvidos àqueles homens que o rejeitavam, e mesmo agora ele não permitiu que os rebeldes fossem mortos porque naquele dia o SENHOR havia salvo Israel. Saul demonstrou compaixão pelos seus adversários e humildade diante do SENHOR, a quem atribuiu a vitória daquele dia. Começou muito bem!
Saul havia sido ungido rei em Ramá (1 Samuel 10.1), a cidade de Samuel (1 Samuel 2.11; 1 Samuel 7.17); o povo o aclamou rei em Mispa (torre de vigia - 1 Samuel 10.17-27), o centro político-religioso da nação no tempo de Samuel, onde o povo era convocado para as grandes ocasiões (Josué 18.26; Juízes 20.1,3; Juízes 21.1,5; 1 Samuel 7.5-16).

 Esta vitória sobre os amonitas confirmou sua autoridade no entendimento do povo, e Samuel então convocou o povo para renovar a coroação de Saul em Gilgal (rolando), o lugar onde Samuel administrava justiça ao povo (1 Samuel 7.16), e onde ele havia passado a oferecer sacrifícios quando a arca fora removida do tabernáculo em Siló (1 Samuel 10.8; 1 Samuel 13.7-9).
Todo o povo foi a Gilgal e proclamaram a Saul seu rei perante o SENHOR a quem trouxeram ofertas pacíficas. As cerimônias envolveram uma confirmação do reino nas mãos de Saul e uma afirmação de compromisso do povo para com ele.
As instruções que dizem respeito às ofertas pacíficas se encontram em Levítico 3. Eram uma maneira do povo expressar a sua gratidão e ação de graças a Deus, simbolizando a paz que vem àqueles que 0 conhecem e vivem de acordo com os seus mandamentos. 

Embora Deus não quisesse que o povo tivesse um rei humano, o povo estava demonstrando através das suas ofertas que Ele ainda era o seu Soberano. Infelizmente, essa atitude não durou muito, conforme Deus já havia predito (1 Samuel 8.7-19).

Que Deus o abençoe!

O que é dele, é seu e o que é seu, é dele! #Novela Gênesis | Capítulo 61

  ( “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gênesis 2.24). Ser uma só carne ...