Introdução:
Ao
ler o capítulo 8 de I Samuel, lembro-me de uma divertida série de
acontecimentos na vida de Jacó, descrita em Gênesis 30 e 31. Jacó foge para
Padã-Harã, em parte para procurar uma esposa entre seus parentes, e em parte
para fugir da raiva de seu irmão, Esaú.
Ele não tem dinheiro para pagar o dote
por uma esposa, por isso, acaba trabalhando para Labão, seu sogro, durante 14
anos, em pagamento do dote de suas duas esposas, Lia e Raquel. Depois de
cumprir 14 anos de serviço, eles negociam um novo “acordo”, estipulando um
salário pelos próximos serviços de Jacó. Eles combinam que este salário será
composto de todas as cabras listradas, malhadas e salpicadas, e de todos os
cordeiros negros. O acordo terá início com um rebanho de tais animais retirado
do gado de Labão.
Jacó
não se contenta com os poucos exemplares que nascerão dessas cabras ou
cordeiros; assim, ele inicia uma manobra que tornará suas chances mais
favoráveis. O processo todo se baseia na premissa de que a cor dos descendentes
do rebanho de Labão possa ser influenciada pelo ambiente onde forem concebidos
e criados. Assim, ele se ocupa descascando varas. Removendo a casca em linhas
abertas, a brancura das varas é exposta. As varas descascadas são depois
colocadas nos lugares onde os rebanhos pastam, bebem e procriam.
Parece
realmente funcionar! Os rebanhos de Jacó estão crescendo, enquanto os de Labão
não. Jacó trabalha cada vez mais em seu projeto, sempre com sucesso. Ele parece
sinceramente crer que Deus esteja abençoando seus esforços “de descascar
varas”. Labão e seus filhos percebem, e não gostam nada disso. Jacó ouve os
comentários e vê a raiva dos filhos de Labão.
Deus lhe diz para deixar
Padã-Harã e voltar à terra de seus pais. Ao tentar convencer suas esposas de
que devem deixar o lugar, Jacó lhes conta o sonho que teve. No sonho, ele vê um
rebanho de cabras na época do acasalamento e percebe que os machos são
listrados, malhados e salpicados. O anjo de Deus chama sua atenção, dizendo-lhe
que foi Ele quem o fez ser bem sucedido com seus rebanhos.
Fico
me perguntando quanto tempo leva para isto ficar claro para Jacó. A
prosperidade de seus rebanhos nada tem a ver com as varas que ele descascou e
cuidadosamente colocou para que os animais concebessem e procriassem. As crias
dos rebanhos de Labão são listradas, malhadas e salpicadas porque Deus fez
com que os machos listrados, malhados e salpicados acasalassem.
A prosperidade
de Jacó não é fruto de suas mãos; na verdade, todo o seu descascamento de varas
foi pura perda de tempo. Jacó prospera porque Deus o faz prosperar, e Ele o faz
induzindo os machos listrados, malhados e salpicados a acasalar mais do que os
outros.
Não
é de admirar que Deus mude o nome de Jacó para Israel. Este homem, Jacó, está
prestes a se tornar um dos pais da nação de Israel. Mais do que isto, Israel,
xará de Jacó, demonstrará ser exatamente como seu antepassado. Eles também
tentarão experimentar diversas formas de “descascamento de varas”, na tentativa
de manipular as bênçãos de Deus e ser bem sucedidos.
Nos
primeiros capítulos de I Samuel, os israelitas acham que podem empregar a Arca
de Deus como “descascador de varas”. Depois de serem derrotados pelos
filisteus, eles tomam a Arca e a levam junto com eles para a batalha, certos de
que ela lhes dará a vitória. Como sabemos isto não acontece.
Agora, no capítulo
8, não é na Arca, mas num rei que os israelitas depositarão sua confiança e
esperança. Seu desejo por um rei nada mais é do que outro capítulo de uma longa
história de “descascamento de varas”. Vamos prestar atenção às mudanças
importantes que este capítulo traz à história de Israel, ansiosos para entender
as lições que eles demoraram tanto para aprender.
Observações
Importantes:
Antes
de iniciarmos nossa exposição de I Samuel 8, algumas observações muito
importantes devem ser feitas, tendo em vista que afetam consideravelmente a
maneira de entendermos e aplicarmos nosso texto.
Primeiro, Deus Se faz rei de Israel no Êxodo. Quando Deus liberta os israelitas do
cativeiro egípcio e lhes dá a Sua lei, Ele estabelece a Si mesmo como rei de
Israel. A disputa com faraó, na realidade, é entre um Rei e outro. Só depois de
atravessarem o Mar Vermelho é que os israelitas percebem o fato, expressando-o
num hino de louvor:
“Sobre eles cai espanto e pavor; pela grandeza do
teu braço, emudecem como pedra; até que passe o teu povo, ó SENHOR, até que
passe o povo que adquiriste. Tu o introduzirás e o plantarás no monte da tua
herança, no lugar que aparelhaste, ó SENHOR, para a tua habitação, no
santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram. O SENHOR reinará por
todo o sempre.” (Êxodo 15.16-18, ênfase minha)
Deus
é o Único que promete “ir adiante” (e depois) de Seu povo, como faria um
rei (Êxodo 23.23 ''Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará
aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus;
e eu os destruirei.'');
(Isaías 45.2 ''Eu
irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas
de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.''),
(Isaías 52.12 ''Porque
vós não saireis apressadamente, nem ireis fugindo; porque o SENHOR irá diante
de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.'').
Estudiosos
do Velho Testamento observaram que a outorga da Lei, firmando o pacto entre
Deus e Israel de Êxodo a Deuteronômio, segue a mesma forma dos tratados ou
pactos feitos entre os reis daquela época e seus súditos. O povo daquele tempo
reconheceria imediatamente a implicação - que Deus estava firmando as bases da
aliança para o Seu governo como rei de Israel. Isto é claramente indicado em
outros lugares.
“Esta é a bênção que Moisés, homem de Deus, deu aos
filhos de Israel, antes da sua morte. Disse, pois: O SENHOR veio do Sinai e
lhes alvoreceu de Seir, resplandeceu desde o monte Parã; e veio das miríades de
santos; à sua direita, havia para eles o fogo da lei. Na verdade, amas os
povos; todos os teus santos estão na tua mão; eles se colocam a teus
pés e aprendem das tuas palavras. Moisés nos prescreveu a lei por herança da
congregação de Jacó. E o SENHOR se tornou rei ao seu povo amado, quando se
congregaram os cabeças do povo com as tribos de Israel.” (Deuteronômio
33.1-5, ênfase minha; Êxodo 19.3-6; Levítico 20.26; Levítico25.23)
No
Salmo 74, Asafe considera os feitos de Deus durante o êxodo como evidências de
que Ele é o Rei de Israel:
“Ora, Deus, meu Rei, é desde a antiguidade; ele é
quem opera feitos salvadores no meio da terra. Tu, com o teu poder, dividiste o
mar; esmagaste sobre as águas a cabeça dos monstros marinhos. Tu espedaçaste as
cabeças do crocodilo e o deste por alimento às alimárias do deserto. Tu abriste
fontes e ribeiros; secaste rios caudalosos.” (Salmos 74.12-15).
Segundo, depois de libertar os israelitas do
cativeiro egípcio, Deus os prepara para o fato de que terão um rei. Em Gênesis 49.8-12, fica claro que um descendente
de Judá governará sobre Israel. Na profecia de Balaão em Números 24.15-19, uma
predição semelhante fala de um dos descendentes de Jacó governando e derrotando
os inimigos do povo de Deus.
Em Deuteronômio 17.14-20 Deus indica que haverá
uma época em que Israel pedirá um rei. Mais tarde, mais coisas serão ditas a
respeito desta profecia, no entanto, deve ser salientado que aqui, em I
Samuel 8, é seu cumprimento literal.
Terceiro, esta é a primeira das três vezes em I
Samuel que Deus fala aos israelitas por meio de Samuel sobre o perigo de
exigirem um rei (ver também 1 Samuel 10.17-19;
1 Samuel 12.6-18). O capítulo 8 é a primeira narrativa da exigência de um rei
feita por Israel, das respostas de Samuel e de Deus, e da advertência de Samuel
ao povo.
Contudo, vamos nos lembrar de que este assunto será retomado nos
capítulos 10 e 12. Para entendermos I Samuel 8, precisamos estudá-lo à luz
dos capítulos 10 e 12.
Quarto, a ênfase do capítulo 8 não está no perigo
da rejeição de Israel a Deus e sua idolatria (embora isto seja mostrado); a
ênfase recai sobre os altos custos de um rei (1 Samuel 8.10-18). O “princípio da
proporcionalidade” é sempre uma dica importante para o significado e interpretação
de um texto. Em nosso capítulo, sabemos que a exigência de Israel por um rei é
idolatria, idolatria do mesmo tipo que Israel vem praticando desde o (Êxodo
8.7-9).
Sabemos que quando Samuel fala ao povo, ele lhes diz “todas as palavras
de Deus” (1 Samuel 8.10), mas o que está escrito e preservado para nós é o
conteúdo dos versos 10-18, que é uma descrição detalhada dos custos de um
reino. O custo de um reino é a ênfase das palavras de Samuel neste capítulo.
Quinto, a exigência por um rei não vem apenas dos
anciãos de Israel (verso 4), mas de todo o povo (1 Samuel 8.7, 10, 19, 21-22). À primeira vista,
parece que apenas os anciãos estejam exigindo um rei. À medida que o capítulo
se desenrola, fica bem claro que todo o povo de Israel está por trás do
movimento. Para mim, isto indica que Israel está funcionando mais ou menos como
uma democracia. Seus anciãos são mais representantes do que líderes do povo.
Sexto, repare que, conforme passamos do capítulo 7
para o capítulo 8, passamos do início do “governo” de Samuel como juiz no
capítulo 7 para um aparente “final” de seu governo no capítulo 8. Grande parte de seu ministério é ignorada em I
Samuel. Talvez seja porque o autor quer que vejamos mais claramente o contraste
entre a maneira como seu “governo” começou e a maneira como o povo quer que
termine. Samuel, na verdade, é o último de uma geração em extinção - os juízes.
No entanto, vamos relembrar o que o autor do livro de Juízes diz no início de
sua obra:
“Suscitou o SENHOR juízes, que os livraram da mão
dos que os pilharam. Contudo, não obedeceram aos seus juízes; antes, se
prostituíram após outros deuses e os adoraram. Depressa se desviaram do caminho
por onde andaram seus pais na obediência dos mandamentos do SENHOR; e não
fizeram como eles. Quando o SENHOR lhes suscitava juízes, o SENHOR era com o
juiz e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz;
porquanto o SENHOR se compadecia deles ante os seus gemidos, por causa dos que
os apertavam e oprimiam. Sucedia, porém, que, falecendo o juiz, reincidiam
e se tornavam piores do que seus pais, seguindo após outros deuses, servindo-os
e adorando-os eles; nada deixavam das suas obras, nem da obstinação dos seus
caminhos.” (Juízes 2.16-19, ênfase minha)
O
que me fascina é que “nos bons tempos” dos juízes, o povo de Deus seguia o
Senhor durante toda a vida do juiz. Só depois que o juiz morresse é que Israel
se afastava de Deus e se corrompia. Mas no caso de Samuel, ele ainda não está
morto. Simplesmente está velho e parcialmente aposentado. E eles já estão
ansiosos para se verem livres dele. É impressionante.
Sétimo, de forma alguma nosso texto sugere que
Samuel seja outro Eli, um líder fraco e patético. Em toda a história de Israel não houve nenhum juiz
mais importante do que Samuel. Com frequência, ele fala da parte de Deus ao
povo. Não há registro de nenhuma profecia de Eli.
Na verdade, ele recebe suas
revelações em segunda-mão (1 Samuel 2.27-36; 1 Samuel 3.1-18). Samuel é um
grande homem de oração (1 Samuel 7.5; 1 Samuel 8.6 e 21; 1 Samuel 15.11). Não
lemos orações de Eli. Samuel é um líder decisivo, que age quando Saul não o faz
(1 Samuel 15.32-33).
Eli não poderia ser chamado de decisivo, e alguns
talvez nem mesmo o chamem de líder. Samuel é de grande valia na derrota militar
dos filisteus (1 Samuel 7.13), mas Eli é associado a um período de derrota
militar (compare 1 Samuel 4.9 e 1 Samuel 7.13-14).
Samuel é um homem de grande
integridade pessoal (1 Samuel 12.1-5), enquanto o mesmo não pode ser dito de
Eli, que parece ter engordado com a carne mal adquirida de seus filhos (1
Samuel 2.29). A morte de Samuel é ocasião de luto nacional (1 Samuel 25.1; 1
Samuel 28.3), mas não é assim com a morte de Eli (1 Samuel 4.12-22). Vamos
deixar que as próprias Escrituras façam um resumo da vida de Samuel:
“Nunca, pois, se celebrou tal Páscoa em Israel,
desde os dias do profeta Samuel; e nenhum dos reis de Israel celebrou tal
Páscoa, como a que celebrou Josias com os sacerdotes e levitas, e todo o Judá e
Israel, que se acharam ali, e os habitantes de Jerusalém.” (II Crônicos 35.18)
“Moisés e Arão, entre os seus sacerdotes, e,
Samuel, entre os que lhe invocam o nome, clamavam ao SENHOR, e ele os ouvia.” (Salmos
99.6)
“Disse-me,
porém, o SENHOR: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu
coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de mim, e saiam.”
(Jeremias 15.1)
“E
que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há
a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos
profetas,” (Hebreus 11.32)
O
fato puro e simples é que Samuel é o maior juiz de todos os tempos. Durante o
período de seu serviço, Israel alcança um de seus “pontos espirituais mais
altos”.
Oitavo, os motivos dos israelitas quererem um rei
nos versos 1-4 não nos contam toda a história, que é revelada conforme os
acontecimentos dos capítulos seguintes vão sendo descritos. Não
é somente a idade de Samuel e a corrupção de seus filhos que fazem os
israelitas exigirem um rei.
De acordo com o capítulo 12, ficamos sabendo que a
ameaça militar feita por Naás, o rei de Amom, talvez seja a razão principal
para eles desejarem um rei. A Arca de Deus está fora de serviço, Samuel em
breve também estará, e os israelitas querem um rei em quem possam depositar sua
confiança.
Dá-nos
um Rei! (1 Samuel 8.1-5)
A
maior parte da vida e do ministério de Samuel é ignorada até o capítulo 8, onde
o encontramos já avançado em idade, talvez ansiando por sua aposentadoria. Seus
dois filhos são constituídos por ele como juízes “sobre Israel”,
estabelecidos na cidade fronteira de Berseba. Não creio que Samuel tenha
nomeado seus filhos como seus substitutos, nem que ele o faça. Samuel não é
apenas sacerdote e juiz, ele é também profeta.
Não temos nenhuma indicação de
que Deus, por isso, tenha capacitado seus filhos; assim, como um ou ambos
poderia ocupar o lugar de seu pai? Como os outros anciãos e líderes da nação,
eles podem ser juízes. No entanto, a esfera de seu ministério e autoridade é
limitada e, quando fica patente que eles são corruptos, a inferência talvez
seja de que Samuel resolva a questão. Nada mais é dito sobre sua corrupção ou
ministério.
No capítulo 12, Samuel fala de seus filhos como estando junto ao
povo (verso 2). Ele afirma não ter cometido nenhuma injustiça e não ser culpado
de corrupção, um fato que o povo confirma. Como ele poderia falar deste modo se
não tivesse tratado da corrupção de seus próprios filhos? Seus dois filhos não
são piedosos como o pai; eles não “andam nos seus caminhos”.
No
entanto, as coisas não são como parecem ou como os anciãos as apresentam. Eles
parecem sugerir que Samuel esteja “praticamente morto”, que sua liderança
esteja no fim. Não é bem isto que nosso texto mostra. Ele ainda tem muitos anos
de ministério pela frente. Creio que podemos dizer com segurança que os anos em
que Samuel conduz a nação depois do capítulo 8 sejam mais importantes do que
anos anteriores (os anos que o autor preferiu não incluir nesta narrativa).
Além do mais, a ameaça que seus filhos representam é exagerada. Seus filhos não
são seus substitutos, e eles não têm um papel importante a desempenhar no
futuro da nação. Não creio que os anciãos ou o povo estejam tão preocupados com
os líderes que vêem diante deles quanto com os líderes desconhecidos que não
podem ver. Quem irá conduzir o povo depois de Samuel? Eles querem um homem em
seu lugar. Por isso, eles exigem - não pedem - um rei como o de outras nações.
De
qualquer forma, a solução proposta pelos anciãos é absurda. Pense na loucura de
sua lógica, que é mais ou menos esta:
“Samuel,
você está ficando velho e seus filhos (que, com certeza, ficarão em seu lugar)
são corruptos. Não podemos ter um futuro brilhante se nossos líderes forem
corruptos. Vamos estabelecer uma ordem inteiramente nova e ter um rei, como as
outras nações. Deixe que ele nos julgue. E que haja uma dinastia, a fim de que
seus filhos governem em seu lugar após sua morte.”
O
papel de Samuel como juiz não é uma dinastia. Deus levantou os juízes; Ele não
criou uma dinastia de juízes, cujos filhos os substituam. Se os filhos de
Samuel são corruptos, eles podem ser afastados, como de fato o são. No entanto,
propor uma dinastia é pedir um sistema onde os filhos do rei governem em seu
lugar, quer sejam ímpios ou justos. A emenda é pior do que o soneto!
Parece
que os anciãos e a nação não estejam buscando uma mudança radical, mas apenas
recomendando uma limpeza do sistema atual, um “ajuste” administrativo. Eles
querem justiça. Querem um juiz que decida suas questões legais. Querem
simplesmente um rei como juiz em vez de um juiz como Samuel. Parece bom, mas,
de forma alguma, é uma simples mudança.
Eles querem uma reforma total do
sistema de justiça de Israel. Querem se livrar do sistema de juízes e ser
governados e julgados da mesma maneira que as nações ao seu redor. Não querem
ser uma nação distinta, separada das outras nações. Eles não estão simplesmente
tentando demitir Samuel como seu juiz; estão procurando demitir Deus como seu
rei. Deus deixa isto bem claro nos versos seguintes.
As
Respostas de Samuel e de Deus (1 Samuel 8.6-9)
Samuel
não fica nada satisfeito com a proposta dos anciãos. Embora seja verdade que
eles estejam procurando substituí-lo, não creio que seu desagrado seja porque
leve isto de forma pessoal e esteja na defensiva. Literalmente, o texto nos diz
que isto é “mal à vista de Samuel”. Em termos bem simples, Samuel sabe
que o pedido é errado e que é pecado.
Além
do mais, sua resposta confirma seu caráter piedoso. Ele não explode, despejando
raiva e indignação sobre os anciãos. Ele se achega a Deus em oração, como sempre
faz. A resposta de Deus à oração de Samuel confirma sua avaliação da situação,
com um novo ângulo. Samuel está sendo rejeitado pelo povo; há poucas dúvidas de
que isto seja verdade.
Como um homem piedoso, talvez ele se torture achando que
seja devido a alguma falha de sua parte. Deus lhe diz que, no fim das contas, é
Ele e não Samuel quem está sendo rejeitado. A rejeição de Deus por Israel
certamente não é culpa de Deus; por que, então, Samuel deveria se torturar com
sua própria rejeição? Se Samuel está sendo rejeitado pelas mesmas razões que
Deus está, ele deveria, então, tomar isto como elogio.
Conforme
observado anteriormente, Deus se faz Rei de Israel na época do êxodo. Agora,
Deus relembra Samuel de que a rejeição atual de Israel não é algo novo, mas
apenas outro episódio de uma série sucessiva que teve início no êxodo (verso
8). Esta rejeição de Deus por um rei “como o de outras nações”
nada mais é do que idolatria.
O que realmente eles querem é um rei que seja seu
”deus”, uma questão que será retomada com mais inteireza posteriormente. Após
mostrar a origem do problema, Deus diz a Samuel para atender o povo e ceder à
sua pressão (verso 9a.). Embora Samuel deva conceder ao povo o seu pedido, ele
também deve lhes mostrar o “direito” do rei que “reinará sobre eles”
(verso 9b).
O
Costume (Custo) de um Rei (1 Samuel 8.10-18)
As
palavras registradas nos versos 10-18 não são a soma de tudo o que Samuel diz
ao povo nesta ocasião. Elas são o que autor desejou enfatizar para nós,
leitores. O verso 10 indica que Samuel “falou todas as palavras do
Senhor ao povo que lhe pedira um rei”.
Samuel, portanto, diz ao
povo aquilo que Deus lhe diz nos versos 7-9, e talvez ainda outras palavras
ditas por Deus e que não foram registradas no texto. Mas o autor quer que nos
concentremos nas palavras dos versos 10-18. Elas parecem ser a essência do
texto - ou, pelo menos, uma parte significativa da mensagem de Samuel aos
israelitas que exigem um rei.
Nosso
Senhor tinha muitos supostos “voluntários” que se ofereciam para ser Seus
seguidores. A resposta de nosso Senhor a tais pessoas era um alerta. Ele os
advertia a “pensarem nas conseqüências” (ver Lucas 9.57-62; Lucas
14.15-35).
Samuel faz a mesma coisa em nosso texto: ele recomenda aos
israelitas que “pensem nas conseqüências” de ter um rei. A essência das
palavras de Samuel pode ser resumida numa única frase: “Ele tomará...”
Israel
está exigindo um tipo de governo muito dispendioso. Samuel procura mostrar em
detalhes o custo de um reino, e que é incrivelmente caro. Para que avaliemos os
altos custos de se ter um rei, primeiro precisamos refrescar nossa memória
quanto ao funcionamento das coisas no governo dos juízes. No livro de Juízes
vemos que não há rei, nem palácio, nem exército permanente.
Quando Israel é
atacado, um exército voluntário é convocado. Este exército, em parte, é formado
pelas famílias daqueles que vão à luta (ver I Samuel 17.17-22). Não há
conselho “administrativo”, consultores, empregados e quadro de funcionários
para dar suporte e facilitar o governo do rei. Em resumo, o sistema é informal,
ad hoc, e muito barato. Com Deus como seu rei, o sistema funciona, conforme
vemos no livro de Juízes e em I Samuel 7, por exemplo.
Em
contraste com um sistema de “baixo orçamento” para governar a nação, o que os
israelitas estão exigindo é caro demais. Ter um rei que vá adiante deles e os
lidere na guerra é ter um exército permanente. Uma vez que Israel seja
governado por um rei, a vida no campo jamais será a mesma. O rei empregará seus
filhos no serviço militar para conduzir seus carros ou como cavaleiros, ou como
infantaria. Alguns serão separados como oficiais.
Um exército permanente também
deve ter suprimentos. Os filhos dos israelitas serão usados para plantar e
ceifar as colheitas e construir e manter o equipamento militar (sem mencionar
todos os suprimentos não militares exigidos). Não serão somente os jovens que o
rei empregará em seu serviço. As filhas dos israelitas, que antes se sentavam à
mesa e serviam seus pais, agora servirão à mesa do rei. Elas serão perfumistas,
cozinheiras e padeiras.
O
alto custo de um rei inclui a perda dos filhos e filhas para o serviço do rei.
Mas o preço é ainda maior. O rei consumirá uma enorme quantidade de alimentos,
alimentos da melhor qualidade. Isto exigirá que ele tribute tudo o que é
cultivado em Israel. O melhor de seus grãos irá para o rei, junto com o melhor
de suas vinhas e lavouras.
Boa parte das coisas que uma família rural israelita
antes apreciava agora irá ser consumida pelos servos do rei. Os servos do rei
precisam viver, e o povo também pagará por esta despesa. Um décimo de suas
sementes e de suas videiras será dado aos servos do rei para plantarem em seus
campos (ou na terra que o rei tomar do povo).
O
rei precisará de empregados para servi-lo; portanto, tomará o que Israel tem de
melhor a oferecer em matéria de servos e servas. Certamente ele precisará de
gado, e jumentos para arar os campos, e tudo será suprido pelo povo. Em resumo,
quando o rei for concedido ao povo, será para dominá-lo, e ele dominará.
Esta
gente que antes conhecia a liberdade, agora será escrava do rei. E quando,
finalmente, perceberem o que fizeram a si mesmos, será tarde demais para mudar
o curso da história. Um dia os israelitas clamarão a Deus por causa da opressão
de seu próprio rei, mas Deus não ouvirá seu lamento, pois eles estão indo para
o cativeiro com os olhos bem abertos.
Os
Israelitas Conseguem o Que Querem (1 Samuel 8.19-22)
A
nação de Israel quer um rei; Samuel os adverte de que isto lhes trará um enorme
sistema político com um preço exorbitante. Mas isto não interessa. O povo está
determinado a ter seu rei. O povo (não só os anciãos) se recusa a dar ouvidos a
Samuel ou às suas advertências. Eles insistem em ter seu rei, mas agora são
mais honestos quanto ao que esperam dele. Eles querem um rei que os governe e
que vá adiante deles na guerra. Na verdade, eles querem um rei que tome suas
decisões e lute por eles.
Samuel
ouve tudo o que o povo diz e vai a Deus repetir todas as suas palavras (verso
21). Esta afirmação é muito interessante. Não ficamos surpresos quando lemos
que Samuel diz ao povo o que o Senhor lhe disse (verso 10).
Mas, por que Samuel
sente a necessidade de dizer a Deus tudo o que o povo lhe
disse? Será que Deus não ouve o que o povo está dizendo? É claro que ouve. Por
que precisamos orar, se Deus já conhece todas as nossas necessidades? (ver
Mateus 6.32) Não é que Deus precise nos ouvir para ser informado; é que nós
precisamos de Deus. Precisamos partilhar nossos fardos com Ele. Samuel diz a
Deus tudo o que o povo diz, não porque Deus precise ser informado, mas porque
Samuel precisa da intimidade com Deus.
Em
resposta à oração de Samuel, Deus, uma vez mais, o instrui a dar ao povo o que
eles querem. Por isso, sem saber quem será este rei, Samuel despacha os
israelitas para suas casas até que Deus mostre a identidade de seu novo rei
(verso 22).
Conclusão
Já
enfatizei bastante o mal e a tolice de Israel exigir um rei. Algumas pessoas
podem querer protestar, mencionando o texto de Deuteronômio 17. Deus não disse
que seria certo Israel ter um rei? Se já havia sido profetizado que os
israelitas exigiriam um rei, por que Deus, então, é tão severo quando o fazem?
Vamos dar uma olhada no texto de Deuteronômio 17.14-20:
“Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu
Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Estabelecerei sobre mim um
rei, como todas as nações que se acham em redor de mim, estabelecerás, com
efeito, sobre ti como rei aquele que o SENHOR, teu Deus, escolher; homem
estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás sobre ti, e sim
um dentre eles. Porém este não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o
povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos disse: Nunca mais
voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o
seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro.
Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado
desta lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdotes. E o terá
consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o
SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes
estatutos, para os cumprir. Isto fará para que o seu coração não se eleve sobre
os seus irmãos e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a
esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no
meio de Israel.”
Este
texto é uma profecia, e podemos ver que ela é rigorosamente cumprida quando os
israelitas exigem um rei, exatamente como o de outras nações. O fato de alguma
coisa ser profetizada não é prova de que aquilo que é predito seja bom ou
justo. A traição de Judas foi predita, assim como a rejeição de Israel ao
Messias. Isto não significa que Judas, ou os incrédulos israelitas, estivessem
certos ao fazer o que fizeram. Significa apenas que Deus quer que conheçamos uma
parte de Seu plano eterno.
Sugiro
que, ainda que Deus prenuncie em Deuteronômio os acontecimentos descritos
em I Samuel 8, há muito mais do que uma simples profecia ali. Se
Deuteronômio 17.4 é uma profecia sobre a exigência de Israel por um rei, os
outros versículos do capítulo são as instruções de Deus para evitar que este
rei seja como o de outras nações. As instruções que Deus estabelece por meio de
Moisés são o que torna Seu rei distinto das outras nações.
O
rei deve ser israelita. Ele não deve ser escolhido por voto popular, mas
divinamente designado e empossado. O rei de Deus não deve multiplicar para si
cavalos ou esposas. Isto é o que os reis pagãos fazem, pois lhes dá poder
político e militar. O rei de Deus não deve confiar em seus próprios recursos,
em sua própria força, mas em Deus.
Creio que seja por esta razão que a contagem
das tropas israelitas por Davi seja algo tão ruim e que resulte num castigo tão
severo (ver I Crônicas 21). Davi parece estar cheio de si e a contagem das
tropas lhe dá sensação de poder. Por isso, Deus o trata, e ao povo, com tanta
severidade. O rei não deve ter o desejo de acumular fortuna ou riquezas, pois
isto também é poder. O rei deve confiar em Deus e obedecê-Lo e desafiar a nação
de Israel a fazer o mesmo.
Davi
é este tipo de rei quando enfrenta Golias, mas os anos de poder e prosperidade
colocam sua vida à prova. Afinal, mesmo os melhores reis de Israel estão bem
longe dos padrões estabelecidos por Deus em Deuteronômio 17. As falhas de Davi
e Salomão nestas áreas são bastante óbvias. Enfim, só existe uma pessoa
com todas estas qualificações, nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele foi
rico, mas Se fez pobre por amor de nós. Ele não teve, nem empregou poderes
terrenos para estabelecer Seu reino. Ele certamente não multiplicou poderes
militares ou esposas. E é por isso que Cristo e somente Cristo pode ser
o Rei de Deus, para reinar sobre a terra para todo o sempre.
“Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do
trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões
e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi
morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e
louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da
terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está
sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o
domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém!
Também os anciãos prostraram-se e adoraram.” (Apocalipse
5.11-14)
A
principal lição que este texto nos ensina é aquilo que podemos chamar de
“economia do pecado”. Se estou certo em minha avaliação, a ênfase principal do
texto recai sobre o custo exorbitante de uma monarquia, sobretudo se comparado
ao custo mínimo do governo dos juízes.
Os israelitas estão errados em exigir um
rei, pois o que eles realmente querem é substituir Deus por um ídolo humano. No
entanto, deixando de lado os problemas bíblicos e morais associados à sua
exigência, existe também um problema econômico muito claro. Em termos bem
simples, ser governado por um rei não vale seu preço.
Os
israelitas não vêem desse modo, pois estão mais do que dispostos a pagar o
preço detalhado por Samuel. Creio que possa entender por que. O preço da
sujeição a seus inimigos é muito alto, como vemos em Juízes 6:
“Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante
o SENHOR; por isso, o SENHOR os entregou nas mãos dos midianitas por sete anos.
Prevalecendo o domínio dos midianitas sobre Israel, fizeram estes para si, por
causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, e as cavernas, e as
fortificações. Porque, cada vez que Israel semeava, os midianitas e os
amalequitas, como também os povos do Oriente, subiam contra ele. E contra ele
se acampavam, destruindo os produtos da terra até à vizinhança de Gaza, e não
deixavam em Israel sustento algum, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos. Pois
subiam com os seus gados e tendas e vinham como gafanhotos, em tanta multidão,
que não se podiam contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra
para a destruir. Assim, Israel ficou muito debilitado com a presença dos
midianitas; então, os filhos de Israel clamavam ao SENHOR.” (Juízes
6.1-6)
Para
os israelitas, o preço que irão pagar por seu rei é considerado bem menor do
que aquele que irão pagar pela sujeição a outras nações. O que eles não
entendem é que Deus os protegerá sem custo algum se simplesmente se
arrependerem de seus pecados, clamarem por libertação e O servirem de todo o
coração.
Receio que este seja o preço que eles consideram alto demais. Eles não
querem abandonar seus ídolos pagãos. Não querem servir somente a Deus. Não
querem que Deus seja seu rei. Por isso, procuram substituir tanto a Deus,
quanto a Samuel, tendo um rei como as outras nações.
Ao
discutir este texto, um amigo meu observou o seguinte: “Se for pagar por um
deus, 10% não é muito caro”. Ele tem razão. Se você conseguisse um ”Deus” de
verdade sem pagar caro por ele, seria vantajoso. Mas o fato é que, ao pagar
caro por um rei, Israel recebe muito pouco em troca. Os israelitas pensam que
seu rei tomará (julgará) suas decisões por eles, dizendo-lhes o que fazer, e
que lutará suas batalhas.
Uma recapitulação de Deuteronômio 28-32 deveria
relembrar aos israelitas de que não é seu rei quem lhes dá paz e prosperidade;
é seu Deus. Não é seu rei que é digno de sua fé, confiança e obediência
(somente); é Deus. Eles esperam que um rei faça por eles o que só Deus pode
fazer, com ou sem rei. Eles estão dispostos a pagar caro por algo que não vale
a pena.
O
pecado também é assim, e Satanás sempre procura nos convencer a pecar de um
jeito que faria um vendedor trapaceiro de carros usados chorar de inveja. Ele
procura supervalorizar nossa avaliação dos benefícios do pecado, ao mesmo tempo
em que se esforça para nos convencer de que o preço é irrisório. No Jardim do
Éden, Satanás fez Eva acreditar que realmente podia ser como Deus, e que comer
o fruto proibido não resultaria realmente na morte.
Quando pecamos, estamos
acreditando na mentira de Satanás. Achamos que podemos “usar” o pecado enquanto
tivermos controle sobre ele. A realidade é que o pecado rapidamente ganha o
controle sobre nós e nos tornamos seus escravos. Não importa o quanto sejamos
tentados e contemplemos o caminho do pecado, vamos nos lembrar do que a Bíblia
nos ensina sobre sua economia: o preço é muito caro e o percurso é muito curto.
O pecado não compensa.
Por
que, então, mesmo depois que Samuel adverte os israelitas sobre os custos da
monarquia, eles não lhe dão ouvidos e exigem seu rei?
Por
que os homens estão dispostos a pagar tanto por tão pouco?
Creio
que saiba a resposta, e que ela esteja claramente implícita em nosso
texto. Os homens detestam a graça. A graça é detestável e
repugnante porque é caridade. A graça não massageia nosso ego; ela produz
humildade. Quando pagamos por alguma coisa (com trabalho ou dinheiro), achamos
que somos donos dela. Achamos que quando pagamos, estamos no controle.
Quando
recebemos a graça, não estamos no controle. Deus está no controle. A graça é concedida
soberanamente, por isso, não podemos ditar como e quando ela nos será concedida
por Deus; não podemos controlar seus benefícios. Mas as boas e velhas obras
forçam Deus a nos abençoar (como erroneamente supomos). Quando fazemos as
coisas certas, Deus deve responder da forma que esperamos. Estamos no controle.
Deus se torna nosso servo.
Por isso, os homens preferem pagar - e pagar muito -
para manter seu orgulho e sensação de controle. Esta é a razão pela qual os
homens preferem os ídolos a Deus, mesmo que tenham que carregá-los. Eles crêem
que servir aos ídolos faz com estejam no controle do seu “deus”. Que tolice!
Acho
muito interessante que os israelitas queiram um homem como seu deus. Jamais
funcionará, e o preço dessa tentativa será bem alto. O jeito de Deus é fazer-Se
homem, Deus-Homem, para salvar o homem de seus pecados e governar sobre a terra
como Rei, o Messias Prometido. Este Rei prometido que foi anunciado
para ser Deus e homem não é nenhum outro senão o Senhor Jesus Cristo.
Ainda
precisamos aprender uma última lição deste texto: Às vezes Deus nos dá aquilo
que queremos e até mesmo exigimos, mesmo que isto venha a ser doloroso para
nós. Lembro-me de uma passagem em Salmos que fala da queixa dos israelitas por
não terem carne, fazendo com que Deus os deixe de barriga cheia. É esta:
“E
ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma.” (ARA)
“Deu-lhes
o que pediram, mas mandou sobre eles uma doença terrível.” (NVI)
Existe
uma persistência na oração e na súplica que não é evidência de fé, mas
evidência de torpe ganância. Existe uma perseverança na oração que, de forma
alguma, é santa. É possível que, se persistirmos em pedir aquilo que não é bom,
Deus nos atenda.
Será
doloroso se isto acontecer, mas ao nos dar aquilo que tanto desejamos, Deus nos
disciplina para que aprendamos a deixar estas coisas em Suas mãos. Em termos
bíblicos, devemos nos concentrar em buscar primeiro a Deus, e confiar
Nele para que todas as coisas nos sejam acrescentadas (Mateus
6.33 ''Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.'').
Vamos
ter cuidado para que nossas petições a Deus não sejam exigências. Aprendamos
com os israelitas do passado para que não andemos nos caminhos que eles
andaram.
Que Deus te abençoe!
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