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Gênesis 41 - José interpreta os sonhos de Faraó / Faraó põe José como governador do Egito




A BIOGRAFIA DE JOSÉ – O GOVERNADOR DO EGITO QUE SABE SER INSTRUMENTO PARA A CONSERVAÇÃO DE ISRAEL

- Inicia-se, então, a quarta e última fase da vida de José, que terá a duração de 70 anos (pois José morre com 110 anos, tendo assumido o governo do Egito com 30 – Gênesis 50.26): a fase em que José é governador do Egito, em que será considerado “o salvador do mundo”, conforme o nome que lhe pôs Faraó (Zafenate-Panéia – Gênesis 41.45).

- José vê o cumprimento literal da interpretação dada aos sonhos de Faraó. Durante sete anos a terra produziu abundantemente e, conforme havia sugerido a Faraó, José inicia o armazenamento da produção, a fim de enfrentar os anos de fome que se seguiriam aos anos de abundância. José manteve, assim, a excelência do serviço, mesmo agora sendo o governador do Egito. 

A primeira atitude de José foi “passar por toda a terra do Egito” (Gênesis 41.46), atitude extremamente sábia, a fim de conhecer toda a terra que governaria e a usar de toda a observação cuidadosa, que sempre fora a sua qualidade, desde os tempos da casa de seu pai. A constância faz parte da integridade e, por isso, o apóstolo recomenda aos servos do Senhor que sejam firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor (I Coríntios 15.58).

 - Como é triste verificar que muitos que começam bem na vida espiritual, cedo se desvirtuam, cessam de manter a mesma conduta e linha que a levaram até uma posição de destaque, seja na vida secular, seja na vida material. Devemos nos lembrar que a fidelidade não leva em conta se estamos em posição elevada ou em posição humilde. 

A fidelidade tem a ver com o nosso compromisso diante de Deus. Quem é fiel no pouco (e tudo quanto venhamos a angariar neste mundo é pouco ante a glória que nos está reservada – Romanos 8.18), também o será no muito (Mateus 25.21-23). A vitória encontra-se no fim. Nunca nos esqueçamos disto!

 - José, enquanto governador do Egito, continuou a ter a mesma integridade de seu tempo de filho predileto, escravo na casa de Potifar e preso na casa do cárcere. Ele era o mesmo, pois a pessoa íntegra, como vimos supra, é aquela que é o que é, que tem todo o seu ser completamente entregue nas mãos do Senhor, que O serve de coração inteiro. Prova disto é o nome que deu a seus dois filhos. O primeiro recebeu o nome de Manassés (em hebraico, “Menashe”), cujo significado é “que faz esquecer”, porque José entendeu que a vinda de seu filho era uma forma de Deus fazê-lo esquecer o seu sofrimento e a casa de seu pai, já que agora possuía uma família(Gênesis 41.50). 

Nesta sua expressão, vemos como José punha a Deus em primeiro lugar na sua vida e como tinha consciência de que Deus sempre estivera com ele durante todos os anos de provação. O segundo foi chamado Efraim, cujo significado é “frutífero”, querendo com isto dizer que Deus o havia feito crescer na terra da sua aflição (Gênesis 41.52), mais uma vez revelando que Deus continuava a ser o principal alvo de sua vida.

 - A propósito, vemos que José constituiu família, mediante casamento que lhe foi determinado por Faraó, com a filha de Potífera, sacerdote de Om (Gênesis 41.45). 
Vemos, pois, como Deus honra aqueles que O honram. Mesmo em terra estranha, com outros costumes e uma moralidade bem diferente daquela da casa de seu pai, José teve o beneplácito do Senhor que permitiu que, apesar da diversidade de costumes, fosse mantida a moralidade de José. 

José, assim, casou-se e pôde ser pai dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Senhor. Este é um exemplo para nós: ainda que estejamos em culturas diferentes, nada justifica sairmos dos mandamentos e princípios bíblicos, pois a Palavra de Deus é atemporal e não muda onde quer que estejamos, seja qual for a época em que vivamos, pois permanece para sempre (I Pedro 1.25), jamais passará (Lucas 21.33).

 - Passaram-se os anos de abundância e os anos de fome chegaram (Gênesis 41.53). 
Era este o instante do grande teste de José, não só como governador do Egito, mas diante de sua própria família. Jacó mandou que seus filhos fossem buscar alimento no Egito e eles foram imediatamente reconhecidos por José (Gênesis 42.6-7). 

Cumpriu-se, então, o primeiro dos sonhos, quando os irmãos se inclinaram diante de José. Neste instante, José não era mais aquele que queria ser reconhecido como líder junto a seus irmãos. Era alguém que entendia tudo o que se havia passado com ele. Nos anos de fome, fora posto perante o governo do Egito para poder conservar com vida a casa de seu pai e, assim, pudessem ser cumpridas as promessas dadas a Abraão, Isaque e Jacó.

 - José não se fez conhecer logo aos seus irmãos, mas, numa série de testes, procura fazê-los se arrepender do mal que lhe haviam causado. José não quis vingar-se de seus irmãos, pois entendeu qual fora o propósito divino (Gênesis 50.19-21), mas também compreendia que eles precisavam confessar e se arrepender do mal que lhe haviam intentado. O mal fora convertido em bem pelo Senhor, mas tinha de ser confessado pelos seus irmãos, para que a vitória fosse completa.

 - Os testes que José empreende a seus irmãos, desde então, têm esta finalidade e alcançam o seu objetivo. Seus irmãos confessam, diante de Deus (não sabiam sequer que José os compreendia, visto que falavam na sua própria língua no Egito), a falta cometida, trazem Benjamim, o único irmão germano de José, que, assim, comprova que eles não haviam destinado a Benjamim o ódio que tinham tido em relação ao primogênito de Raquel e, ante tais considerações, então, José se faz reconhecer a seus irmãos e se opera a reconciliação.

 - José, então, faz vir todo o clã para o Egito, onde se estabelecem na terra de Gósen, a melhor porção do país, onde continuam a criar o gado, sua principal atividade. Os filhos de Israel ganham, assim, um território e condições altamente favoráveis para a sua multiplicação, iniciando-se a última fase da formação do povo escolhido de Deus. 

Como, sem o saber, profetizara Faraó ao dar o nome egípcio de José, este tinha sido um verdadeiro instrumento de Deus para a salvação da humanidade, na medida em que foi o meio pelo qual o Senhor tratou de formar o povo de onde viria Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

 - José bem revela esta consciência quando determina que seus ossos sejam levados juntamente com o povo quando eles saíssem do Egito (Gênesis 50.25). 

José sabia que não poderia ser enterrado como seu pai na terra de Canaã, diante de sua posição como governador do Egito, mas também sabia que pertencia ao povo de Israel, que era um instrumento nas mãos de Deus para a preservação deste povo e que, assim como Deus lhe prometera posição de proeminência e cumprira Sua promessa, também cumpriria o que revelara a Abraão (Gênesis 15.13-16). 

Era alguém que, embora tivesse plena consciência de seu papel na face da Terra, não abria mão daquilo que lhe estava reservado no plano espiritual, na dimensão celestial.

- Assim, o José próspero, o José rico, o José governador do Egito, honrado e com vestidos de linho fino era, mais do que tudo, o José que tinha consciência do propósito divino, da necessidade de ser instrumento para a salvação, o José que não queria que nem seus ossos ficassem no Egito. 

Como é diferente este José deste que tem sido pregado pelos arautos da teologia da prosperidade, um José que se compraz com as benesses do Egito. Este José destes pregadores não é, em absoluto, o José da Bíblia, não é o modelo de desprendimento das coisas desta vida que devemos seguir. Que não queiramos nem que nossos ossos permaneçam no Egito!

Conclusão

  • O QUE APRENDEMOS A FAZER COM JOSÉ

 José é, conforme ensinam os estudiosos da Bíblia, um dos mais eloqüentes tipos de Jesus, ou seja, uma personagem que apresenta e antecipa algumas das características do nosso Salvador, que busca nos trazer lições das vidas de personagens bíblicas a fim de que aprimoremos o nosso caráter cristão.

- Mas, em virtude desta “eloqüência tipológica”, temos em José diversas e preciosas lições de condutas que devemos tomar ao longo de nossa vida debaixo do sol. 

A primeira diz respeito à prioridade da comunhão com Deus como atitude que devemos tomar.

- José, em todos os momentos de sua vida, foi uma pessoa que se preocupou em agradar sobretudo a Deusem ter o seu relacionamento com Deus como prioridade

José priorizou este relacionamento com o Senhor e não esmoreceu mesmo quando foi repreendido por seu pai, por causa de um sonho que teve da parte do Senhor ou quando foi para a prisão por ter se recusado a violar a lei do Senhor ante a oferta de adultério por parte da mulher de seu senhor. 
Esta dedicação extrema ao Senhor, devoção, piedade e integridade é, sem dúvida, uma das mais preciosas lições que extraímos da vida de José. 

Pensamos nas coisas que são de cima? (Colossenses 3.1-2 "
Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;')  

Estamos realmente mortos para o mundo? (Romanos 6.2 "
De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?")(Colossenses 3.3 "Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus".

Não mais vivemos, mas Cristo vive em nós? (Gálatas 2.20 "
Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".)

A segunda lição que José nos dá é a de que fidelidade a Deus independe das circunstâncias. 

Decidido a servir a Deus, José o faz na casa de seu pai, como escravo em terra estranha, na casa do cárcere como preso injustiçado e no palácio de Faraó, como governador do Egito. José foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceu ao longo da vida. Esta firmeza e constância é algo que devemos reproduzir no nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame para a Sua glória. 

O Senhor é bem claro em Sua carta à igreja de Esmirna, uma igreja onde não havia qualquer senão: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”(Apocalipse 2.10). 

Como está a nossa fidelidade? Não nos esqueçamos do que diz o apóstolo: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (II Timóteo 2.13).

A terceira lição que aprendemos com José é o da excelência de serviço, da dedicação e do esforço. 

José sempre se apresenta nas Escrituras como uma pessoa zelosa da qualidade de seu serviço, seja como prestador de informações ao seu pai, como escravo na casa de Potifar, como servo dos presos a cargo do carcereiro-mor, seja como governador do Egito. 

José sempre fez o melhor que podia em todas as atividades que assumiu, não sendo preguiçoso, deslocando-se sempre que necessário, sempre pronto a servir e a atender aos seus superiores e a todos quantos lhe procurassem. Conhecido lema diz que “quem não vive para servir, não serve para viver” e esta é uma afirmação que tem pleno respaldo bíblico. 

José era, antes de tudo, um servidor e um servidor de qualidade, cujo trabalho sempre fazia que alcançasse graça aos olhos de seus superiores. 

Devemos servir desta mesma maneira, não só a Deus, mas também a todos quantos o Senhor põe para serem servidos por nós (Efésios 6.5-8 "
Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre".).

A quarta lição que temos na análise da vida de José é a necessidade de mantermos a pureza, a separação do pecado para que tenhamos a companhia de Deus

Como vimos, mais de uma vez a Bíblia diz que o Senhor estava com José e esta afirmativa encontra uma necessária e indispensável correspondência: José não estava com o pecado. No episódio da mulher de Potifar, vemos bem explicitamente esta correlação, que é fundamental para que sejamos espiritualmente vitoriosos. 

Esta é a realidade que muitos têm procurado esconder. João é bem claro: “Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não O viu nem O conheceu” (I João 3.8), ou, ainda, “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (I João 5.18). 
Podemos dizer que somos nascidos de Deus, que vemos e conhecemos a Jesus?

A quinta lição que temos ao estudarmos a vida de José é a do perdão. José jamais se vingou daqueles que lhe prejudicaram. 

Tendo comunhão com Deus, soube entender que as adversidades que sofreu na sua vida foram fruto ou de sua imaturidade espiritual ou da provação divina, contrariedades necessárias para que fosse devidamente capacitado para o exercício da tarefa que Deus lhe cometera. Isto vemos claramente quando, após a morte de seu pai, José dirige-se a seus irmãos e afirma que 
Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida. (Gênesis 50.20). 

É o mesmo grau de consciência que teve o apóstolo Paulo ao afirmar aos romanos que 
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8.28).

 - José, mesmo tendo alcançado o governo do Egito, não procurou vingar-se de seus irmãos, nem tampouco da mulher de Potifar. Buscou tão somente compreender o propósito divino para tanto sofrimento e corresponder aos objetivos traçados pelo Senhor neste aprendizado. Assim como ele, devemos também perdoar, para que não soframos como o credor incompassivo da parábola contada pelo Senhor Jesus (Mateus 18.23-35).

A sexta lição que temos com José é o da prioridade das bênçãos espirituais. 

José era governador do Egito, o segundo homem do mais poderoso país daquele tempo, homem que desfrutava da plena confiança de Faraó. Seria natural, ainda mais diante da traição sofrida na casa de seu pai, que se apegasse às riquezas do Egito, à sua posição social, ao seu poder político. No entanto, José fez seus irmãos jurarem que levariam seus ossos para Canaã assim que eles retornassem para a Terra Prometida. 

José não se impressionou com as bênçãos terrenas que receberamas mantinha sua esperança na Terra Prometida, ou seja, nas promessas dadas por Deus a Abraão, Isaque e Jacó. 

José inclui-se entre aqueles que o escritor aos hebreus afirmou que "
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar." (Hebreus 11.13-15) 

O que temos buscado nesta vida? Uma posição social, riqueza, poder? 

"Se esperamos em Cristo somente nesta vida somos os mais miseráveis dos homens" 
(I Coríntios 15.19). 

Mas aprendamos com José e não tenhamos a nossa vida por preciosa, mas procuremos ter como alvo a vida eterna, considerando a nossa vida debaixo do sol tão somente como uma carreira e um instrumento para exercermos o ministério, o serviço que nos foi dado pelo Senhor Jesus (Atos 20.24 "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.").

A sétima lição que aprendemos com José é decorrência desta consciência, a saber, a humildade de espírito. 

Mais um servo do Senhor que se apresenta como submisso à vontade do Senhor, que sabe que o homem nada mais é que um mordomo do Criador dos céus e da terra. 
José, mesmo sendo governador do Egito, diante de seus irmãos, afirmou que era apenas um instrumento para a conservação do povo de Israel, uma peça no propósito divino. 

José sempre soube manter o seu lugar, seja na casa de Potifar, seja na casa do cárcere, seja no palácio de Faraó. Sempre vemos José se apresentando com lealdade e submissão aos seus superiores, conseqüência direta da vida de comunhão que tinha com Deus. 

Sabemos ocupar convenientemente o nosso lugar? Temos impedido que a vaidade e o orgulho nos dominem?

Neste ponto, aliás, José é, mais uma vez, um tipo de Jesus Cristo, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo (Filipenses 2.6,7 "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;"

(I Coríntios 15.28 "
E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos."). 

(Mateus 11.29 "
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.").
  • O QUE APRENDEMOS A NÃO FAZER COM JOSÉ
A primeira lição do que não fazer com a vida de José tem a ver com a má fama que costumava levar de seus irmãos (Gênesis 37.2)

Embora devamos sempre falar a verdade e a omissão intencional, a chamada “meia-verdade”, seja uma “mentira inteira” e, portanto, não é atitude que possa ser cometida por um servo do Senhor, temos que nem por isso se deva esmerar-se em trazer má fama de terceiros a alguém. O prazer em difamar, a “especialização em encontrar defeitos e erros nos outros” tem como conseqüência única a criação de inimizades e invejas e a Bíblia nos ensina que, "enquanto estiver em nós, devemos ter paz com todos os homens" (Romanos 12.18). 

Foi o que ocorreu com José, que passou a viver uma luta incessante dentro de sua própria casa (Gênesis 37.4), a ponto de terem seus irmãos o aborrecido tanto que o quisessem matar, o que não se fez única e exclusivamente por intervenção do Senhor no negócio.

- Muitos poderiam dizer que era plano de Deus que José fosse enviado ao Egito. Não resta dúvida de que se tratava, mesmo, do propósito divino, mas a situação de beligerância na casa de Jacó, a inimizade, as porfias e o mal-estar resultante da “especialização em divulgação de má fama” por parte de José era fruto único e exclusivo de seus erros, não estava no propósito divino de conservação do povo de Israel. 

As contrariedades e angústias sofridas por José no seu relacionamento com os irmãos eram resultado desta sua ação imatura, nada tendo que ver com o plano divino estabelecido para ele e para Israel.

A segunda lição do que não fazer que José nos dá, é o desejo de nos impormos diante dos nossos semelhantes, ante a revelação divina de nosso chamado. 

José, celeremente, contou a seus irmãos e, depois, a seu pai, os seus sonhos, sonhos que vinham da parte de Deus, com quem tinha comunhão, querendo, com isto, impor-se como líder junto a sua família, não porque fosse ambicioso e almejasse o mando, mas porque tinha a convicção de que fora escolhido por Deus para exercer, na família, uma proeminência.

Entretanto, devemos aprender que aquilo que Deus nos revela não deve ser alardeado aos quatro ventos, senão no momento oportuno. O mesmo Senhor que revela é o Senhor que manifesta o que tem preparado para nós no seio de nossa comunidade (família, igreja local, sociedade), de modo natural e sem qualquer necessidade de coação ou persuasão humana. 

Deus está no completo controle da situação e, quando nos revela algo, devemos tão somente nEle esperar, pois, no momento oportuno, Deus nos levará ao lugar e posição previamente revelados. O objetivo da revelação de Deus a cada um de nós é para que nos preparemos, iniciemos o aprendizado necessário para exercermos aquilo que Deus está a nos dar e não para que, mediante a divulgação da revelação, os outros reconheçam, desde logo, a nossa vocação. 

A vocação (ou chamada) é de Deus para nós, nada tendo os outros que ficar sabendo dela antes do momento oportuno, que é estabelecido por Deus e será manifestado a todos. Até lá, fiquemos em o nosso lugarpreparando-nos e nos esforçando para atendermos a este chamado do Senhor. A vocação é para nós (I Coríntios 7.20 "Cada um fique na vocação em que foi chamado.")

(II Timóteo1.9 "
Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;"

(II Pedro 1.10 "
Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis."), não para os outros.

A terceira lição que aprendemos com os erros de José é a de jamais podemos ir ao encontro dos inimigos desprevenidos e confiantes em nós mesmos. 

É preciso estarmos vigilantes e não vacilarmos, não só quando formos ao encontro do adversário, como ocorreu com José, mas sabendo que, em os nossos dias, é o adversário que sempre está vindo ao nosso encontro (Tiago 4.7 "
Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.")

(I Pedro 5.8 "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;"). 

As duas vezes em que José enfrentou seus adversários desta maneira, sofreu revezes. 
Ao ir ao encontro dos irmãos totalmente desguarnecido, confiante apenas na sua “túnica de várias cores”, ou seja, na sua condição de filho predileto, perdeu a túnica, foi lançado na cova, só não foi morto pela misericórdia divina que se utilizou do seu irmão mais velho, Ruben, para impedir o assassínio e foi vendido como escravo. 

Ao ficar sozinho na casa de Potifar, tendo apenas o seu vestido de escravo principal, também foi atacado pela mulher de seu senhor, que conseguiu retirar o seu vestido e caluniá-lo, obrigando seu senhor a mandá-lo para a casa do cárcere.
- Não podemos enfrentar o nosso adversário, que é o diabo (I Pedro 5.8), desguarnecidos, desarmados, desprotegidos. 

Muitos têm fracassado espiritualmente porque vão aonde está o inimigo confiantes em si mesmos, em sua posição, em sua experiência, em sua habilidade. Não podemos ignorar os ardis de Satanás (II Coríntios 2.11) e devemos estar plenamente conscientes de que, para lutarmos contra as hostes espirituais da maldade, é imprescindível que estejamos devidamente armados com a armadura de Deus (Efésios 6.11-13). 

Nos dias difíceis em que vivemos, muitos têm caído nas ciladas do diabo, diabo que faz questão de divulgar, como pai da mentira que é (João 8.44), de que ele não existe ou de que não tem como atacar ou se aproximar dos servos de Deus. Isto é mentira, povo de Deus! 

Ele anda ao derredor buscando a quem possa tragar, tendo uma atividade incessante e crescente em os nossos dias, não cessando de nos acusar dia e noite diante de Deus (Apocalipse 12.10). "Não deis lugar ao diabo" (Efésios 4.27). Não vacilemos, como fez José.

A quarta lição que tem José como contra-exemplo refere-se à “manutenção de um resíduo de ego” na nossa vida com Deus. 

Ao interpretar o sonho do copeiro-mor, José pediu ao alto funcionário de Faraó que se lembrasse dele quando fosse restituído a seu posto. Embora já fosse prudente na divulgação das revelações divinas, embora fosse cuidadoso no relacionamento com as demais pessoas, embora não mais procurasse divulgar má fama de quem quer que fosse, José ainda mantinha um “resíduo de eu”, tinha ainda uma pequena preocupação consigo mesmo e com a sua sorte na vida debaixo do sol.

- O servo do Senhor, porém, diz-nos a Bíblia Sagrada, deve renunciar a si mesmo         (Mateus 16.24 "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;"), renúncia completa e irrestrita, sem qualquer resíduo. 

Quem quiser ganhar a sua vida, perdê-la-á, diz o Senhor Jesus LEIA: (Mateus 10.39;      Mateus 16:25; Marcos 8.35; Lucas 9.24; Lucas 17.33; João 12.25), em diversas oportunidades, ensino repetido em todos os quatro Evangelhos, a demonstrar a sua importância. 

Muitos são os que, nos dias de hoje, perdem a sua vida porque procuram reservar algo para si, ainda que mínimo, não aceitando a oferta de renúncia. Jesus tudo deixou para morrer em nosso lugar e devemos seguir o Seu exemplo. José foi esquecido pelo copeiro-mor, porque este “resíduo de eu” ainda o impedia de poder ser um eficaz instrumento divino para a salvação da humanidade. 

Só depois que houve a completa renúncia, o que se demonstra pela total falta de preocupação consigo mesmo no instante em que José interpretou os sonhos de Faraó é que se teve a exaltação e a colocação de José no lugar que lhe havia sido prometido 17 anos antes. 


Temos estado dispostos a renunciar a nós mesmos?



Deus te deu 24 horas no dia, então reserve um tempo para ele, e seja abençoado!

Repasse essa mensagem para outras pessoas. Vamos semear!


Deus te abençoe!

Gênesis 39 - José na casa de Potifar




A BIOGRAFIA DE JOSÉ – DE ESCRAVO A GOVERNADOR DO EGITO

 - No Egito, inicia-se a segunda fase da vida de José. Não era mais agora o filho predileto na casa de seu pai, mas um escravo em terra estrangeira. Deus já mostra a Sua presença ao fazer com que José seja comprado por um alto funcionário da corte de Faraó. 

Potifar era o capitão da guarda, o encarregado da segurança de Faraó e de seus palácios, de modo que José é introduzido, ainda que na condição de escravo, num ambiente privilegiado. Esta circunstância, também, mostra-nos que José era um jovem de boa aparência e de boa saúde, pois foi adquirido por um alto funcionário do reino, a revelar que foi avaliado por um alto preço e que se tratava de um produto precioso.

- Temos já, aqui, uma importante lição a ser ensinada aos jovens da igreja, em um tempo tão difícil em que a adolescência e a juventude são instadas pelo adversário de nossas almas a uma vida desregrada e voltada para os prazeres mundanos. 

José, apesar de ter padecido numa cova sem água, apesar de todo o grande sofrimento físico e moral, foi avaliado por um alto preço e considerado uma mercadoria de luxo, porque era pessoa que cuidara de sua saúde física e mental. 

Da mesma maneira, os jovens e adolescentes cristãos devem cuidar bem de seu organismo, servindo a Deus e rejeitando todas as ofertas malignas deste mundo, em especial, o uso de drogas, lícitas (tabaco, álcool, remédios) ou ilícitas (os entorpecentes em geral), bem como ter um modo de vida equilibrado, evitando freqüentar ambientes indecorosos e nocivos tanto à saúde física quanto mental (“baladas”, “raves”, mesmo as chamadas “evangélicas”), assim como excessos, tendo sempre um bom período de sono e não se escravizando diante de jogos eletrônicos, programas de televisão e tantas outras atividades cujo objetivo é tão somente desviar o jovem de um sadio relacionamento com Deus e com os homens. 

José não era pessoa descuidada e pôde, por causa disto, ser abençoado pelo Senhor, mesmo em uma situação tão adversa.

 - Apesar de ter perdido a condição de filho predileto na casa de seu pai e de, agora, ser um escravo em terra estrangeira, José não havia perdido a companhia do Senhor. O texto sagrado é enfático ao afirmar que “E o Senhor estava com José” (Gênesis 39.2). José não se revoltara contra o Deus de seu pai, mas, mesmo diante de tantas adversidades, manteve a confiança e a dedicação ao Senhor. 

Revela-se, então, a integridade do jovem José. Ele decidira servir a Deus e, agora, em uma situação tão difícil, em terra estranha, longe de sua família, traído pelos seus irmãos, José mantém a mesma posição diante de Deus. Continuou a servi-lO, a amá-lO, pois amar a Deus é fazer o que Ele manda (João 15.14 "Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando").

- “Integridade” significa, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “estado ou característica daquilo que está inteiro, que não sofreu qualquer diminuição; plenitude, inteireza; característica ou estado daquilo que se apresenta ileso, intato, que não foi atingido ou agredido; 
Caráter, qualidade de uma pessoa íntegra, honesta, incorruptível, cujos atos e atitudes são irrepreensíveis; honestidade, retidão; característica de quem é inocente, puro; pureza, inocência”. 

José demonstrou esta característica ao se manter fiel a Deus apesar de todas as suas adversidades. Era agora um escravo em terra estranha, mas Deus estava com ele. 

E por que Deus estava com ele? Porque José se manteve fiel ao Senhor? 

Como disse o salmista: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade”(Salmos 145.18). 

José servia verdadeiramente a Deus, adorava a Deus pelo que Ele é, não pelo que Ele fazia ou deixava de fazer e, por isso, o Senhor estava com ele.

 - Temos sido íntegros em nosso viver? Servimos a Deus tanto na alegria como na tristeza, tanto quando estamos em uma situação privilegiada? Como José na casa de Jacó, quanto quando estamos como escravos em terra estrangeira, completamente sós e desamparados? Temos o mesmo sentimento que teve o patriarca Jó: “…receberemos um bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10). 

Isto é ser íntegro, é ter o coração inteiramente dedicado a Deus, render-Lhe exclusiva adoração, não importando com nada que esteja à nossa volta, as chamadas “circunstâncias”. Ter “o coração inteiro” em Deus. É esta a ordem divina para os Seus servos: 
E deu-lhes ordem, dizendo: Assim fazei no temor do SENHOR, com fidelidade, e com coração íntegro". (II Crônicas 19.9).

 - Entretanto, cada vez mais pessoas estão a servir a Deus não pelo que Ele é, mas única e exclusivamente pelo que Ele faz. Não crêem no Evangelho, mas, sim, nos benefícios do Evangelho. Assim, servem a Deus somente enquanto as circunstâncias lhes forem favoráveis, enquanto estiverem desfrutando da predileção de filhos na casa do pai (aliás, estes crentes insistem em dizer que são “filhos do dono do mundo”, que são “filhos do Pai” e que “têm direitos diante de Deus”). 

Quando, porém, para seu próprio bem, são levados para a cova, perdem suas túnicas de várias cores e se tornam escravos em terra estranha, abandonam a Deus, pois não servem ao Senhor “de coração inteiro”, repetindo, assim, a triste situação do rei Amazias, que as Escrituras dizem que não serviu ao Senhor de coração inteiro (II Crônicas 25.2 ''E fez o que era reto aos olhos do SENHOR, porém não com inteireza de coração"), motivo pelo qual teve grandes fracassos em sua vida. 

Estes não frutificam e, quando o fazem, não com permanência, motivo por que não concluem a carreira que lhes foi proposta, tendo o mesmo destino daqueles que jamais serviram a Deus. Que Deus nos guarde!

 - Porque permaneceu fiel a Deus em uma situação tão adversa, José foi um varão próspero (Gênesis 39.2-3). José tem sido um de muitos exemplos que os arautos da teologia da prosperidade têm se utilizado no seu falso evangelho, mas uma análise do texto sagrado mostra como o ensino das Escrituras é exatamente o oposto do que estes gananciosos e avarentos andam pregando nos púlpitos. 

O Senhor estava com José, porque, como vimos, José não abandonou a Deus apesar de toda a adversidade e, por este motivo, Deus começou a trazer bênçãos materiais para a casa de Potifar, a fim de que o próprio capitão da guarda, pessoa ignorante das coisas de Deus, pudesse exaltar a pessoa de José em sua casa.

 - A fidelidade de José a Deus na adversidade, o reconhecimento de que Deus é soberano e que não é obrigado a nos dar abastança material foi o fator que levou o Senhor a dar prosperidade material a Potifar por causa de José. 

As bênçãos materiais descritas nesta passagem bíblica, portanto, longe de mostrar que “quem é crente, fica rico e enriquece os outros”, está a provar que o mais importante para o homem é ter verdadeira comunhão com o Senhor, desfrutar de prosperidade espiritual e que eventual prosperidade material só tem sentido, dentro dos propósitos divinos, como uma consequência da comunhão com Deus. Devemos buscar o reino de Deus e a sua justiça e o mais nos será acrescentado e na medida que esteja de acordo com os planos de Deus para a nossa vida (Mateus 6.33).

 - José manteve a mesma disposição que já demonstrara na casa de seu pai. O texto bíblico diz que José “…estava na casa de seu senhor egípcio” (Gênesis 39.2), expressão que significa que José mantinha o seu lugar, cumpria à risca os seus deveres, assim como fizera para Jacó. Era escravo, não era mais o filho predileto, mas mantinha a excelência de seu serviço, mantinha a dedicação, apesar de toda a adversidade. 

O resultado deste serviço sincero foi José se tornar o mordomo da casa de Potifar, o administrador de toda a casa, vez que achara graça aos olhos do seu senhor. A consequência deste gesto de Potifar foi a bênção de Deus sobre todo o patrimônio de Potifar.

 - José conquistou uma posição de liderança na casa de Potifar graças ao seu trabalho, ao seu esforço. Quando aliamos esforço, dedicação e excelência de serviço a uma vida de comunhão com o Senhor, certamente seremos abençoados por Deus. Não se trata de um “toma-lá-dá-cá”, de uma barganha, como se ouve na atualidade, mas, sim, do resultado do poder de Deus em nossas vidas. 

As nossas boas obras fazem com que o nome do Senhor seja glorificado (Mateus 5.16 "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".) e um bom testemunho nos traz reconhecimento na sociedade, no ambiente onde estamos. 

O “bom nome” vale mais do que as riquezas (Provérbios 22.1 "Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro".

E, quando estamos em perfeita comunhão com o Senhor, temos “o bom cheiro de Cristo”      (II Coríntios 2.15 "Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem"). Que perfume temos exalado à nossa volta?

 - José assumiu, enfim, uma posição de liderança, ainda que subordinada, visto que era o mordomo, não o dono da casa, tinha um senhor, Potifar, acima de si, mas tudo quanto estava na casa lhe havia sido entregue. Aqui já vemos que José aprendera uma importante lição: manteve a dedicação, o esforço e a excelência de seu serviço, mas não se preocupou mais em difamar quem quer que seja. 

Desta maneira, naturalmente alçou a uma posição de liderança, sem que tivesse inimizades e um estado de beligerância contra os demais escravos do seu senhor.

 - A liderança advém de uma atitude de serviço e de trabalho. Verdade é que o servo do Senhor é chamado para servir neste ou naquele lugar, seja na igreja local, seja na vida secular. Entretanto, apesar da consciência de seu chamado, o servo do Senhor não deve querer prevalecer apenas com base na divulgação das promessas de Deus, mas, sim, em termos de serviço, de trabalho, de dedicação e esforço. 

A melhor maneira de mostrarmos que temos chamada divina, que temos uma vocação do Senhor para exercer esta ou aquela tarefa é a realizando, é trabalhando. Foi assim que Jesus procedeu. 

Quando, porém, insistimos em que as pessoas creiam nas visões, revelações e profecias ditas pelo Senhor a nós, sem que nada façamos, não temos como prevalecer e geraremos tão somente inveja e oposição, que nos levarão à cova e ao Egito, até que aprendamos a lição do serviço e do esforço, sem a qual jamais poderemos ser verdadeiros líderes.

 - Mas, quando tudo parecia estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de Potifar, que a tradição judaica chama de Zuleica ou Zulaica, quis deitar-se com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gênesis 39.6). José resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor, pois, em primeiro lugar, era fiel a Deus e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina. 

Em segundo lugar, José sabia o seu lugar, “estava na casa do seu senhor” e, por isso, bem sabia que a mulher de Potifar não se encontrava entre os bens que lhe haviam sido confiados (Gênesis 39.9). Tinha plena consciência da mordomia e, por isso, negou-se a aceitar a oferta pecaminosa.

- Vemos, assim, mais um sinal de integridade na vida de José. Humanamente pensando, José nada teria a perder em aceitar esta oferta. Era rapaz jovem vigoroso e a mulher de seu senhor não devia ser feia. 

A tentação era realmente forte e, além do mais, Potifar lhe tinha absoluta confiança. No dia em que sofreu o ataque mais decidido da mulher de Potifar, não havia sequer uma testemunha que o pudesse incriminar. 

Entretanto, José não tinha a dimensão humana em vista, mas tão somente a dimensão divina. “E o Senhor estava com José”, frase que revelava a íntima comunhão que havia entre José e Deus. José não podia, de forma alguma, deixar de cumprir a Palavra de Deus, deixar de observar os princípios demonstrados pelo Deus de seu pai.

 - O exemplo de José é extremamente elucidativo nos dias de imoralidade sexual que vivemos. Ensina-se abertamente, inclusive entre “evangélicos”, que a castidade, a pureza sexual, a virgindade antes do casamento são “princípios ultrapassados”, “costumes antigos”, “falso moralismo”, pois “Deus só quer o coração”. 

A vida de José mostra, bem ao contrário, que a verdadeira comunhão com Deus, a integridade está na observância das regras éticas estabelecidas pelo Senhor na Sua Palavra, em especial as relativas à moral sexual, que impõem a atividade sexual no casamento e apenas com o cônjuge.

 OBS: Recentemente, o papa Bento XVI, em visita ao Brasil, enfatizou a necessidade de castidade antes do casamento entre os jovens, numa eloquência que deveria envergonhar a igreja do Senhor que anda se calando a este respeito, a ponto de as pedras terem de clamar. Aliás, nem todos estão a proceder assim. 

Ainda recentemente, uma famosa modelo brasileira considerou “ridícula” a defesa da castidade antes do casamento, tendo desafiado alguém que tenha cumprido esta regra. Pouco depois, um famoso jogador de futebol, que é cristão, veio a público dizer que casou virgem e que deve a felicidade de sua vida familiar a observância da Palavra de Deus. Jovens, “…este é o caminho, andai nele…” (Isaías 30.21).

 - José não levou em conta eventuais vantagens momentâneas, passageiras, mas se preocupou em continuar a servir a Deus, independentemente das circunstâncias. O resultado desta fidelidade foi o cárcere, pois, como não aceitou deitar-se com a mulher de seu senhor, ela o caluniou diante de Potifar, dizendo ter havido uma tentativa de constrangimento por parte de José. 

Era a palavra da mulher contra a de um escravo, que, embora fosse o escravo principal, não passava de um escravo e Potifar, então, mandou José para o cárcere (Gênesis 49.14-20).  Neste gesto de Potifar, porém, vemos, mais uma vez, a mão de Deus, pois o natural seria que José fosse morto. Potifar (que muito bem conhecia a sua mulher…), não podendo deixar de tomar qualquer atitude, decidiu pelo encaminhamento de José ao cárcere.

 - A calúnia da mulher de Potifar manchou a reputação de José, mas não atingiu a sua integridade. “Reputação”, diz-nos o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é o “conceito de que alguém ou algo goza num grupo humano”, “consideração”, “pensamento”, ou seja, é uma opinião que os outros têm a nosso respeito, um julgamento refletido e repetido (“Reputo”, em latim, é, literalmente, “penso de novo, penso novamente”).

 A reputação não é uma atitude nossa e, por isso, não podemos tratar as pessoas pela sua aparência, pelo que aparentam ser. Nem sempre a reputação corresponde à realidade, como nos dá a Bíblia Sagrada em alguns textos, tais como (Jó 19.22, Jó 41.27; Provérbios 17.28 e Isaías 32.15). 

Verdade é que o servo de Deus tem de ter uma conduta exemplar e que um bom testemunho faz com que as pessoas vejam as nossas boas obras e, por isso, tenhamos de ter uma boa reputação (Atos 6.3), mas isto não impede que pessoas más, mentindo, venham a injuriar, difamar e caluniar o servo de Deus, como Jesus deixou bem claro no sermão do monte (Mateus 5.11-12). 

Por isso, mantenhamos sempre a nossa integridade e estejamos certos de que, vez por outra, com base em mentiras, poderão manchar a nossa reputação. Mas, se formos íntegros, a verdade sempre aparecerá.

- Este episódio mostra-nos, claramente, que nem sempre os justos triunfam na vida debaixo do sol. Em algumas passagens bíblicas, vemos escrito que o ímpio pode chegar a dominar e a ter vantagem, mas que nada disto é comparável com o que espera o justo na eternidade. 

Dizer que o ímpio nunca tem prosperidade material, que jamais terá posição vantajosa na Terra, como se diz atualmente, não é bíblico e não corresponde à realidade. O ímpio pode, sim, ter vantagens nesta Terra, mas, certamente, na eternidade sofrerá o eterno castigo. 

Como diz Salomão: “O ímpio recebe um salário enganoso, mas, para o que semeia justiça, haverá galardão certo" (Provérbios 11.18), como também, “Eis que o justo é punido na terra; quanto mais o ímpio e o pecador!” (Provérbios 11.31). 

Nunca nos esqueçamos do que afirmou o salmista: “Porque o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Salmos 1.6). 

A diferença, ensina-nos o profeta Malaquias, será descoberta naquele grande dia, em que o Senhor julgará a todos os que não participarem da primeira ressurreição segundo as suas obras (Malaquias 3.18; Apocalipse 20.11-15).

 - José perdia, uma vez mais, o seu vestido, não uma “túnica de várias cores”, mas um vestido simples, uma vestimenta típica de escravo, mas que ficara nas mãos da mulher estranha (Gênesis 39.12,13). 

José continuava inexperiente em um aspecto: o de ir desprevenido ao encontro dos seus inimigos. Assim como ocorrera em Dotã, José ainda não se mostrara prudente o suficiente para liderar, pois se permitira ficar a sós com a mulher de seu senhor, apesar do assédio que estava a sofrer. Era ainda preciso que aprendesse algo antes que assumisse a posição que o Senhor lhe havia prometido. Esta lição, a da prudência, teria de aprender na casa do cárcere, para onde foi encaminhado (Gênesis 39.20).

 - Na casa do cárcere, temos a terceira fase da vida de José. Mais uma vez, José é humilhado, desta feita porque resolvera servir a Deus e dar-Lhe a devida obediência. Entretanto, quando nos mantemos íntegros e fiéis a Deus, Deus também o faz. 

José foi levado injustamente ao cárcere, mas ali, também, “o Senhor estava com José” (Gênesis 39.21). 
Além de estar com ele, mesmo numa situação tão difícil, a Bíblia nos diz que o Senhor “estendeu sobre ele a Sua benignidade” (Gênesis 39.21). 

O momento era assaz difícil para José, que sentia a dor da injustiça e revivia o trauma da cova em que fora lançado pelos seus próprios irmãos. Ciente desta circunstância psicológica altamente adversa, o Senhor lança sobre Seu servo a Sua benignidade, o Seu bem-querer. Este é o Deus a quem servimos. 

Apesar das dificuldades, das incompreensões, das perseguições e injustiças que sofremos por amor a Deus, saibamos que Ele nos dá a Sua benignidade. Este é o motivo pelo qual o Senhor Jesus nos ensina a nos alegrarmos e nos regozijarmos quando formos injuriados e perseguidos e, mentindo, disserem todo o mal contra nós por causa de Cristo (Mateus 5.11-12). 

Não ficamos alegres porque somos “alienados” ou “escapistas”, muito menos porque sejamos “bobos alegres”, mas porque temos o Espírito Santo e a Sua companhia, nestes instantes, torna-se muito especial, pois o Senhor estende a Sua benignidade sobre nós e sentimos quanto Ele nos ama e nos quer bem. 

Este sentimento é maravilhoso e é indescritível por quem já o sentiu. Lembremo-nos que nem os anjos resistiram a esta grande alegria, ao presenciarem o bem-querer divino em relação ao homem quando do nascimento de Jesus (Lucas 2.13-14).

 - O Senhor estava com José e José se manteve na mesma linha da vida de comunhão com o Senhor e da excelência do serviço, do esforço e da dedicação. 
O resultado não poderia ter sido outro: José achou graça também aos olhos do carcereiro-mor (Gênesis 49.21). 

Mais uma vez José faz brilhar o nome do Senhor através do seu bom testemunho e isto num tempo em que nem sequer sabia que o servo de Deus deveria ser luz do mundo. 

E nós, a quem esta verdade bíblica já foi revelada, temos sido luz do mundo? Temos sido “…irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Filipenses 2.15)?

 - José voltou a liderar, passando a ser o encarregado de todos os presos que estavam na casa do cárcere (Gênesis 49.22). O ambiente prisional não é fácil, é extremamente violento, repleto de intrigas e de crueldade. 

Ali, notadamente nos dias de José, as pessoas não tinham praticamente nenhuma esperança de sobrevivência, eram extremamente maltratados e a vida não assumia qualquer valor. 

José, porém, soube liderá-los e ganhar não só a confiança do carcereiro-mor como também dos próprios presos, pois, se assim não fosse, não teriam o copeiro e o padeiro de Faraó tido confiança em lhes contar os sonhos que tiveram, ainda mais sendo, como o eram, egípcios, altamente supersticiosos e que criam que somente os sacerdotes e magos tinham capacidade para interpretar sonhos. 

José estava, então, sem o saber, iniciando a fase final do seu aprendizado, para, então, exercer a função para a qual o Senhor o estava preparando.

- José mantinha uma excelência de serviço, tanto que foi determinado que servisse ao padeiro-mor e ao copeiro-mor, altos funcionários de Faraó que haviam sido presos (Gênesis 40.3-4). 

José era cuidadoso e zeloso em seu serviço, tanto que, ao notar que os dois estavam um dia turbados (Gênesis 40.6), perguntou-lhes porque estavam tristes e, como José tinha um bom testemunho, os dois lhe abriram o coração e lhe contaram os sonhos que tiveram. 

José, que, no passado, contava sonhos, agora está mais amadurecido e, por isso, não os conta, mas os interpreta. A interpretação dada por José cumpriu-se integralmente, mas, nem por isso, José teve mudada a sua situação. 

Apesar de seu pedido ao copeiro-mor para que se lembrasse dele quando fosse restituído a seu cargo, este não se lembrou de José, mas, antes, se esqueceu dele (Gênesis 40.23).

 - José já se tornara um conhecedor da vontade divina, já interpretava sonhos vindos da parte do Senhor, mas, ao final da sua última interpretação, mostrou que ainda faltava um pequeno pormenor para que alcançasse a bênção que Deus lhe prometeraAinda estava a pensar em si. Sabendo que o copeiro-mor seria restituído à sua função, pede que intercedesse a seu favor e que o livrasse do cárcere. 

Este pensamento em si, ainda que sutil e já enfraquecido, bem diferente da ideia de reconhecimento e aceitação junto a seus irmãos pelo simples contar do sonho, na casa de seu pai, ainda denunciava um certo “ego” na vida de José e, por isso, o Senhor não fez com que o copeiro-mor se lembrasse dele, pelo menos nos dois anos seguintes. É preciso a renúncia de si mesmo para que venhamos a seguir ao Senhor.

 - José ainda trabalhou dois anos inteiros na casa do cárcere depois que o copeiro-mor foi restituído ao seu cargo e o padeiro-mor, enforcado. Entretanto, depois destes dois anos, exatamente no dia do aniversário de Faraó (Gênesis 40.20), que este teve dois sonhos seguidos que muito o perturbaram e que não teve qualquer interpretação por parte dos magos (Gênesis 41.8). 

O copeiro-mor, então, lembrou-se de José e ele foi chamado à presença de Faraó, que lhe contou os sonhos, que foram interpretados por José (Gênesis 41.1-32).

José, então, não só interpretou os sonhos, mas deu a solução para a questão, dizendo a Faraó que deveria se prover de um varão entendido e sábio, que fosse posto sobre a terra do Egito e administrasse os anos de abundância para que, nos anos de fome, esta fosse mitigada (Gênesis 41.33-37).

 - José estava pronto para receber a promessa que Deus lhe havia feito há anos. José foi levado à presença de Faraó e interpretou os sonhos que lhe foram contados. Não era apenas mais o “sonhador-mor”, mas, sim, o intérprete dos sonhos, reconhecendo que eles e a interpretação vinham da parte de Deus. 

Não era mais alguém que contava sonhos para se dizer destinado à liderança, mas alguém que reconhecia explicitamente, e diante de um monarca que se considerava divino e regia a maior potência política da época, que Deus era o soberano e que tudo vinha dEle e alguém que não tinha mais nenhum desejo próprio, que não pensava em si, tanto que sugeriu a Faraó que indicasse um varão sábio e entendido para administrar o Egito. José era, portanto, um homem espiritualmente maduro: conhecedor da vontade de Deus, adorador de Deus e que não tinha qualquer pretensão pessoal. 

Tem havido maturidade nas lideranças de nossas igrejas locais, à luz deste exemplo de José?
 - Faraó, então, decide nomear José como governador do Egito, a quem considerou sábio e entendido, transformando-o na maior autoridade do país, devendo obediência tão somente a Faraó (Gênesis 41.38-41). 

José recebe, então, novas vestimentas, vestidos de linho fino e um colar de ouro no seu pescoço, além do anel de Faraó. Cumpria-se, então, parte dos sonhos da adolescência: José era levantado. Do cárcere para o governo do Egito, de escravo a governador, numa clara demonstração de que operando Deus, quem poderá impedir? (Isaías 43.13).

 - Todos aqueles treze anos de sofrimento e de privações 
chegavam ao fim (pois tinha 30 anos quando se tornou governador do Egito – Gênesis 41.46 tendo sido vendido pelos seus irmãos quando tinha 17 anos – Gênesis 37.2). 

Durante este período, José deixou de ser o “sonhador-mor”, o adolescente que procurava prevalecer levando má fama dos seus irmãos, para se tornar o varão sábio e entendido, capaz de governar o maior país daquela época. 


Entretanto, o adolescente sonhador se tornou o varão sábio e entendido porque, desde a adolescência, fora íntegro e temente a Deus. José tudo sofreu para se tornar um líder, mas, antes mesmo de o ser, já se mostrara piedoso, isto é, dedicado a Deus e a cumprir os deveres junto a Deus, bem como temente a Deus, pois rendia a Deus o devido tributo, a devida adoração, reconhecia em Deus a soberania, o senhorio sobre a sua vida, estivesse ele na casa de seu pai, como filho predileto; na casa de seu senhor, como escravo e mordomo; na casa do cárcere, como preso injustiçado a serviço do carcereiro-mor.

Deus te deu 24 horas no dia, então reserve um tempo para ele, e seja abençoado!

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Deus te abençoe!

O que é dele, é seu e o que é seu, é dele! #Novela Gênesis | Capítulo 61

  ( “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gênesis 2.24). Ser uma só carne ...