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1 Samuel 24 - Davi corta a orla do manto de Saul / Davi poupa a vida de Saul




(1 Samuel 24.4-6 ''Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia, do qual o SENHOR te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem aos teus olhos. E levantou-se Davi, e mansamente cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que depois o coração doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul. E disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do SENHOR.'')


DAVI POUPA A VIDA DE SAUL


Davi e os seus homens estavam abrigados na região de Adulão, onde havia cavernas para se esconderem do rei Saul e seus asseclas, quando receberam notícia que os filisteus haviam atacado as eiras dos habitantes de Queila. Esta era uma cidade de Judá, distante uns cinco quilômetros ao sul de onde eles estavam, na fronteira do território dos filisteus.

As eiras eram áreas circulares abertas no campo, onde se separava o grão do trigo. Ao atacar as eiras, os filisteus roubavam os israelitas das suas provisões de cereais.
Antes de tomar qualquer providência, Davi consultou ao SENHOR para saber se deveria ir ferir os filisteus. Ao invés de procurarmos saber a vontade de Deus depois de entrar numa situação difícil, ou de pedir o seu socorro para evitar as conseqüências de decisões apressadas, deveríamos tomar algum tempo para descobrir qual é realmente a Sua vontade. Podemos descobrí-la através do conselho de outros, da Sua Palavra, da direção do Espírito Santo em nossas mentes, bem como das circunstâncias.
Com ele estava o sacerdote Abiatar que trazia a estola sacerdotal. Nela estavam o Urim e Tumim, possivelmente duas pedras preciosas que eram colocadas dentro do peitoral. Podem ter sido usadas para determinar a vontade de Deus mediante sorteio (Êxodo 28.30, Levítico 8.8, Números 27.21; Deuteronômio 33.8; 1 Samuel 28.6; Esdras 2.63; Neemias 7.65).
Recebendo a aprovação do SENHOR, Davi foi com seus homens a Queila, desbaratou os filisteus e salvou os moradores de Queila.
Queila era uma cidade fortificada, cercada por um muro. O muro protegia os habitantes dos assaltantes, mas também os prendia se estivessem cercados por inimigos. O rei Saul achou providencial que Davi e seus homens estivessem ali, e chamou todo o povo para irem cercar a cidade.
Ele queria tanto matar Davi, que estava disposto a aceitar qualquer coisa como sinal que Deus aprovava o seu ato. Nenhuma oportunidade que nos apareça para fazer alguma coisa errada deve ser interpretada como sinal da aprovação divina. Quando nos vêm as oportunidades, examinemos bem os nossos motivos e nos certifiquemos que estamos fazendo a vontade de Deus e não só a nossa.
Davi sabia que estava vulnerável e que Saul planejava o mal contra ele, portanto novamente consultou o SENHOR. Vemos como formulou as perguntas através de Abiatar, com a estola sacerdotal:
  1. Orou primeiro ao SENHOR, explicando a situação.
  2. Perguntou se Saul realmente desceria para prendê-lo.
  3. Perguntou se os homens de Queila o entregariam a Saul.
Notemos que as respostas eram próprias para um sorteio, "sim" ou "não". As respostas que recebeu às duas perguntas foram positivas. Não se tratava, é claro, de uma profecia, mas de um esclarecimento sobre o que Saul e os homens de Queila estariam dispostos a fazer.
Davi e seus homens saíram portanto de Queila e se foram sem rumo certo, o que evitou que pudessem ser perseguidos. O deserto de Judá é uma região árida e inóspita entre a região montanhosa e o mar Morto. Existem ali muitas cavernas e desfiladeiros onde eles podiam se refugiar de Saul. O deserto de Zife é um planalto árido que ficava 6,5 quilômetros a sudeste de Hebrom. Saul não conseguiu achá-los.
No entanto, seu amigo Jônatas foi até onde ele se achava e encontrou-o. Jônatas fortaleceu a confiança de Davi em Deus, declarando que Saul não iria encontrá-lo para fazer-lhe mal, que era do conhecimento dele e do seu pai que Davi ia ser rei, e se dispôs a ser o segundo no seu reino.
Eles ali renovaram a sua aliança perante o SENHOR e partiram, indo Davi para o deserto e Jônatas para a sua casa. A atitude de Jônatas nesta ocasião nos lembra João Batista, que disse, a respeito do Senhor Jesus: "convém que Ele cresça e que eu diminua" (João 3.30). 

Talvez foi a última vez que se encontraram. Eles eram verdadeiros amigos, encorajando um ao outro e fortalecendo a sua fé em Deus mutuamente.
Mesmo no deserto de Zife havia gente disposta a trair Davi. Ele teve que sair de lá mas, eventualmente, o rei Saul conseguiu cercar Davi e os seus homens quando se refugiavam sobre uma rocha. Decerto teriam sido apanhados, se não houvesse chegado uma notícia a Saul que os filisteus estavam invadindo a terra. Saul teve que abandonar a perseguição e correr para enfrentar os invasores. Vemos aqui que Deus interveio na hora certa, fazendo uso dos filisteus quando a situação parecia desesperadora para Davi.
Davi foi, com seus companheiros, até um oásis a leste de Hebrom, acima das margens do mar Morto, chamado En-Gedi (fonte do cabrito). Era um bom lugar para se refugiar, porque existem muitas cavernas por ali, e podem ser vistas ainda hoje. Algumas eram usadas como residência e túmulo, mas as maiores podem abrigar milhares de pessoas.
O rei Saul perseguiu os filisteus, depois voltou e soube onde Davi estava. Reuniu então um exército formidável de três mil homens, escolhidos entre todo o Israel e foi ao encalço de Davi e dos seus seiscentos homens (mais ou menos).
Chegando ali, Saul entrou numa dessas cavernas para aliviar-se, sem saber que Davi se encontrava assentado no fundo com seus homens. Estes logo perceberam a oportunidade que se oferecia e concluíram que o SENHOR havia entregue o rei Saul a Davi.
Davi foi furtivamente até onde Saul estava, mas apenas cortou a orla do manto de Saul (que ele provavelmente havia tirado e colocado à parte), e voltou para onde estavam os seus homens.
A consciência de Davi ficou perturbada, pois tocar as vestes de Saul eqüivalia a tocar a pessoa do rei, e Davi sabia ser errado erguer a mão contra o rei ungido pelo SENHOR. Ele declarou isso aos seus homens, e com isso conteve aos seus homens, não permitindo que fizessem mal a Saul.
Embora Saul estive sendo rebelde a Deus, Davi ainda respeitava a posição que ele ocupava como o rei ungido por Deus. Sabia que um dia ia tomar o seu lugar, mas também que não lhe competia eliminá-lo ele próprio.
Deixando Saul se retirar da caverna e prosseguir no seu caminho, Davi também saiu e gritou para Saul: "ó rei, meu senhor". É Deus quem dá poder e autoridade aos reis e governadores deste mundo (Romanos 13.1-7). Embora sem saber a razão, devemos respeitá-los, como Davi, e obedecê-los a não ser em algo que nos torne desobedientes a Deus, a autoridade suprema.
Em atitude de completa submissão, Davi declarou ao rei como teve a sua vida em suas mãos dentro da caverna, mas que o havia poupado porque era o ungido de Deus. Mostrou-lhe a orla que havia cortado da sua capa, como prova de que não o queria mal nem era rebelde. 

Declarou que deixava a justiça nas mãos do SENHOR, mas que nunca levantaria a mão contra Saul. Manifestou surpresa por ser perseguido por Saul, sendo que era absolutamente inofensivo ao rei.
Parece que, ao ver e ouvir isso, Saul sinceramente se arrependeu, chegando a chorar de emoção. Ele reconheceu que Davi lhe havia pago o mal com o bem, o abençoou por isso e afirmou que estava convencido que Davi seria rei, definitivamente. 

Pediu que Davi jurasse não eliminar a sua descendência (como é costumeiro ao entrar uma nova dinastia), nem os deserdasse. Isto Davi jurou, e Saul voltou para sua casa. Infelizmente seu remorso foi por pouco tempo.
Davi já não confiava mais em Saul, por isso subiu com seus homens ao lugar seguro.

Que Deus te abençoe!

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