Davi
guardado por Deus
Queria começar esta mensagem
comparando Davi a um gato, o qual, dizem, tem “sete vidas”. Mas isso não seria
apropriado para Davi, pois parece que ele tem muitas “vidas” mais. Em apenas
dois capítulos ( 18 e 19), Saul tenta matá-lo, pelo menos, doze
vezes:
1 Samuel 18.11 - Saul atira sua lança em Davi
duas vezes
1 Samuel 18.13 - Saul constitui Davi como
comandante de 1000 homens, esperando que ele seja morto
1 Samuel 18.17 - Merabe é oferecida a Davi, se
ele “lutar as batalhas do Senhor como um valente”
1 Samuel 18.20f. - Mical é oferecida a Davi
por 100 prepúcios de filisteus e ele traz 200
1 Samuel 19.1 - Saul ordena que Jônatas e seus
servos matem Davi
1 Samuel 19.10 - Saul arremessa a lança em
Davi novamente
1 Samuel 19.11f - Saul envia mensageiros à
casa de Davi para matá-lo
1 Samuel 19.18f - Saul envia três grupos de
homens a Ramá para pegar Davi, indo, depois, ele mesmo
No capítulo 20, Saul não só continua
tentando matar Davi, mas também arremessa sua lança em Jônatas por defendê-lo
(1 Samuel 20.33).
No capítulo 22, Saul mata Aimeleque e
toda a casa de seu pai (exceto um) e depois aniquila aqueles que vivem em Nobe,
a cidade dos sacerdotes.
Não posso evitar, mas acho que se
Saul tivesse se empenhado para matar os inimigos de Israel (como os filisteus)
como se empenhou para matar seus servos leais (tais como Davi, Jônatas e
Aimeleque), ele teria sido um grande rei e líder militar. Em seu estado mental
desordenado, seus maiores aliados são considerados inimigos e seus inimigos se
tornam seus aliados (para matar Davi).
Saul se torna um homem extremamente
paranóico. Ele teme seu servo mais leal, Davi, o qual não matará seu rei nem
mesmo quando tem o que parece ser a oportunidade perfeita para isso.
Inicialmente Saul procura esconder sua animosidade, seu ciúme e seu ódio de Davi, mas isto acaba no primeiro versículo do capítulo 19. Daí em diante Saul atenta abertamente contra a vida de Davi e qualquer um que ele ache que o apoie ou defenda.
Inicialmente Saul procura esconder sua animosidade, seu ciúme e seu ódio de Davi, mas isto acaba no primeiro versículo do capítulo 19. Daí em diante Saul atenta abertamente contra a vida de Davi e qualquer um que ele ache que o apoie ou defenda.
Nosso texto descreve quatro
libertações divinas de Davi das mãos do rei Saul. A primeira é
descrita no Capitulo 19 dos versos 1 a 7, quando Jônatas censura seu pai e
argumenta com ele sobre sua reação ao sucesso de Davi.
A segunda está
registrada dos versos 8 a 10, quando
Saul, providencialmente, não acerta sua lança em Davi.
A terceira vem de
Mical, a esposa de Davi e filha de Saul.
Ela desce Davi pela janela e depois engana seu pai e seus servos para dar tempo
a Davi de escapar. Finalmente, há a libertação religiosa de Davi
por meio de Samuel e as profecias dos homens enviados por Saul em sua captura, nos
versos 18 a 24.
Esta mensagem será pregada na manhã do domingo que antecede o Natal.
Alguns podem estranhar a razão pela qual farei isto, uma vez que a passagem
parece não ter nada a ver com a festividade que estamos prestes a comemorar.
Permitam-me assegurar-lhes que a estreita relação entre este texto e a história
do Natal não é forçada. Atentando às palavras de nosso texto, aprenderemos o
que existe em Saul que é tão contraditório ao espírito do Natal e, na
realidade, ao espírito cristão. Nosso texto é importante para aqueles que
conhecem a Cristo como Salvador e para aqueles que precisam conhecê-Lo desta
forma.
Salvo pela
Razão(1 Samuel 18.30 - 19.7)
Uma coisa que Saul não suporta
em seus servos é o sucesso. Como Satanás, Saul não admite ficar em segundo
plano. Assim, quando os comandantes israelitas saem à batalha, Davi está entre
eles (1 Samuel 18.13) e se sai melhor do que todos eles (1 Samuel 18.30).
Sem nenhuma pretensão, a fama
de Davi continua a crescer. Sua sabedoria (sem dúvida produto do Espírito
Santo, ver 1 Samuel 16.13) o distingue dos demais comandantes. Ele é muito
querido.
É justamente isso o que Saul
mais teme. Abandonando suas táticas de capa e espada, ele dá ordens a seus
servos - incluindo Jônatas - para matar Davi. Jônatas fez uma aliança com Davi,
a qual, com toda a certeza, não pretende quebrar.
Mas a verdadeira razão para
ele não fazer nenhum mal a Davi é por ser “mui afeiçoado a ele”.
Proteger Davi é mais do que um dever para Jônatas; ele se deleita em Davi.
Jônatas realmente ama Davi como a si mesmo (1 Samuel 18.1).
Portanto, ele começa a reverter
a ordem de seu pai para matá-lo. Se for necessário, Jônatas transgredirá esta
ordem, mas ele prefere argumentar com seu pai para revogá-la. No capitulo 19.1 a
7 ele consegue seu intento.
Primeiro Jônatas previne Davi
sobre as ordens de seu pai. Ele insiste para Davi ficar alerta e se esconder
até que ele fale com seu pai. Estranhamente, ele diz a Davi que irá se
encontrar com seu pai exatamente no mesmo lugar onde Davi deve se esconder
(versos 2 e 3).
Será que isto é para que Davi observe a coisa toda? Será que Jônatas quer garantir a Davi que nada acontecerá pelas suas costas? Além disso, ele promete informar Davi sobre o resultado da discussão.
Será que isto é para que Davi observe a coisa toda? Será que Jônatas quer garantir a Davi que nada acontecerá pelas suas costas? Além disso, ele promete informar Davi sobre o resultado da discussão.
A maneira como Jônatas lida com
seu pai a favor de Davi é um modelo para nós em diversos aspectos. Primeiro, encontramos
aqui o exemplo de um amigo que ama o próximo como a si mesmo. Confrontar (ou
deveríamos dizer “contradizer”) Saul é um negócio perigoso, mesmo assim, ele o
faz.
Segundo, Jônatas se submete, e a seus interesses pessoais
(o trono, por exemplo), aos interesses de Davi (ver 1 Samuel 23.17).
Terceiro Jônatas
é um filho fiel e submisso a seu pai. Ele o aborda diretamente e lhe fala com
respeito. Ele fala bem de Davi. Por um lado, Jônatas suplica pela vida de Davi;
por outro, suplica que seu pai faça aquilo que é melhor para ele mesmo.
Ele
relembra a Saul que Davi é seu servo mais fiel e dedicado, cujas ações sempre o
beneficiaram. Ele também o relembra que, quando Davi matou Golias, o próprio
Saul se regozijou com a vitória, pois também era a sua vitória (1 Samuel 19.5). Agir de
maneira hostil contra Davi não seria justo ou sábio, e ainda pior, seria
pecado, pois seria derramar sangue inocente (1 Samuel 19.4-5).
Por ora, Saul é persuadido
pelos argumentos de Jônatas. Ele jura que “tão certo como vive o SENHOR”
Davi não será morto (verso 6). Não é uma promessa que durará muito tempo, mas é
uma admissão de culpa, temporária e parcial, da parte de Saul, e uma confissão
da inocência de Davi.
Jônatas chama Davi, fala sobre o encontro com seu pai e o resultado, e depois o leva à presença dele. Por algum tempo, pelo menos, as coisas são como costumavam ser (verso 7).
Jônatas chama Davi, fala sobre o encontro com seu pai e o resultado, e depois o leva à presença dele. Por algum tempo, pelo menos, as coisas são como costumavam ser (verso 7).
Um Resgate
Providencial (1 Samuel 19.8-10)
Parece que Saul quer as
duas coisas: não parece ansioso para sair com seus homens e lutar com os
filisteus; mas, quando Davi sai contra eles e volta como herói, ele se enche de
fúria e ciúmes. Não há indicação de que Saul vá à guerra contra os filisteus,
mas sabemos que Davi vai e obtém uma vitória importante (verso 8).
Isso acarreta uma reprise
literal do capítulo 18, versos 6 a 9. O “espírito maligno da parte do Senhor”
se apossa de Saul, que está sentado em sua casa com a lança na mão. (Davi
também está na casa, com a harpa nas mãos - verso 9).
Cheio de ciúmes, Saul tenta encravar Davi na parede com sua lança, mas Davi, de alguma forma, se desvia e foge de sua presença na escuridão da noite, escapando da morte uma vez mais (verso 10).
Cheio de ciúmes, Saul tenta encravar Davi na parede com sua lança, mas Davi, de alguma forma, se desvia e foge de sua presença na escuridão da noite, escapando da morte uma vez mais (verso 10).
A estreita relação entre o
ciúme de Saul e a possessão do “espírito maligno da parte do Senhor” no
(verso 9) é digna de nota. Sabemos que este “espírito maligno da parte do
Senhor” se apossa de Saul com a saída do Espírito Santo (1 Samuel 16.14-15).
Também sabemos que este
espírito não possui Saul da mesma forma todas às vezes. Anteriormente, quando o
espírito vinha sobre ele, Davi era convocado para tocar sua harpa e o espírito
se afastava (1 Samuel 16.23). Embora saibamos que a harpa tocada por Davi fazia o
espírito deixar Saul, não é dita a razão pela qual o espírito se apossava dele.
O ciúme e a fúria de Saul poderiam ser a causa da possessão do espírito, talvez
até mais do que uma consequência.
Quando Saul estivesse
“cheio” de ciúmes ou de fúria, o espírito viria sobre ele naquele momento,
quando estava mais vulnerável. Quando perdemos o autocontrole, seja
pela raiva, por ambição, pelas drogas ou por imoralidade sexual (para dar
alguns exemplos), nos expomos às influências satânicas ou demoníacas. Creio
que seja por isto que Saul é possuído pelo espírito maligno quando reage incontrolavelmente
ao sucesso de Davi na guerra.
Davi na Corda
Bamba ou A Grande Descida(1 Samuel 19.11-17)
Davi pode ter escapado noite
adentro, mas Saul não está disposto a abandonar seu plano de capturá-lo e
matá-lo. Ele coloca alguns de seus homens de emboscada do lado de fora da casa
de Davi. Suas ordens são para que esperem até de manhã e então o matem. Davi
parece se sentir seguro quando chega à sua casa. Mical conhece seu pai bem
melhor.
Enfaticamente ela diz a Davi que, a menos que ele fuja enquanto ainda
está escuro, não viverá mais um dia. A hora de Davi escapar é esta. Até posso
ver Mical enfrentando Davi, com as mãos na cintura, dizendo ao seu ingênuo
marido como são as coisas com papai.
A relutância de Davi talvez
esteja relacionada à única forma de ele poder escapar. Não será uma saída muito
honrosa. Se ele quiser viver, terá que deixar sua dignidade para trás. A casa
deles deve estar localizada junto aos muros da cidade. Mical tem que descer seu
marido pela janela para ele alcançar o chão, fora dos muros da cidade, e
desaparecer na escuridão da noite.
O outro lado da fuga também não
é muito glorioso. Uma coisa é Davi sair de casa, à noite e sem ser notado. No
entanto, Mical também sabe que precisa ganhar tempo para ele, a fim de que sua
fuga seja bem sucedida. Quando os servos de Saul batem à porta, Mical está
pronta para recebê-los. Ela tem tudo preparado.
Na cama, ela colocou um ídolo com as roupas de Davi, para dar a impressão de sua forma, com um tecido de pelos de cabra na cabeça. À distância, sem poder olhar de perto, alguém poderia pensar que Davi estivesse de cama, talvez muito doente.
Na cama, ela colocou um ídolo com as roupas de Davi, para dar a impressão de sua forma, com um tecido de pelos de cabra na cabeça. À distância, sem poder olhar de perto, alguém poderia pensar que Davi estivesse de cama, talvez muito doente.
Os mensageiros de Saul retornam
e relatam o que Mical lhes disse. Saul fica desconfiado e manda os mensageiros
de volta à casa de Mical para trazerem Davi, a fim de matá-lo pessoalmente.
Deve ter sido uma piada quando estes caras arrancam as cobertas e descobrem um
ídolo do lar, habilmente colocado ali para enganá-los.
Talvez vermelhos de
vergonha, os mensageiros retornam e dizem a Saul que foram enganados. Saul fica
furioso com sua filha por tê-lo enganado e por ter deixado Davi escapar. Uma
vez mais Mical tenta enganar seu pai, dizendo-lhe que Davi ameaçou matá-la se
ela não cooperasse. Isto se encaixa muito bem à avaliação distorcida que Saul
tem de Davi, embora esteja longe da verdade.
Certamente há um toque de humor
neste episódio. Ele mostra como os planos de Saul para matar Davi são inúteis.
Devemos fazer uma pausa por um momento para relembrar como Davi conseguiu sua
esposa. Anteriormente, quando Golias ridicularizava Saul e o exército de
Israel, o rei ofereceu sua filha ao homem que o enfrentasse e matasse (1 Samuel 17.25).
Por direito, Davi deveria ter
recebido uma das filhas de Saul como esposa. Depois de Davi ficar famoso e Saul
sentir ciúmes dele, Saul lhe faz outra oferta de uma esposa:
“Disse
Saul a Davi: Eis aqui Merabe, minha filha mais velha, que te darei por mulher;
sê-me somente filho valente e guerreia as guerras do SENHOR; porque Saul dizia
consigo: Não seja contra ele a minha mão, e sim a dos filisteus.” (1 Samuel 18.17)
Davi recusa a oferta crendo,
sinceramente, ser indigno de receber uma das filhas de Saul como esposa, e
também consciente de não poder pagar o dote exigido (1 Samuel 18.18, ver também o verso
23).
Quando Saul lhe oferece
novamente uma de suas filhas, ele é bem mais perspicaz na maneira como trata do
assunto: (Leia: 1 Samuel 18.20-27)
Quando fica claro que Davi quer
se casar com Mical e que, alegremente, providenciará o número de prepúcios
filisteu exigido (na verdade, o dobro = 200), Saul fica pasmo. Saul tem certeza
que o amor de Mical por Davi (e o dele por ela) acarretará a morte deste quando
ele tentar matar esse tanto de filisteus.
Uma vez mais, os planos de Saul
vão para o espaço. Davi consegue os prepúcios (duas vezes mais) e recebe uma
das filhas de Saul como esposa.
Ela ama Davi e não está
disposta a fazer parte de qualquer complô para matá-lo. Mais do que isto, é ela
quem salva Davi de seu pai. Uma vez mais, Saul atirou em seu próprio pé (ou
devo dizer furou) tentando matar o ungido do Senhor.
Ao deixarmos este salvamento,
não devemos negligenciar o Salmo 59, que é a reflexão de Davi sobre esta
libertação. Embora não ousemos tentar tratar deste salmo em detalhes, duas
observações podem ser feitas. Primeira, você perceberá que Mical
não é mencionada no salmo.
Não que é ela seja de alguma forma menosprezada por
Davi, como se não tivesse participado de seu salvamento. Neste salmo Davi não
está olhando para a causa imediata de sua libertação, mas para a causa
principal - Deus. Assim, Davi louva a Deus por salvar sua vida.
Segunda, a descrição de Davi de seus perseguidores soa como se eles fossem
gentios, não judeus (ver Salmos 59.5-8).
Não ficaria surpreso se os homens que
Saul enviou para capturar Davi fossem gentios. Sabemos que ele contratava
mercenários (ver 1 Samuel 14.52).
Tais homens não teriam
escrúpulos para ajudar a matar Davi, quando os israelitas poderiam ter. Que
conveniente é para Saul (um judeu) utilizar esses mercenários (gentios) para se
opuser ao rei de Deus, da mesma forma que os líderes religiosos judaicos se
opuseram a Cristo anos mais tarde. Finalmente, Davi fala dos homens que
procuram capturá-lo como mentirosos (Salmos 59.12).
Seriam estes homens alguns
daqueles que falsamente acusaram Davi diante de Saul? (ver 1 Samuel 24.9; 1 Samuel 26.19)
Um Resgate
Religioso: Salvo pelo Espírito ou Pelos Esforços de um Verdadeiro Profeta
(1 Samuel 19.18-24)
Os esforços de
Mical para retardar os perseguidores de Davi dão resultado. Davi escapa noite
adentro e foge para Ramá, onde se encontra com Samuel e lhe conta tudo o que
Saul fez. Então, ele e Samuel deixam Ramá e vão para Naiote.
A notícia de que Davi e Samuel estão em Naiote chega aos ouvidos do rei que, então, envia alguns de seus homens para prender Davi. Quando estes homens chegam a Naiote, encontram um grupo de profetas que está profetizando. Samuel está entre eles, presidindo o grupo. O Espírito de Deus desce sobre os homens enviados por Saul para capturar Davi e eles também começam a profetizar.
A notícia de que Davi e Samuel estão em Naiote chega aos ouvidos do rei que, então, envia alguns de seus homens para prender Davi. Quando estes homens chegam a Naiote, encontram um grupo de profetas que está profetizando. Samuel está entre eles, presidindo o grupo. O Espírito de Deus desce sobre os homens enviados por Saul para capturar Davi e eles também começam a profetizar.
Não é dito o que
estes homens fazem quando estão possuídos pelo Espírito, exceto que profetizam,
mas podemos nos aventurar a supor que talvez não estejam muito longe do alvo.
Sabemos, com certeza, que eles não prendem Davi ou fazem mal a Saul.
Se eles
profetizam, é razoável supor que suas palavras incluam o louvor a Deus. Também
é possível que profetizem a respeito do próximo rei de Israel. Se estes homens,
sob o controle do Espírito de Deus, proclamam Davi como o próximo rei como pode
tomar parte no plano de Saul para matá-lo? Do ponto de vista de Saul, este
primeiro grupo de homens está fora.
Saul não aprende
muito bem a lição. Não sabemos exatamente que tipo de relatório chega a ele
sobre a primeira “companhia” enviada para prender Davi. O texto só indica que “foi
dito a Saul”. Se ele é informado de que o Espírito de Deus desceu sobre
seus homens e eles profetizaram, ele não capta o sentido da mensagem.
Assim,
ele envia um segundo grupo para prender Davi. (Temos certeza que, desta vez,
ele escolhe homens que não sejam tão inclinados à “espiritualidade”). No
entanto, quando este segundo grupo chega, acontece exatamente a mesma coisa com
eles. Saul, então, envia um terceiro destacamento, só para que a mesma coisa se
repita novamente.
Saul simplesmente
ainda não entendeu que seus esforços são inúteis. Se na última tentativa ele
disse a si mesmo “agora vai!”, desta vez deve ter pensado: “se quiser algo bem
feito, faça você mesmo”.
E assim ele chega à Ramá e vai até o grande poço que está em Seco. Lá, ele pergunta onde Samuel e Davi podem ser encontrados. Dizem a ele que ambos estão em Naiote, em Ramá, por isso ele prossegue até Naiote. No caminho, o Espírito de Deus desce sobre o próprio Saul e ele profetiza até chegar ao seu destino.
E assim ele chega à Ramá e vai até o grande poço que está em Seco. Lá, ele pergunta onde Samuel e Davi podem ser encontrados. Dizem a ele que ambos estão em Naiote, em Ramá, por isso ele prossegue até Naiote. No caminho, o Espírito de Deus desce sobre o próprio Saul e ele profetiza até chegar ao seu destino.
Deve ter sido um
grande espetáculo. Saul, com certeza, estava muito irritado por ter enviado
três destacamentos para prender Davi sem nenhum sucesso. Agora, ele está
determinado a fazer o serviço ele mesmo.
Você pode imaginar o seu humor quando se aproxima do lugar onde estão Davi e Samuel? De repente, o Espírito de Deus o domina, fazendo-o tirar sua túnica e estender-se nu diante de Samuel pelo resto do dia e durante toda a noite.
Você pode imaginar o seu humor quando se aproxima do lugar onde estão Davi e Samuel? De repente, o Espírito de Deus o domina, fazendo-o tirar sua túnica e estender-se nu diante de Samuel pelo resto do dia e durante toda a noite.
Saul pretende matar
Davi e eliminar a ameaça ao trono? Ele não consegue nem mesmo prendê-lo e,
agora, talvez esteja até profetizando que Davi certamente será rei. Saul chega
como rei, com toda a autoridade e poder, determinado a realizar seu plano?
Agora ele jaz nu diante de Samuel.
A notícia da
chegada de Saul e sua conduta inesperada circulam rapidamente. Imagino que as
pessoas que ouvem a notícia vêm averiguar e ver por si mesmas. Nu em pelo, Saul
não parece tão valentão (perdão pela expressão). Estou mais interessado na
questão dos lábios daqueles que veem Saul neste estado espiritual: “Está
Saul entre os profetas?” (verso 24).
Como a chegada e a
conduta de Saul podem ser explicadas? Será que todo mundo sabe que ele está
procurando matar Davi? Se não sabem, sua chegada e sua conduta são ainda mais
misteriosas. Que outra razão haveria para Saul agir como profeta, entre
profetas? Nós sabemos.
Nenhum homem pode ser controlado pelo Espírito de Deus e
executar seu plano demoníaco para matar o ungido de Deus. Eis um jeito de Deus
garantir a segurança de Davi. Mesmo quando tenta fazer o serviço ele mesmo,
Saul não consegue ter sucesso para impedir o intento de Deus. Como disse o
Cristo glorificado anos mais tarde a “Saul(o)” (Paulo, o apóstolo): “Dura
cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14).
Precisamos observar
mais uma coisa neste parágrafo final do capítulo 19: sua semelhança com o
incidente ocorrido anteriormente na vida de Saul:
“Então,
seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que,
entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto,
precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão
profetizando. O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e
tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais te sucederem, faze o que a
ocasião te pedir, porque Deus é contigo. Tu, porém, descerás adiante de mim a
Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocausto e para
apresentar ofertas pacíficas; sete dias esperarás, até que eu venha ter contigo
e te declare o que hás de fazer. Sucedeu, pois, que, virando-se ele para
despedir-se de Samuel, Deus lhe mudou o coração; e todos esses sinais se deram
naquele mesmo dia. Chegando eles a Gibeá, eis que um grupo de profetas lhes
saiu ao encontro; o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou no
meio deles. Todos os que, dantes, o conheciam, vendo que ele profetizava com os
profetas, diziam uns aos outros: Que é isso que sucedeu ao filho de Quis? Está
também Saul entre os profetas? Então, um homem respondeu: Pois quem é o pai
deles? Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entre os profetas?” (1 Samuel 10.5-12).
Não parece
coincidência demais que esta expressão encontrada no capítulo 10 seja,
literalmente, repetida no capítulo 19? A primeira vez é no início do reinado de
Saul. O Espírito desceu sobre Saul como prova de que ele era o rei escolhido de
Deus, e também para capacitá-lo a agir como rei.
Assim, o coração de
Saul é mudado e ele “se torna outro homem” (1 Samuel 10.6, 9-10).
O Espírito de Deus
desce sobre ele quando ele encontra um “grupo de profetas” (1 Samuel 10.5, 10).
Quando Saul profetiza com os outros profetas, as pessoas que testemunham o fato
ficam surpresas e dizem “Que é isso que sucedeu ao filho de Quis? Está Saul
entre os profetas?” (1 Samuel 10.11)
Estes dizeres,
então, se tornam um provérbio entre o povo (1 Samuel 10.12).
As semelhanças
entre os dois incidentes são marcantes, embora separadas por muitos anos. Nos
dois casos, o Espírito de Deus desce sobre Saul e ele profetiza com os outros
profetas. Aqueles que testemunham este acontecimento ficam surpresos e
perguntam “Está também Saul entre os profetas?”. Em nenhum dos casos o
fenômeno profético dura mais do que um dia, e depois cessa (muito parecido com
aquilo que vemos em Números 11.16-30).
No entanto, há
também algumas diferenças. O primeiro fenômeno profético acontece bem no início
do reinado de Saul. Na realidade, a vinda do Espírito sobre ele é uma evidência
de que Deus o preparou para desempenhar seus deveres como rei (compare com
Números 11.16-30).
Parece ser um tipo
de credenciamento de Saul como rei de Israel. O segundo e último fenômeno chega
ao final de sua carreira, depois que lhe é dito que seu reinado chegaria ao
fim.
Quando Saul
profetiza nesta última vez, é mais como um credenciamento de Davi (talvez meio
indireto) do que de Saul. É quase como se Deus usasse o primeiro fenômeno como
prova de que Saul é o rei e o segundo como prova de que seu reino está próximo
do fim. Eis aqui algo para meditarmos um pouco mais.
Conclusão
Alguns podem
estranhar porque, no domingo antes do Natal, não deixei de lado esta série em I
Samuel e preguei uma “mensagem de Natal”, como já fiz outras vezes. Quando
estudei o texto, percebi o quanto é parecido com a história do “primeiro
Natal”. Temos Davi, a quem Deus escolheu e ungiu como rei de Israel.
O rei Saul
sabe que Davi é o rei de Deus e, por isso, sente-se ameaçado, embora Davi não
procure tirá-lo do trono para reinar em seu lugar. Cheio de ciúmes, Saul tenta
matá-lo e, não importa o quanto tente capturá-lo e matá-lo, seus planos sempre
fracassam. Não existe jeito de Davi - o rei de Deus - ser morto por um homem
como Saul, ou por qualquer outro. Em certo sentido, podemos dizer que Davi leva
uma vida encantada, pois é o propósito de Deus para ele que se torne o próximo
rei.
A história do Natal
é sobre outro rei, o “Filho de Davi”, a quem Deus constituiu para
governar sobre o povo de Israel. Quando este rei nasceu, os magos do Oriente O
buscaram para adorá-Lo. O rei Herodes, junto com o povo de Jerusalém, fica
muito atribulado (não deleitado!) porque estes nobres estão à procura do “Rei
dos judeus” (Mateus 2.1-3).
Ele chama os
líderes religiosos judaicos, procurando saber o lugar onde este “Rei”
pode ser encontrado. Ele também diz aos magos para avisá-lo quando encontrarem
este “Rei”. Ele não faz isto para adorar o Senhor Jesus (como os magos),
mas para matá-lo.
Herodes tem tamanha
intenção de se livrar deste “Rei”, o qual ele acha ser uma ameaça ao seu
reino, que mata todos os meninos na área de Belém, na esperança de que o “Rei”
esteja entre eles. A despeito de todos os seus esforços, Herodes fracassa.
Como o rei Saul,
Herodes não aprende a lição que todos os reis terrenos deveriam saber: que o
monarca ungido de Deus, Jesus Cristo, o Messias prometido, não pode ser
derrotado ou destruído. Esta é a lição ensinada no Salmos 2 que Diz:
“Por
que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se
levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:
Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que
habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de
falar e no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu
santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu
Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as
extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as
despedaçarás como um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes;
deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos
nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no
caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira.”
Os sábios do Oriente
estão certos e Herodes (como Saul) totalmente errado. Ninguém pode derrotar o
ungido de Deus. E esse rei é Jesus Cristo. Ele virá outra vez e subjugará os
Seus inimigos. E então reinará sobre todas as coisas. Aqueles que se submetem a
Ele como o rei ungido e designado por Deus, com Ele reinarão; os que resistirem
será destruído.
O bebê na
manjedoura, Jesus Cristo, é o Messias prometido, o rei que governará sobre
todas as coisas. Ele é também o descendente de Davi. Deus não somente designa
Davi como o rei de Israel, Ele o designa como aquele do qual nascerá o Rei. Que
tolice é Saul tentar destruir Davi.
Da mesma forma que
Saul cai prostrado e humilhado diante do profeta Samuel, todo aquele
que resistir a Jesus Cristo, o rei de Deus, um dia cairá diante Dele e O
professará como o Rei dos reis:
“Tende
em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.5-11).
Esta é a mensagem do Natal. Esta é a
mensagem do evangelho. Deus enviou Seu filho para ser o Salvador do mundo. Ele
O enviará segunda vez para ser o Rei dos Reis. Todos aqueles que rejeitaram a
Jesus como Salvador serão Seus inimigos quando Ele voltar.
E todos aqueles que
O resistirem agora, um dia cairão diante Dele como o Aquele que os derrotou.
Todos aqueles que O receberem agora, como o único meio de Deus para salvação de
seus pecados, reinarão com Ele quando Ele voltar. Se Saul nos ensina alguma
coisa, é que é uma tolice resistir ao rei designado por Deus. Não vamos cometer
o mesmo erro.
Que
Deus te abençoe!
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