Absalão usurpa
o trono em Jerusalém
Absalão
entrou com os seus homens em Jerusalém, que havia sido desocupada pelo seu pai,
o rei Davi. Também estava com ele Aitofel, o conselheiro de Davi que se tornara
traidor.
Em
Jerusalém veio a ele Husai, amigo de Davi, saudando-o como se o aceitasse como
novo rei. Absalão ficou surpreso, mas ficou satisfeito com a explicação que
Husai ofereceu para sua mudança de lealdade, ou seja, que ele era fiel ao homem
a quem Deus e o povo haviam escolhido (que era Davi, mas Absalão pensou que se
referia a ele próprio). O resto da declaração de Husai também era ambígua mas
Absalão não percebeu.
A primeira
providência que Aitofel recomendou foi que Absalão coabitasse com as concubinas
de Davi à vista de todo o povo. Esta torpeza já havia sido prevista pelo
profeta Natã (2 Samuel
12.11 ''Assim diz o
SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas
mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com
tuas mulheres perante este sol.'' ), completando-se assim a profecia que
ele havia feito sobre as conseqüências do pecado de Davi contra Urias.
Coabitar
com uma concubina real podia ser interpretado como um insulto, uma declaração
de igualdade ao rei, um ato de traição, ou mesmo uma reivindicação ao trono.
Aqui Absalão publicava que tudo o que era do rei Davi agora pertencia a ele.
A
confiança de Davi e agora de Absalão na sabedoria dos conselhos de Aitofel era
tão grande que era como se Deus estivesse falando através dele - mas ele não
era profeta de Deus.
Davi havia orado a Deus para que o conselho de Aitofel
fosse confundido (2 Samuel
15.31 ''Então fizeram
saber a Davi, dizendo: Também Aitofel está entre os que se conjuraram com
Absalão. Pelo que disse Davi: O SENHOR, peço-te que torne em loucura o conselho
de Aitofel.'' ), e foi isso o que aconteceu no seu
próximo conselho a Absalão.
Aitofel
aconselhou Absalão a permitir que ele reunisse um exército de doze mil homens
para perseguir Davi naquela mesma noite, aproveitando-se da desvantagem em que
ele se encontrava com o cansaço da retirada. Davi não teria tempo para
organizar a sua defesa, seus homens debandariam, e ele seria facilmente
apanhado e morto por Aitofel, deixando de ser um empecilho ao reinado de
Absalão. Absalão e todos os anciãos de Israel gostaram da proposta, mas Absalão
quis primeiro ter a confirmação de Husai.
Husai
declarou que a estratégia de Aitofel seria desastrosa, porque Davi era um homem
de guerra e não passaria a noite com o povo; sem dúvida já prevendo uma
perseguição ele teria colocado emboscadas pelo caminho e estaria ele próprio de
espreita escondido nalguma cova ou em qualquer outro lugar com seus homens. Ele
dispunha de homens valorosos e hábeis na batalha que poderiam dizimar o
exército de Aitofel, provocando uma derrota que seria o fim do reinado de
Absalão.
O conselho
de Husai foi que Absalão convocasse todo o povo (com isso ele significava os
homens que podiam ir à batalha) para formar um exército poderoso, e que o
próprio Absalão dirigisse esse exército formidável para esmagar Davi e todos os
seus homens.
Absalão
gostou da idéia, decerto porque apelava à sua vaidade: ele teria as honras da
vitória do seu exército; os demais homens de Israel também gostaram, decerto
porque iriam em número muito maior, o que lhes daria mais probabilidade de
vencer. Mas foi o SENHOR que ordenara que fosse dissipado o bom conselho de
Aitofel, para que o mal sobreviesse contra Absalão.
Husai
contou aos sacerdotes Zadoque e a Abiatar o que havia acontecido, e mandou que
avisassem a Davi que não permanecesse nos vaus do deserto, mas que passasse
imediatamente para o outro lado do rio Jordão para que ele e todo o povo que
com ele estava não fosse destruído. Davi provavelmente não imaginava que
Absalão chegasse a promover uma guerra contra ele.
Zadoque e
Abiatar enviaram essa mensagem a Davi usando seus filhos Jônatas e Aimaás, que
quase foram apanhados por uma patrulha de Absalão, mas escaparam depois de
serem escondidos em um poço por uma mulher.
Davi
imediatamente durante a noite atravessou o Jordão com o povo que estava com
ele, e continuou até a cidade de Maanaim.
Aitofel,
humilhado porque o seu conselho não havia sido aceito, retirou-se para a sua
cidade, acertou seus negócios e suicidou-se (2 Samuel
17.23 ''Vendo,
pois, Aitofel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e
levantou-se, e foi para sua casa e para a sua cidade, e deu ordem à sua casa, e
se enforcou e morreu, e foi sepultado na sepultura de seu pai.'' ). Novamente foi como Judas
Iscariote fez mais tarde.
Absalão
persegue e entra em combate contra Davi
Reunindo o
seu exército formidável, Absalão o pôs em marcha para destruir Davi e os seus
homens, atravessou o rio Jordão e acampou na terra de Gileade.
Ao que se saiba,
Absalão não tinha experiência de guerra, portanto nomeou como general o seu
primo Amasa (a mãe de Amasa, Abigail, era meio-irmã de Davi), filho de certo
homem chamado Itra, um ismaelita (2 Samuel
17.25 ''E
Absalão constituiu a Amasa em lugar de Joabe sobre o arraial; e era Amasa filho
de um homem cujo nome era Itra, o israelita, o qual possuíra a Abigail, filha
de Naás, irmã de Zeruia, mãe de Joabe.'' ).
Davi foi
bem recebido, com o seu povo, em Maanaim, onde foi presenteado com provisões de
trigo, cevada, farinha, grãos torrados, favas e lentilhas, mel, coalhada,
ovelhas e queijos por Sobi, filho de Naás, de Rabá, dos filhos de Amom, e
Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e Barzilai, o gileadita, de Rogelim.
Maquir foi o mesmo que havia cuidado de Mefibosete, filho de Saul, antes do rei
Davi acolhê-lo em sua própria casa (2
Samuel 9.4 ''E
disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em casa de
Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.'' ).
O
adiamento do combate, conseguido mediante o conselho dado a Absalão por Husai,
permitiu a Davi e aos seus homens descansarem e organizarem-se para a batalha.
Davi os contou e nomeou capitães de mil e capitães de cem para os comandar, e
dividiu o exército em três divisões iguais, comandados por seus generais: seus
sobrinhos os irmãos Joabe e Abisai, e Itai o geteu (filisteu), assim
recompensado por sua fidelidade. Eram militares veteranos, já bem provados junto
com Davi em guerras anteriores.
Davi quis
combater com eles, mas foi persuadido a ficar na cidade, porque o motivo da
batalha era a sua pessoa, e se ele morresse toda a causa estaria perdida. Seria
melhor que ele desse o seu apoio ao exército a partir da cidade.
A grande
preocupação de Davi era a segurança do seu filho rebelde, e agora o seu maior
inimigo, Absalão. Ele recomendou aos seus generais que, por amor dele próprio,
tratassem com brandura esse seu filho. Todo o povo ouviu
(2 Samuel
18.5 ''E o rei
deu ordem a Joabe, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Brandamente tratai, por amor
de mim, ao jovem Absalão. E todo o povo ouviu quando o rei deu ordem a todos os
capitães acerca de Absalão.'' ).
A batalha
Havia uma
grande floresta ao leste do rio Jordão, da qual fazia parte o bosque de Efraim,
nas proximidades de Maanaim. Para alcançar Maanaim, o exército de Absalão tinha
que atravessar essa floresta, e foi ali que o exército de Davi foi enfrentá-lo.
Embora o
exército de Absalão fosse muito superior em número, a pouca experiência dos
seus combatentes e os obstáculos que a floresta apresentava fez com que fossem
derrotados, com a perda de vinte mil homens ( 2 Samuel
18.7 ''E ali
foi ferido o povo de Israel, diante dos servos de Davi; e naquele mesmo dia
houve ali uma grande derrota de vinte mil.'' ).
O bosque
de Efraim, naquele dia, consumiu mais gente do que a espada (2 Samuel
18.8 ''Porque
ali se derramou a batalha sobre a face de toda aquela terra; e foram mais os do
povo que o bosque consumiu do que os que a espada consumiu naquele dia.'' ).
Absalão
deu de encontro com alguns dos soldados de Davi e num movimento precipitado
ficou preso pela cabeça nos ramos espessos de um carvalho enquanto o mulo em
que montava escapou de debaixo dele, deixando-o pendurado (2 Samuel 18.9 ''E Absalão se encontrou com os
servos de Davi; e Absalão ia montado num mulo; e, entrando o mulo debaixo dos
espessos ramos de um grande carvalho, pegou-se-lhe a cabeça no carvalho, e
ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo, que estava debaixo dele,
passou adiante.'' ).
Os
soldados não tocaram nele, por causa das instrurções que o rei havia dado, mas
um deles foi avisar Joabe (
2 Samuel 18.10 ''O que
vendo um homem, fez saber a Joabe, e disse: Eis que vi a Absalão pendurado num
carvalho.'' ).
Joabe se
indignou porque eles não haviam matado Absalão, foi para lá ele próprio e os
dez mancebos que levavam as armas de Joabe os matou (2 Samuel
18.14-15 ''Então
disse Joabe: Não me demorarei assim contigo aqui. E tomou três dardos, e
traspassou com eles o coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do
carvalho. E o cercavam dez moços, que levaram as armas de Joabe. E feriram
a Absalão, e o mataram.'' ).
Em seguida
suspendeu a batalha e os homens de Absalão que haviam sobrevivido fugiram para
suas casas (2 Samuel
18.16-17c '' 16
- Então tocou Joabe a buzina,
e voltou o povo de perseguir a Israel, porque Joabe deteve o povo. 17c e todo o Israel fugiu, cada
um para a sua tenda.'' ).
O corpo de
Absalão foi lançado em uma grande cova e levantaram sobre ele um grande montão
de pedras (2 Samuel 18.17 ''E tomaram a Absalão, e o lançaram
no bosque, numa grande cova, e levantaram sobre ele um mui grande montão de
pedras;...'' ).
Mas Davi
se lamentou amargamente pela morte de Absalão
(2 Samuel
18.33 ''Então o
rei se perturbou, e subiu à sala que estava por cima da porta, e chorou; e
andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho, Absalão! Quem me
dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!'' ).
Na próxima postagem um resumo do capítulo de 2 Samuel 18.19 ao 33 '' Davi, sabendo da morte de Absalão, chora amargamente''.
Que Deus te Abençoe!
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