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Gênesis 32 - Jacó passa o vau de Jaboque e luta com o anjo





Uma das belíssimas, não menos importantes que tantas outras, passagens bíblicas situada no Livro do Gênesis, revela-nos a luta do Patriarca Jacó com o anjo. 

Vejamos cuidadosamente o texto em questão: “E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia. E, vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa; e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares. E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. E Jacó lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. Por isso, os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje, porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido”. (Gênesis 32.22-32).

Lendo esse texto, lembro-me de uma expressão valiosíssima de Ezra Pound que eleva a imagem da cena de qualquer escrita. Em se tratando mais ainda da Sagrada Escritura, cabe muito bem o seu dizer ao afirmar que “é melhor produzir uma imagem na vida do que obras volumosas”. Ou seja, ela está enfatizando a qualidade do texto e não a sua quantidade, o que é formidável. 

Depois, a luta de Jacó com o anjo representa o sinal do homem que deseja ardentemente a Revelação de Deus; uma verdadeira luta, cuja conquista é a visão. Jacó está lutando por uma visão de Deus. O episódio da luta de Jacó com o anjo significa afirmativamente a busca pelo conhecimento do Mistério da realidade; Uma busca pelo conhecimento do rosto secreto da realidade.

Deus, quando se revela, deixa na carne de Jacó uma ferida que é a marca de sua presença; um marco de Deus na história de Jacó. Após a luta, Deus muda a carne, o nome de Jacó que vai se chamar Israel. Portanto, Deus muda a natureza de Jacó. 

O poder de Deus é tão maravilhoso e majestoso que se afirma na mudança de seu servo Jacó, uma vez que vê o “sol sair” novamente sobre ele. Tão radical é a mudança que antes não percebia sequer o sol nascer em sua vida, agora a imagem do sol no texto quer dizer uma mudança de percepção. 

A luz de Deus passa a brilhar sobre a vida de seu servo.

O impressionante desse texto bíblico encerrado com a conquista de Jacó - “Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” (Gênesis 32.30b) - é sua capacidade de nos remontar ao Novo Testamento. 

Peguem pela memória. Quem não lembra as expressões: “gerados de novo” em 1Pedro 1.3-5

“Novo Nascimento” em João 3 com Nicodemos

“Nova criatura” em 1Corintios 5,17 com Paulo

São experiências equivalentes que nos mostram o desejo de mudança de vida, em contextos diferentes, pois nestes Deus é já verbo encarnado enviado pelo Pai para nos salvar. 

E, embora vendo Deus participar de suas vidas, a mudança ou a conversão é rejeitada por muitos. Infelizmente, é a experiência de inúmeros cristãos ainda hoje, após milênios do acontecimento Cristo em suas vidas, relutam em aceitar a Cristo como o Senhor de suas vidas.

Jacó, diga-se de passagem, é um destemido, pois, mesmo sem o Cristo histórico presente em sua vida, lutou incansavelmente em busca de um sinal para descobrir o rosto da realidade, o sentido das coisas, isto é, o rosto de Deus. 

A vida do homem, permitam-me dizer, consiste nesta luta para descobrir o rosto escondido da realidade. A luta de Jacó com o anjo é também a nossa luta para descobrir as inteligências por trás dos sentidos. As essências por trás das aparências. O uno por trás do múltiplo. A alma por trás do corpo. A graça por dentro da lei. A liberdade por dentro da necessidade. A verdade por trás da mentira. O bem ao invés do mal, a ética por trás da moral, enfim... 

A dignidade do homem está na tentativa de descobrir o mistério desconhecido; o homem anseia por uma revelação; “Qual o teu nome? Mostra-me o teu nome”; é a pergunta de Jacó. O anjo não se revela, mas o abençoa. A bênção é sinal da presença de Deus como também a transformação do nome de Jacó em Israel e a ferida na coxa.

Finalmente, o presente texto, assim como tantos outros da Bíblia, mostra evidentemente que a Revelação de Deus é mais uma vez um fato real, concreto e incontestável como uma ferida, sinal da presença de Deus. Qualquer coisa agora fazia perceber a presença de Deus que o teria alcançado e marcado naquela luta.

Deus te deu 24 horas no dia, então reserve um tempo para ele, e seja abençoado!

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Deus te abençoe!

Gênesis 29 - Esposas e Filhos de Jacó





AS ESPOSAS E FILHOS DE JACÓ

Jacó continuou sua viagem até enfim chegar a um poço num campo, onde os pastores de Harã levavam seus rebanhos para beber água (não era o mesmo poço onde o servo de Abraão encontrara Rebeca, que estava na entrada da cidade - capítulo Gênesis 24.11).
Havia uma grande pedra cobrindo a boca do poço, que precisava ser removida para tirar água, e colocada outra vez depois. Talvez para maior comodidade, os pastores esperavam até que todos os rebanhos estivessem ali, para abrir e fechar o poço uma vez só.
Eles lhe disseram de onde eram, e que conheciam seu tio Labão (que ele chamou de filho de Naor: era neto dele - capítulo Gênesis 24.15,29 - mas na linguagem daquele tempo filho eqüivalia também a descendente), e que sua filha Raquel estava chegando com as ovelhas de seu pai.
Jacó quis que eles dessem logo água às suas ovelhas e fossem embora, talvez para assim poder falar a sós com sua prima. Mas eles insistiram em esperar, conforme seu costume.
Raquel (que significa ovelha) chegou logo a seguir, e, ao vê-la e ao rebanho que conduzia, Jacó apressou-se em tirar a pedra do poço ele próprio, e a dar de beber ao rebanho do seu tio: uma cortesia para começar bem seu relacionamento.
A seguir, Jacó beijou Raquel, uma saudação própria para parentes chegados, e chorou de emoção: sua viagem chegara ao fim de uma maneira tão feliz! Ele então explicou quem era, e ela partiu correndo para contar ao seu pai.
Labão também correu ao encontro de Jacó quando soube, abraçou-o, beijou-o, e o levou para casa. Foi uma recepção das mais carinhosas, e, ao ouvir sobre sua experiência no caminho, Labão declarou "de fato, és meu osso e minha carne", expressão usada naquele tempo nos rituais de adoção.
Durante um mês Jacó ficou com Labão, na condição de hóspede. Foi o tempo necessário para se recuperar da viagem longa que havia feito, adaptar-se ao ambiente, conhecer melhor seus parentes (especialmente suas primas), e se fazer conhecido por eles.
Sem dúvida Jacó não ficou ocioso, mas ajudava especialmente naquilo que gostava mais: o pastoreio. Seu tio propôs contratá-lo, pagando pelos seus serviços. Jacó aparentemente havia chegado com suas mãos vazias (não lemos que ele tenha dado algum presente ao chegar, ao contrário do servo de Abraão). 

É curioso lembrar que Labão devia estar com uns 120 anos de idade, e embora não saibamos a idade de suas filhas nesta ocasião, é improvável que fossem muito novas. Jacó estava com uns 75 anos.
O segundo objetivo de Jacó ao ir para lá era obter para si uma esposa das filhas de Labão (Gênesis 28.2); após essa convivência, Jacó amava a mais nova, e mais bonita, Raquel. Ele queria casar com ela, mas não tinha com que pagar o dote que, conforme os costumes da época, deveria ser pago à família, em compensação pela perda dela.
Para resolver o problema, ele propôs trabalhar por sete anos para Labão como pagamento por ela. Labão aceitou a proposta: o casamento se faria ao se completarem os sete anos de trabalho. Era tal o amor de Jacó que os sete anos lhe pareceram como sete dias!
Mas, terminados os sete anos, Labão o enganou dando-lhe a mais velha Lia ao invés de Raquel, o que Jacó só veio a descobrir depois de consumado o casamento. Como Jacó queria mesmo Raquel, ele foi obrigado a trabalhar mais sete anos por ela. Assim o suplantador foi por sua vez enganado.
Desta vez, para "adoçar a pílula", Labão concordou que o casamento se fizesse em antecipação aos sete anos de trabalho, logo após a semana de lua de mel com Lia. Labão também deu uma serva para cada uma de suas filhas: como Hagar, elas eram escravas para servirem suas filhas em tudo, mesmo para lhes darem filhos através de Jacó se suas senhoras assim o desejassem.
Apesar de ter sido logrado por Labão, Jacó manteve sua parte do contrato e trabalhou para ele por mais sete anos sem nada receber além de Raquel. Durante esse tempo, sua família aumentou com os filhos que vieram, e o relato bíblico é bem detalhado a respeito das circunstâncias mediante as quais as servas também deram filhos a Jacó. Em resumo, os filhos foram:
De sua primeira esposa Lia:
  1. Rúben (que significa eis um filho)
  2. Simeão (escuta)
  3. Levi (apego)
  4. Judá (louvor)
  5. Issacar (alugado, ou recompensa)
  6. Zebulon (habitação
Também Lia lhe deu uma filha que foi chamada Diná (justificada).
Da sua serva Zilpa:
  1. Gade (boa sorte)
  2. Aser (feliz)
De sua segunda esposa Raquel:
  1. José (Ele tirou, ou possa Ele acrescentar)
  2. Mais tarde Raquel teve outro filho, Benjamim (filho da minha mão direita): ela morreu no parto.
Da sua serva Bila:
  1.  (justiça)
  2. Naftali (luta)
Na antiguidade a mãe escolhia os nomes de seus filhos, muitas vezes em função da situação em que ocorria o nascimento, como vemos acima. Às vezes, seu nome era mudado mais tarde para refletir alguma característica especial daquela pessoa. Deus mesmo modificou os nomes de alguns, como já vimos no caso de Abraão e no de Sarai.
Também Jacó (suplantador) teve seu nome mudado mais tarde para Israel (príncipe com Deus). Ambos os nomes são usados para a nação que dele procedeu: Jacó é o nome usado nas profecias para indicar a descendência natural, física, de Abraão, Isaque e Jacó; Israel é usado para o seu aspecto espiritual, em seu relacionamento com Deus (Isaías 9:8).
Jacó em Harã é uma figura profética do que viria acontecer séculos mais tarde com a nação que dele descenderia:
  • estava exilado, fora da terra prometida
  • não tinha altar (Oséias 3.4-5)
  • recebeu um nome mau, e má fama (Gênesis 31.1, Romanos 2.17-24)
  • mas estava debaixo da proteção do SENHOR, por causa da promessa (Gênesis 28.15, Romanos 11.28-29)
  • e foi trazido novamente à sua terra (Gênesis 31.3, Gênesis 35.1-4, Ezequiel 37.21-28).
Jacó não foi abandonado, mas teve que colher o fruto do mal que havia semeado em seu lar.

Deus te deu 24 horas no dia, então reserve um tempo para ele, e seja abençoado!

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Deus te abençoe!

O que é dele, é seu e o que é seu, é dele! #Novela Gênesis | Capítulo 61

  ( “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gênesis 2.24). Ser uma só carne ...