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Gênesis 27 - Isaque manda Esaú fazer-lhe um guisado / Rebeca e Jacó enganam a Isaque / Esaú descobre que Jacó já havia tomado a bênção



JACÓ ENGANA ISAQUE

Deus havia anunciado a Isaque que Esaú serviria a Jacó (capítulo Gênesis 25.23) e Jacó havia adquirido o direito à primogenitura de Esaú (capítulo Gênesis 25.33); neste capítulo, vemos a maneira como Jacó iludiu Isaque a fim de ser abençoado por ele.
De uma maneira geral, uma bênção consiste em expressar desejos de boas coisas para outrem, ou, melhor ainda, uma oração a Deus a seu favor. Ninguém tem poder para melhorar o futuro de outro mediante a sua bênção, ou de piorá-lo com sua maldição: só Deus tem esse poder. 

Todavia, Deus usou seus servos, geralmente profetas, no passado, para transmitir sua mensagem de bênção ou maldição; o SENHOR separou a tribo de Levi para abençoar em Seu nome (Deuteronômio 10.8 "No mesmo tempo o Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca da aliança do Senhor, para estar diante do Senhor, para o servir, e para abençoar em seu nome até ao dia de hoje.") e deu-lhes as palavras exatas, que consistem em desejar que o SENHOR lhes seja propício (Números 6:23-27).
A bênção de Isaque, neste caso, só teria valor se procedesse de Deus. Mesmo no caso de seu pai Abraão, Deus prometeu: "abençoarei os que te abençoarem (te desejarem o bem) e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem (te desejarem o mal)..." (capítulo Gênesis 12.3): nunca "abençoarei os que abençoares".

Isaque estava já velho - tinha uns 135 anos de idade, e seus filhos, uns 75 - e estava cego, decerto com cataratas. Sem esperar a direção de Deus, e sem levar em conta o que Deus já lhe havia dito, julgando erradamente que estava para morrer (ele viveria mais 45 anos, até os 180), ele resolveu abençoar seu filho preferido, Esaú, fazendo-o seu herdeiro.

Como Isaque apreciava comer o produto da caça, ele pediu a Esaú que fosse caçar alguma coisa e a preparasse para ele comer, após o que ele lhe abençoaria.

Rebeca ouviu, e imediatamente contou a Jacó e ordenou que ele pegasse dois cabritos, que ela cozinharia para ele levar ao seu pai e receber a bênção ele próprio. Até aí, tudo bem.

Mas pela resposta de Jacó vemos que a intenção era de fazer Isaque, cego, pensar que Jacó era Esaú pois Isaque não pretendia abençoar Jacó nessa oportunidade. Jacó não parecia hesitar em enganar seu pai: o que o preocupava era a possibilidade de ser apanhado no ato.

Jacó lembrou sua mãe que ele era liso, enquanto Esaú era cabeludo, e seu pai poderia descobrir a diferença e amaldiçoá-lo pelo que estava fazendo. Rebeca, então resolveu o problema colocando peles de cabritos nas mãos e no pescoço de Jacó, e vestindo-o com a melhor roupa de Esaú. Rebeca assumiu toda a responsabilidade pela maldição se o logro fosse descoberto.

Feita a comida saborosa, Jacó se apresentou ao pai como sendo Esaú.

Isaque estava desconfiado: primeiro por causa da rapidez, mas Jacó explicou que o SENHOR, Deus de Isaque, havia mandado a caça ao seu encontro (outra mentira!); segundo, porque a voz era de Jacó, mas ao sentir a pele peluda (do cabrito) e o cheiro da roupa (de Esaú) ele se deixou convencer que era Esaú mesmo.

Depois de comer e beber, Isaque abençoou seu filho (sem mencionar seu nome, portanto valia para Jacó!), desejando que o SENHOR lhe desse prosperidade, ascendência sobre povos e nações bem como sobre seus irmãos, reverência dos filhos, maldição a quem o amaldiçoasse, e benção a quem o abençoasse.

 O teor era diferente da bênção que Deus lhe havia dado (capítulo Gênesis 26:2-5, 24), tratando-se, portanto, de uma bênção própria de um fazendeiro riquíssimo e independente como ele era, para o seu herdeiro (à qual Jacó já havia obtido o direito por abdicação de Esaú).
Logo depois que Jacó saiu, chegou Esaú com a sua caça, que ele preparou (ninguém lhe disse nada) e levou para seu pai, pedindo-o para comer e abençoá-lo.

Isaque então descobriu que fora logrado, mas que nada podia fazer: não podia voltar atrás! Decerto percebeu que, sem querer, havia feito a coisa certa.

Esaú se sentiu defraudado do seu direito à bênção que seu pai queria lhe dar, e ficou muito amargurado. Apesar disso, ainda intercedeu com Isaque para que ele o abençoasse.

Parece que Isaque não havia pensado em reservar nada para Jacó, pois em sua bênção estava seu testamento, deixando para o herdeiro o senhorio sobre toda a família e propriedades. 

Jacó agora ficava com isso, e nada sobrava para Esaú. Mas Isaque amava muito a Esaú, e vendo-o chorar, abençoou-o da forma que ainda melhor podia: ele iria viver em lugares áridos, longe das terras férteis, vivendo da espada e servindo ao seu irmão; mas um dia livrar-se-ia dele.

Por causa disso, Esaú resolveu assassinar Jacó assim que Isaque morresse.

Rebeca descobriu o que Esaú pretendia fazer, chamou Jacó e mandou que ele saísse de casa e fosse até Harã ficar com seu irmão Labão por alguns dias, até que passasse o furor de Esaú. Ela então mandaria chamá-lo.

Para Isaque, ela justificou a saída de Jacó com o fato que ele precisava achar esposa para si, e não convinha que ele a procurasse entre os cananeus: ela já estava aborrecida com as duas esposas cananeias de Esaú, e não queria mais uma nora desse tipo!

Mediante essa tramóia, Jacó obteve a bênção desejada, mas algumas das conseqüências foram penosas para ele:
  • depois que ele partiu, nada mais lemos sobre Rebeca, a não ser que foi sepultada na caverna de Macpela (capítulo Gênesis 49.31). Talvez eles não se encontraram mais.
  • Esaú enfureceu-se tanto que planejou matá-lo, obrigando-o a fugir de casa.
  • enganado pelo seu tio Labão, foi obrigado a trabalhar para ele por 20 anos.
  • seus filhos brigavam entre si.
  • Esaú deu origem a uma nação inimiga.
  • Jacó ficou no exílio por muitos anos.

Que Deus te abençoe!!

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