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2° Por que o Pentecoste é necessário hoje? - Porque a igreja está trancada dentro de quatro paredes




Porque a igreja está trancada dentro de quatro paredes


No evangelho de (João 20.19-22 "Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.

E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo."
), encontra-se os discípulos reunidos com as portas trancadas, com medo dos judeus.

Eles estavam acuados, acovardados, paralisados e sem nenhuma ousadia para sair pelas ruas. Haviam perdido a coragem para testemunhar. 

Não queriam assumir os riscos do discipulado. Eles não tiveram coragem de assumir que eram de Jesus. Intimidaram-se diante das pressões e da perseguição iminente. Arriaram-se as armas; enfiaram-se na caverna; enjaularam-se no cenáculo. Eles se encolheram sob o manto do medo.

Esse é um retrato da igreja hoje. Muitas igrejas têm conteúdo, mas lhe falta ousadia. São ortodoxas, mas não têm paixão pelas almas. Têm conhecimento, mas não têm ardor evangelístico. Têm programa e organização, mas não saem das quatro paredes.

Outras igrejas têm conteúdo, boa teologia e excelente música, mas toda a sua atividade é voltada para dentro. Elas não transpiram, não reverberam sua influência para o mundo. Nada fazem e pouca ou nenhuma influência exercem na sociedade em que estão inseridas.

Noventa por cento das atividades da maioria das igrejas destinam-se à própria igreja. São igrejas enroscadas e sufocadas pelo próprio cordão umbilical; igrejas narcisistas; igrejas com a síndrome do mar Morto, que só recebem, só engordam; que alumiam a si mesmas e sonegam a sua luz ao mundo, deixando-o em densas trevas.

Ao contrário da mulher da parábola da "dracma perdida", essas igrejas, em vez de buscar a moeda que se perdeu, passam o tempo todo poluindo as moedas que têm em mãos. Realizam conferências, congressos, encontros, palestras e seminários apenas para polir moedas. Os crentes dessas igrejas reciclam-se todos os congressos, participam de conferências missionários a mil quilômetros de distância.

São capazes de sair de casa mil vezes para ir ao templo, mas não têm coragem de atravessar a rua e falar de Jesus para o vizinho.  São igrejas tímidas para investir na salvação dos perdidos. Pescam sempre em águas rasas e jamais lançam as redes em alto-mar. Os poucos peixes que pegam tornam-se peixes combatentes que exaurem forças guerreando com outros peixes, numa luta titânica de aquário.

Quando olhamos para a passagem de João 20.19-22, descobrimos quatro razões pelas quais a igreja estava trancada dentro de quatro paredes:

a) Medo - Alguns crentes têm medo das críticas, do preconceito, da perseguição, de ser zombados, de assumir que são de Jesus. Por isso, acovardam-se como Pedro. Mesmo assim, são crentes cheios de uma autoconfiança arrogante. Têm alto conceito de si mesmos.

Julgam os outros e supervalorizam a si mesmos. Como Pedro, começam a seguir Jesus de longe. Não têm coragem de abandonar a fé nem disposição de ir de vez para o mundo, mas também não têm fibra para andar perto de Jesus. Anda esgueirando-se na penumbra.

Mergulham em caminhos cheios de escuridão. São discípulos covardes. Como Pedro, também se unem a companhias que são um tropeço para a fé. Começam a se juntar a gente que escarnece e zomba de Jesus. Por fim, semelhantes a Pedro, negam Jesus. Juram que não o conhecem e até praguejam, falando impropérios e negando todo o seu envolvimento com Senhor da vida. 

Sim, há muitos que, por medo, preferem ficar aquartelados no templo a vida inteira, no conforto do ninho, vivendo um cristianismo de estufa, apenas tomando mamadeira e engordando, fazendo da igreja um berçário e orfanato, e não um exército equipado para sair pelo mundo anunciando a salvação em Cristo.

b) Ausência da centralidade de Jesus na vida - Eles estavam com medo porque Jesus estava ausente naquela reunião. Como Jesus não estava presente, as portas estavam trancadas. Aquilo era uma antítese de todo o ministério terreno de Jesus. O Senhor nunca ficou encastelado no templo, empoleirado numa cátedra. 

Seu ministério foi itinerante: foi na rua, nas cidades, nas casas, nas estradas. Jesus ia ao encontro das multidões. Onde estava o pecador, aí estava o campo missionário de Jesus. Hoje queremos inverter as coisas. Queremos apenas que os pecadores venham à igreja, mas a igreja não quer ir ao mundo, onde os pecadores estão.

A igreja não quer sair do ninho. Não quer o desconforto de descer aos vales, onde as pessoas padecem os tormentos de uma vida sem Deus e sem esperança. Quando Jesus, porém, se faz presente na igreja, ela se torna ousada. Ela sai das quatro paredes. Deixa de ser satisfeita como a igreja de Laodiceia, que se considerava abastada e rica, mas era miserável, porque Jesus não estava dentro dela.

c) Ausência de comunhão - Aquele grupo amontoado no cenáculo estava em grande conflito. Alguns talvez nem ousassem levantar os olhos por causa da vergonha de terem fugido na hora em que Jesus foi preso no Getsêmani. Talvez estivessem ruminando a erva amarga de suas fraquezas e mazelas.

Talvez estivessem culpando a si mesmos e uns aos outros pelo fracasso de fugir escandalizados com Cristo na hora  de seu suplício horrendo. Uma igreja sem comunhão não tem vez nem voz. Não tem autoridade para pregar. Não tem credibilidade para anunciar as boas-novas. Uma igreja sem comunhão acha-se doente, precisa de cura, por isso está inapta para sair das quatros paredes.

d) Ausência do sopro do Espírito - Aqueles discípulos estavam em paz, sem alegria, sem ousadia, sem unção. Estavam secos, murchos, vazios. Estavam amontoados, mas não tinham comunhão. Estavam congregados, mas Jesus estava ausente. Estavam juntos, mas com medo. Eram uma comunidade cristã, mas sem o sopro do Espírito, por isso estavam trancados, com medo dos judeus.

Quando perdemos o sopro do Espírito, tornamo-nos crentes medrosos. Quando a igreja deixa de ser irrigada pelo óleo do Espírito, ela míngua, murcha, se encolhe. Quando falta o óleo na engrenagem, a máquina bate pino. Quando a igreja perde a plenitude do Espírito Santo, intimida-se e fecha-se entre quatro paredes.

Não há avivamentos intramuros. Avivamento que não leva a igreja a transpirar, a sair do seu comodismo, não é avivamento bíblico. Avivamento que não empurra a igreja para fora do ninho é apenas um movimento superficial de consequências miúdas. Quando Paulo chegou a Tessalônica, a Bíblia relata que a mensagem do evangelho vazou pelos poros da igreja e alcançou todo o mundo.

Quando ele chegou a Éfeso, a partir dali o evangelho irradiou-se por toda a Ásia Menor e igrejas foram plantadas em toda a província como Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodicéia, Colossos, e Hierápolis. Sempre que Deus visitou o seu povo em poderosos derramamentos do Espírito, a igreja avançou para conquistar os perdidos lá fora, no mundo, onde eles estavam.

Eis porque precisamos de um Pentecoste nestes dias, para tirar a igreja detrás dos muros de concreto e levá-las para as ruas, para as praças, para o meio da multidão, a fim de ser sal, luz e portadora de boas-novas de salvação.

Que Deus te abençoe, te guarde e te de a paz!!!

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