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Um relacionamento de Santidade


A Banalização da Santidade

Lá está você. Chegou com seu All Star sujo em uma Sala Vip, sua mochila rasgada e pesada, cheia de pecados, de suas dores, de sua memória. De repente alguém dentro da Sala te disse: “Se você tiver uma vida de santidade, você terá uma viagem abençoada!”. 

Em outras palavras, alguém que disse que se manter puro até seu casamento, faria com que você tivesse um casamento abençoado. E nesse momento, você começou a se esforçar pra que isso acontecesse. Concorda? Pois bem, você está buscando “santidade” para ter seu relacionamento abençoado. Se eu não transar antes do casamento então terei um casamento feliz. Verdade? Sim. Mas totalmente ineficaz se a intenção do seu coração for errada e se você não atentar para amplitude do que é ser Santo.

A Palavra de Deus diz: Sede Santos, por que Eu Sou Santo,(1 Pedro 1,16). No entanto estamos “sendo santos” apenas por que disseram pra gente que se não formos, não seremos felizes em nosso casamento. E mais, as pessoas estão associando Santidade somente nas questões sexuais. 

Santidade engloba todas as áreas da sua vida: Santidade engloba auxilio aos necessitados, engloba o controle da sua língua, engloba testemunho de vida e não apenas isso, não deve ser buscada por que você queira ter um casamento abençoado, mas por que Deus é Santo e nós devemos ser. Compreende? Seu foco não deve ser o que você vai ganhar obedecendo a Deus e sim, fazer por que o ama. Independente se vai ganhar alguma coisa ou não


Ser Santo por que ELE é Santo e não pra ter algo em consequência. Se essa era a intenção do coração até aqui, precisamos nos arrepender.

Não é de hoje que ouço alguns jovens dizerem: “Não entendo por que a minha benção ainda não chegou. Mesmo ‘santificado-me’, eu tenho me mantido puro, tenho me consagrado e Deus não tem me dado nada, Deus não tem trazido pra mim  a pessoa D’Ele!”. 


Gente como dói ver essas situações. Jovens frustrados, castrados em seus sonhos, sem motivação e incrédulos, sem ter mais confiança em Deus, por que um dia alguém mentiu a eles dizendo, seja santo na vida sexual e você terá uma vida feliz relacional e só isso. Frustração. Esse é o sentimento gerado por quem busca santidade de forma errada pelos motivos errados. 

Ser Santo é uma demonstração de Amor a Deus por quem Ele é, não pelo que Ele faz, ser Santo não é somente se abster de sexo, mas também se abster de tudo aquilo que nos afasta de Deus. Santidade, significa ser separado. É impossível ser um homem santo e não ter alegria, independente da situação. É impossível ser santo e não ter confiança que Deus trará no tempo certo a Vontade D’Ele.

Santidade não é apenas o que você deixa de fazer, mas atos de justiça. Ações de amor, de cuidado de preocupação com o próximo, falaremos muito disso em outro momento. Por hora é imprescindível quebrarmos com a mentira de que se você fizer algo a Deus, Ele tem obrigação de te dar alguma coisa. E se você pensa assim, arrependa-se. 


Deus fará aquilo que é o melhor pra nós, melhor do que achamos. Seu sofrimento não vem da ausência de relacionamento. Muitos jovens cristãos, estão desesperados para ter um relacionamento para afanar a dor de suas almas. Ao longo de nossa caminhada, vamos descobrir que areas em nossa vida precisam ser transformadas antes de termos alguém ao lado e cada uma dessas areas será tratada aqui.

Existem áreas em nossa vida que precisam ser tratadas, tanto na alma quanto no corpo. 

Existem pendências na área familiar que precisam ser reparadas. 
A Sala de Espera é o lugar do tratamento de Deus, onde Ele vai te curar dos traumas, da ansiedade, da angustia, vai jogar fora sua mala velha cheia de pecado, vai tratar esses pecados. 

Gente, pelo amor de Deus, atentem para o que digo a vocês, querer um relacionamento só por que precisa de alguém do lado, é como pedir pra carregar duas malas, quando não se consegue carregar nem mesmo uma. 

E se você insistir de ter, mesmo não sendo a hora, você tem um inimigo que tem um arsenal de bandejas pra te oferecer. Não tem como buscar um relacionamento estando com a vida destruída, você entrará em um matrimônio, para destruir a sua vida, a do seu cônjuge e dos filhos. 

Enquanto você espera, busque em Deus, qual a vontade D’Ele pra você. Quais os erros que você precisa tratar. Quais os pecados que precisa abandonar. Quais os traumas que ELE quer curar na sua vida. 


Nós vamos falar de pecado abertamente, vamos falar de dores na alma, e vamos ajudá-lo a livre da mala velha, esperar tranquilamente ou embarcar numa viagem muito bem acompanhado, mas saudável e com condições de ter uma vida feliz ao lado de quem ama.

Que Deus te abençoe!

1 Samuel 14 - A vitória de Jônatas sobre os filisteus / O atrevido voto de Saul / Jônatas é condenado a morte




A vitória de Jônatas sobre os filisteus

Mesmo um terremoto “normal” (se é que existe tal coisa) teria abalado os filisteus, mas este parece extraordinário. O momento é perfeito, vindo logo após a rápida vitória de Jônatas e seu servo. O terremoto parece restrito aos lugares onde estão os filisteus. Nosso texto não dá nenhuma indicação de que os israelitas sintam, ou seja, aterrorizados pelo abalo. Na verdade, por essa narrativa, é possível que os israelitas nem mesmo saibam qual a razão para tal pânico entre os filisteus. É um terremoto de Deus, e seu impacto é assustador.

Imagine como deve ter sido para um soldado filisteu. O tremor pode ter sido precedido por um estrondo, que alguns descrevem como sendo mais forte que o estrondo de 1.000 canhões. A terra começa a sacudir para cima e para baixo. Num único tremor calcula-se que o solo se mova verticalmente até 2 polegadas, e até 240 vezes por minuto. O solo se encrespa como as ondas do mar, fazendo com que os soldados rodopiem e caiam. E, então, o pior de todos os tal vezes, o solo se move horizontalmente, sendo este movimento mais abrangente e devastador.

Pense no que pode ter acontecido nesse dia. Chega aos ouvidos do acampamento principal a notícia de que alguém (Jônatas e seu escudeiro) atacou o posto da guarda e causou muitas baixas. Os “saqueadores”, ou destruidores, enviados para matar e destruir, estão aterrorizados. Eles são as “forças especiais” do dia. O acampamento principal está em alerta total e as tropas são convocadas para formação de batalha. Com suas temíveis espadas desembainhadas e apontadas para frente (algo como baionetas), o exército se dirige para frente de batalha. Naquele instante, o rugido do terremoto assusta as tropas. 

À medida que avançam, o chão treme e se encrespa debaixo deles. Os homens começam a cair. E então, quando o chão se move horizontalmente, as espadas daqueles que estão atrás traspassam as costas desprotegidas dos homens que estão à sua frente. Os homens à frente, em pânico e talvez pensando que o inimigo esteja atrás, se voltam e atacam as pessoas atrás deles - de modo que muitos jazem mortos, todos pelos “golpes de suas próprias tropas”.

Posso não ter todos os detalhes precisos, mas as consequências são parecidas. Os filisteus ficam incapacitados e aterrorizados pelo terremoto. Em pânico absoluto, eles se voltam uns contra os outros e se matam uns aos outros com suas espadas. Todas as baixas são consequência de uma luta entre os próprios filisteus, antes que os israelitas entrem em combate com eles. Sem dúvida, isto é um “terror de Deus” (1 Samuel 14.15). 

Deveríamos temer diante desta poderosa intervenção de Deus a favor de Israel. Seus sentinelas observam como Deus traz o caos e a derrota ao poderoso exército filisteu. Eles podem não saber que isto é causado por um terremoto, mas podem ver os soldados se movendo pra lá e pra cá, em ondas. É por causa do movimento do solo? É porque o solo está se abrindo? Nós não sabemos, e duvido que os sentinelas israelitas soubessem. Mas, pelo que veem e ouvem, sabem que algo extraordinário está acontecendo.

O leitor deve estranhar a reação de Saul. A primeira coisa que ele faz é contar suas tropas, não para se preparar para a batalha, mas para saber quem está faltando.

Saul não está surpreso. Quando as tropas são contadas, o resultado é exatamente aquilo que ele teme. Pense nisso. Tudo vai relativamente bem com os filisteus (pelos padrões de Saul), até que Jônatas bagunça tudo atacando sua guarnição em Geba (1 Samuel 13.3 "Jônatas feriu a guarnição dos filisteus, que estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus"). 

Este completo desastre (como Saul o vê), com o levantamento em massa dos filisteus em Micmás, é culpa de Jônatas. Ele não pode deixar isso pra lá. Agora, quando os dois exércitos estão acampados e em guerra um contra o outro, Saul maneja as coisas para evitar mais ação (estava Saul sentado sob a romãzeira - (1 Samuel 14.2 "E estava Saul à extremidade de Gibeá, debaixo da romeira que havia em Migrom; e o povo que estava com ele era uns seiscentos homens"). 

E, de repente, há a maior confusão entre os filisteus. Alguma coisa tem que causar este tumulto. Saul não pensa primeiro em Deus, mas em seu filho desordeiro, Jônatas. Ao contar as tropas, ele é capaz de descobrir quem não está entre eles, e então deduzir quem causou todo este problema - de novo.

Finalmente, Saul decide consultar a Deus - agora que está “num beco sem saída”, como se diz. Naquela época havia várias maneiras de se discernir a vontade de Deus. Um profeta, obviamente, poderia falar diretamente da parte de Deus, mas Samuel deixou Saul em Gilgal devido à sua desobediência (1 Samuel 13.8-14). Há a estola sacerdotal, vestida e usada pelo sacerdote, que está ali com Aías, o sacerdote (1 Samuel 14.3), mas Saul não requer seu uso. Em vez disto, ele manda buscar a arca da aliança. De certa maneira, isso envolve a intervenção do sacerdote Aías para que a vontade de Deus seja conhecida. 

Parece que este processo leva algum tempo. Se este fosse um aparelho elétrico (de válvula, é claro), ele estaria “aquecendo”. Todos sabem que Saul não é muito paciente (ver capítulo 13). O tumulto no acampamento filisteu fica tão grande que até Saul conclui que um ataque contra eles signifique vitória certa para Israel. Assim, ele instrui o sacerdote a reter a mão, para “desligar o aparelho da vontade de Deus”. Saul e seus homens vão então atrás dos apavorados e feridos filisteus, que estão se matando uns aos outros. Conforme os soldados israelitas se aproximam, podem ver com mais clareza a vitória operada por Deus.

Hesitantes, os guerreiros vão para a batalha contra os filisteus. Jônatas e seu escudeiro lideram a investida; Saul segue um tanto relutante, bem depois de a vitória estar assegurada. Junto com Saul e seus 600 homens estão aqueles que desertaram das fileiras de seu exército e venderam seus serviços aos filisteus (1 Samuel 14.21). Quando aqueles que fugiram de Saul e se esconderam nas colinas veem a derrota e retirada dos filisteus, eles também se juntam a Saul, a fim de multiplicar suas forças.


O atrevido voto de Saul

É uma derrota dos filisteus e uma vitória de Deus, mas não é a vitória que poderia ter sido; poderia ser muito mais categórica. Em resumo, os soldados israelitas estão “angustiados” nesse dia, de modo que não conseguem perseguir e destruir mais filisteus. O único responsável pela aflição de Israel é nenhum outro senão seu rei, Saul. É seu conjura mento insano que atrapalha os soldados israelitas.

Parece que a imagem de Saul entrou em decadência desde a sua impressionante vitória sobre os amonitas em Jabes-Gileade no capítulo 11. Saul é humilhado pelos filisteus, não só pela ocupação de Israel, mas também pela maneira como tiram proveito da tecnologia do ferro (1 Samuel 13.19-23). A maior parte das dificuldades de Saul é consequência direta do ataque de Jônatas aos filisteus. 

Agora, quando vê que os filisteus estão sendo derrotados pelos israelitas, ele resolve fazê-los pagar por sua humilhação. Sua luta contra eles vira uma questão pessoal. Não é uma batalha de Deus, ou mesmo de Israel; é sua batalha e sua vitória. Por isso, Saul coloca seus homens sob juramento: ninguém deve comer até o anoitecer. Os homens devem lutar com o estômago vazio. 

Saul parece raciocinar que isto evitará uma valiosa perda de tempo (e luz do dia?), parando para preparar e comer a refeição. (Uma vez que Saul não planejou esta batalha, nem ele nem seus homens estão realmente preparados para os acontecimentos do dia). Na pressa, não há rações prontas para os homens comerem, ou assim parece a Saul. Por isso, ele proíbe seus homens de comerem durante o dia, e eles lutam o dia inteiro sem comida.

Saul está errado em duas coisas. Primeiro, está errado em pensar que sua ordem produzirá uma vitória maior dos israelitas sobre os filisteus. Saul parece achar que suas ordens resultarão em mais tempo de perseguição à preciosa luz do dia e, assim, mais filisteus serão mortos. Não funciona desse jeito. À medida que os filisteus procuram fugir para seu país, a batalha se alastra para leste, primeiro para Bete-Áven (1 Samuel 14.23 "Assim livrou o SENHOR a Israel naquele dia; e o arraial passou a Bete-Aven".) e depois para Aijalom (1 Samuel 14.31"Feriram, porém, aquele dia aos filisteus, desde Micmás até Aijalom, e o povo desfaleceu em extremo".). 

Os israelitas os perseguem por mais de 20 milhas de território montanhoso, e isto sem comer. Eles ficam exaustos e debilitados pela fome, e não conseguem perseguir seus inimigos com tanta eficácia quanto se estivessem bem alimentados.


Saul está errado ainda numa segunda coisa. Está errado em supor que a única maneira de alimentar seus guerreiros é com “comida caseira”, o que levará muito tempo. Afinal, não é dia de “comida pronta” e Saul acha que não existe nenhuma chance de conseguir uma rápida fonte de energia. Ele está errado. Deus tem uma comida “mais do que pronta” disponível. Ele colocou estrategicamente um favo de mel na floresta, e comê-lo não demora absolutamente nada. 

Os soldados, da mesma maneira que Jônatas, só precisam enfiar a ponta da vara no mel, tirá-la e levá-la à boca. Não existe comida mais rápida, ou melhor, nos arredores. Este é o alimento mais perfeito e mais natural que alguém poderia esperar. Faz “Gatorade” parecer patético.

Jônatas não ouve a ordem de Saul até que seja muito tarde. Ele está ocupado demais atacando e lutando com os filisteus para se sentar no acampamento esperando que Saul passe um decreto. E assim, enquanto perseguem os filisteus, as forças de Saul se juntam a ele. Quando Jônatas se alimenta com o mel, um dos homens o informa sobre a ordem ridícula de Saul. Jônatas diz aquilo que a maioria de nós deve estar pensando neste momento: “Meu pai turbou a terra; ora, vede como brilham os meus olhos por eu ter provado um pouco deste mel. (1 Samuel 14.29).

Seu pai deve ser louco e egoísta para não deixar seus homens se alimentarem. Se os israelitas pudessem fazer o mesmo que ele, a vitória seria muito maior. Saul não é a fonte dos sucessos militares de Israel, mas um empecilho a eles. As vitórias de Israel são mais a despeito de seu rei do que consequências de sua liderança. Todos os soldados israelitas devem pensar isto, e Jônatas simplesmente tem coragem de dizê-lo.


Saul, uma Pedra de Tropeço para Israel (1 Samuel 14.31-35)


Já é ruim o suficiente quando as bobagens de Saul impedem uma grande vitória de Israel, mas é indesculpável quando sua ordem resulta em pecado. Obedientemente, os israelitas acatam a ordem insana de Saul para não comer até o anoitecer. E, devido à sua fadiga, menos filisteus são mortos. Mas, quando o dia chega ao fim, o povo faminto encontra o gado deixado por seus inimigos. É triste dizer que os soldados israelitas temem mais desobedecer às ordens de Saul do que temem desobedecer às leis de Deus. 

Os soldados famintos devoram o rebanho sem prepará-lo adequadamente, e por isso, acabam pecando (Levítico 17.10 "E qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei a minha face, e a extirparei do seu povo''. ); (Levítico19.26 "Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis").

Alguém diz a Saul que Israel está pecando desse jeito (1 Samuel 14.33 "E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo peca contra o SENHOR, comendo com sangue. E disse: Aleivosamente procedestes; trazei-me aqui já uma grande pedra"). 

Se alguém não lhe tivesse dito, seria de admirar que Saul tivesse percebido. Em vez de assumir a responsabilidade por ser uma “pedra de tropeço” a sua compatriota, a justiça própria de Saul aponta seu dedo acusador para os homens famintos: “procedestes aleivosamente; rolai para aqui, hoje, uma grande pedra.” (1 Samuel 14.33b) Esta é uma tentativa de minimizar os prejuízos causados pelo próprio Saul com sua ordem insana. Pelo menos ele está preocupado em impedir que seus homens cometam mais pecado.

Duas coisas parecem estranhamente irônicas quanto ao fato de Saul edificar um altar de pedra na noite em que os israelitas fazem suas “ofertas”. 

Primeira: Esta Adoração mal pode ser chamada de sincera, tanto da parte dos israelitas, quanto da parte de Saul. Ela é simplesmente uma forma de santificar a satisfação do apetite dos soldados para que não pequem mais. E, quando é dito que este é o primeiro altar edificado por Saul, também não ficamos impressionados. 

Será que Saul precisa passar por esse tipo de crise para adorar a Deus? Será que ele só constrói altares em tempos de crise? Eu não chamaria este de um “momento santo” na história de Israel. Eles estão simplesmente cobrindo suas apostas, minimizando o dano causado pelo pecado, pecado este induzido por Saul e praticado por seus soldados.

Segundo, esta “refeição” é muito irônica. Saul proíbe seus soldados de comerem antes do anoitecer, embora a “comida pronta” providenciada por Deus não demore mais do que alguns minutos (como vemos pelo fato de Jônatas se satisfazer durante o combate). Saul acredita que comer será perda de tempo e um empecilho à capacidade de Israel de obter uma grande vitória. 

Mesmo assim os israelitas perseguem seus inimigos noite adentro; só que estão tão famintos e tentados pelos despojos de guerra, que pecam na maneira de comê-los. Para corrigir a situação, Saul tem que construir um altar e depois garantir que o sacrifício de cada homem seja feito e preparado de forma correta. Quanto tempo você acha que levou esta “refeição”? Isto é ineficiência!

Jônatas é condenado à morte

Finalmente, depois de uma espera recorde pelo jantar, a refeição está terminada. Agora Saul está pronto para lutar - mas, e Deus? Saul ordena que seus homens voltem à batalha para causar mais danos ao exército filisteu e obter mais despojos. O povo consente com ele. Eles estão prontos para voltar à batalha. Mas o sacerdote não está tão certo disto. Ele insiste em primeiro buscar a vontade de Deus. Quando Saul consulta a Deus, ele espera um “sim” ou ”não” como resposta. (1 Samuel 14.37 Então consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atrás dos filisteus? Entregá-los-ás na mão de Israel? Porém aquele dia não lhe respondeu”).

Saul tira uma porção de conclusões precipitadas. Primeiro ele conclui que, uma vez que não obteve resposta, deve ser porque alguém pecou. Parece não lhe ocorrer que o pecado seja dele mesmo ou de seus soldados por comerem carne sem drenar adequadamente o sangue. Ele presume que haja pecado, e que este pecado seja uma violação à sua ordem insana (não da lei de Deus). Além disso, ele presume que é bem possível que tenha sido Jônatas o culpado por este pecado. E finalmente ele conclui que este “pecado” seja digno de morte. 

Não creio que seja por coincidência que ele diga: Porque tão certo como vive o SENHOR, que salva a Israel, ainda que com meu filho Jônatas esteja a culpa, seja morto.” (v. 39) Por que, dentre os milhares de homens que estão com ele, Saul se concentra em Jônatas, seu filho? Receio saber o porquê, e não gosto disto em absoluto. Creio que o filho de Saul, Jônatas, é um homem muito parecido com Davi. 

Na guerra, Saul conclui que Jônatas seja, na melhor das hipóteses, uma amolação, e, com certeza, um obstáculo. Creio que ele esteja procurando uma desculpa para dar cabo de Jônatas, e esta situação parece perfeita para a ocasião. Antes que a sorte seja lançada, Saul deixa claro que, se Jônatas for indicado, ele morrerá. Creio que ele saiba que Jônatas será indicado.

Até onde vai o registro bíblico, Saul decide a questão com muita rapidez e arbitrariedade. Ele e seu filho ficam frente a frente com o restante dos soldados. Sem nenhuma surpresa, ele e Jônatas são indicados. Então Saul lança a sorte entre ele e Jônatas, e Jônatas é indicado. 

O povo consente com este processo, pelo menos por enquanto ( Verso 40 "Disse mais a todo o Israel: Vós estareis de um lado, e eu e meu filho Jônatas estaremos do outro lado. Então disse o povo a Saul: Faze o que parecer bem aos teus olhos"). Quem irá se opor a Saul nesse estado de espírito? Quando Jônatas é isolado pelo lançamento de sortes, seu pai lhe pergunta o que ele fez (não é interessante que Saul já tenha estabelecido a punição antes mesmo que o crime seja revelado?). 

Jônatas “confessa” que realmente provou um pouco de mel com a ponta da vara. Uma pequena lambida no mel, dada sem nenhum conhecimento da ordem de seu pai e nenhuma perda de tempo, é o crime abominável que Saul supõe seja a razão de Israel não ter conseguido concluir a batalha iniciada por Jônatas. Saul parece sentir que é melhor matar seu filho do que admitir seu próprio pecado e idiotice.


Mesmo aqui Jônatas é um filho exemplar. Ele não dá nenhuma desculpa, nem faz qualquer acusação contra seu pai. Jônatas coloca sua vida nas mãos de seu pai, o rei. Ele está disposto a morrer se essa for à vontade de seu pai, se essa for à vontade de Deus. Com grande pompa, Saul uma vez mais assevera a morte de Jônatas. É como se Saul não pudesse fazer nada mais justo.

Finalmente, o povo que calmamente suportara todas as cenas do rei, teve o suficiente. Eles estão dispostos a deixar que Saul submeta a si mesmo e a Jônatas à prova, mas não a permitir que Saul mate seu filho. Eles percebem o quanto as atitudes de Saul são insanas. 

Jônatas, não Saul, lhes deu grande libertação (verso 45 Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que efetuou tão grande salvação em Israel? Nunca tal suceda; vive o SENHOR, que não lhe há de cair no chão um só cabelo da sua cabeça! pois com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou a Jônatas, para que não morresse”). 

Será que ele deve ser morto por causa disto? Ele agiu com Deus, não contra Ele, e por isso não será morto como pecador. Muito pelo contrário! Nenhum fio de cabelo de sua cabeça cairá no chão. E assim é que Jônatas, trabalhando com Deus, salva Israel, e Israel, enfrentando Saul, salva Jônatas. Saul, que não salva ninguém, não tem permissão para destruir seu próprio filho. Com este incidente, tem fim à batalha com os filisteus, mais depressa e menos decisiva do que deveria tudo devido à insensatez de Saul, o “libertador” de Israel.



Encerrando com o “Sucesso” de Saul e Seus Sucessores (1 Samuel 14.46-52)

“E Saul deixou de perseguir os filisteus; e estes se foram para a sua terra. Tendo Saul assumido o reinado de Israel, pelejou contra todos os seus inimigos em redor: contra Moabe, os filhos de Amom e Edom; contra os reis de Zobá e os filisteus; e, para onde quer que se voltava, era vitorioso. Houve-se varonilmente, e feriu os amalequitas, e libertou a Israel das mãos dos que o saqueavam. 

Os filhos de Saul eram Jônatas, Isvi e Malquisua; os nomes de suas duas filhas eram: o da mais velha, Merabe; o da mais nova, Mical. A mulher de Saul chamava-se Ainoã, filha de Aimaás. O nome do general do seu exército, Abner, filho de Ner, tio de Saul. Quis era pai de Saul; e Ner, pai de Abner, era filho de Abiel. Por todos os dias de Saul, houve forte guerra contra os filisteus; pelo que Saul, a todos os homens fortes e valentes que via, os agregava a si.”

Há um sentido no qual este capítulo é uma espécie de bênção com relação à vida e reinado de Saul como rei de Israel. Há um sumário de seus aparentes sucessos, uma clara alusão a seus fracassos e uma lista de seus descendentes. O capítulo 15 descreve o pecado que significa o fim do reinado de Saul (o pecado anterior significava o fim da dinastia de Saul - o reinado de seus descendentes). 

Os capítulos posteriores apresentam Davi como seu substituto e mostram o ciúme de Saul e sua oposição a Davi. O último capítulo de I Samuel descreve a morte de Saul e seu filho. No entanto, este capítulo parece ser a bênção sobre Saul e seu reinado.

A batalha acabou, mas não a guerra. Os filisteus sofrem uma grande perda, mas não uma derrota total. Cada exército - israelita e filisteu - segue seu próprio caminho. As duas nações continuam em guerra uma contra a outra pelo resto da vida de Saul. Isto é particularmente acentuado no (Verso 52 “Por todos os dias de Saul, houve forte guerra contra os filisteus; pelo que Saul, a todos os homens fortes e valentes que via, os agregava a si”).

Pelo resto da vida de Saul haverá conflito, e sua consideração pelos filisteus pode ser vista no fato de ele procurar agregar a seu exército qualquer “homem forte e valente”. As consequências de sua loucura vão segui-lo todos os dias de seu reinado. Como veremos no capítulo 31, Saul e seu filho Jônatas morrem às mãos dos filisteus. Que lamentável que a vitória sobre os filisteus não tenha sido completa nesta batalha iniciada por Jônatas.

Tenho me referido a Saul como louco e fracassado. Como podemos, então, explicar a avaliação de seu reinado nos versos 47 e 48, que parecem colocá-lo sob um ângulo favorável? A resposta tem pelo menos dois aspectos. 

Primeiro, parece correto dizer que um homem pode ser um fracasso moral e espiritual e, no entanto, ser um grande líder militar. Veja o homem usado por Deus no livro de Juízes para libertar Seu povo. Sansão não é nenhum gigante moral, mas é usado por Deus para libertar Israel das mãos de seus inimigos. O mesmo pode ser dito de muitos outros juízes levantados por Deus. 

Deus não se limita a usar somente pessoas piedosas para cumprir Suas promessas e Seus propósitos. Portanto, a vitória militar pode ser alcançada por meio de um homem como Saul, a despeito do tipo de homem que ele é. Quantos de nós atribuímos nossos méritos e nossa bondade à graça e misericórdia de Deus para conosco?

Segundo, as coisas ditas nestes dois versos são realmente verdadeiras e representam a avaliação da liderança de Saul do ponto de vista de um historiador secular. Saul, como rei de Israel, realmente luta contra todas as nações em derredor e lhes impõe castigo. Com relação à batalha com os amalequitas, Saul age mesmo com valentia e livra Israel daqueles que os despojam.

Parece que a batalha entre Israel e os filisteus, descrita nos capítulos 13 e 14, é uma coisa típica da vida e do reinado de Saul em Israel. Ele luta com os filisteus e os israelitas vencem. A batalha é travada sob sua liderança. Mas a vitória não foi o que poderia ter sido devido à sua loucura. E a batalha não é resultante de sua fé e iniciativa, mas da fé e iniciativa de Jônatas. 

Apesar disto, como lemos em 1 Samuel 13.4, é divulgada uma notícia de que Saul “derrotara a guarnição dos filisteus”. Do ponto de vista de um historiador secular, as vitórias de Israel sob os cuidados de Saul são suas vitórias. Sabemos que estas vitórias foram obtidas pela graça de Deus, muitas vezes devido à atitude de pessoas como Jônatas e, com frequência, a despeito da inércia e loucura de Saul.

Apesar das “vitórias” de Saul e Israel, os filisteus jamais são destruídos, jamais são completamente derrotados, a fim de que Saul e Israel contendam com eles durante todo o seu reinado. Confiando no “braço da carne”, parece que Saul procura heróis que lutem por ele e por Israel. Com toda a certeza o terreno está sendo preparado para Davi e o papel que desempenhará na batalha com os filisteus e com Golias, seu campeão.



Conclusão

Primeiro, não é nada difícil perceber porque Jônatas e Davi se tornarão amigos dedicados. Na verdade, eles são almas gêmeas. Jônatas é um homem de fé e compreensão espiritual. Ele é um homem que age com ousadia devido à sua fé em Deus, enquanto seu pai espera que o mau tempo passe, não pedia uma direção a Deus, queria agir somente com suas forças, apesar de uma vez ter pedido a direção a Deus, e Deus de momento não o respondeu, não soube esperar a resposta de Deus, agindo assim com suas próprias forças. 

Jônatas teria sido um grande rei, mas ele é benjamita e não descendente de Judá; e, assim, nenhum de seus descendentes poderia ser o Messias. Mas, quando Jônatas vê que a mão de Deus está sobre Davi, ele é um dos primeiros israelitas a recebê-lo como o próximo rei de Israel, sem ciúmes ou hesitação.

Segundo, este texto prepara o terreno para a introdução de Davi nos capítulos 16 e 17. O caráter de Saul é evidente. Sua loucura e seu ciúme contra Davi não chegam a nos surpreender, pois já havia sido demonstrado no seu trato com seu próprio filho, Jônatas. Saul já havia tentado matá-lo; não será nenhuma surpresa vê-lo também tentando matar Davi, bem como outras pessoas. 

Assim como ele relutou em enfrentar os filisteus no princípio, ele também hesitará em enfrentá-los quando Golias for seu campeão. Nos próximos capítulos haverá poucas surpresas para nós sobre Saul, devido àquilo que já lemos nos primeiros capítulos de I Samuel.

Terceiro, vemos que a visão histórica de um homem pode ser muito diferente da visão de Deus. A avaliação feita por um semelhante com certeza não é perfeita. No que diz respeito a Deus, com certeza esta não é a verdadeira ”medida de um homem”, pois quando Deus julga o homem, Ele vê o coração. A história secular pode considerar Saul um sucesso, mas, em termos bíblicos e espirituais, ele é um miserável fracasso. 

Os índices seculares de sucesso não são indicadores da aprovação ou da bênção de Deus. O autor de I Samuel quer que vejamos Saul como um homem que é rejeitado por Deus. Como é triste ser valorizado pelo mundo e desprezado por Deus. Como é melhor, se necessário for, ser desprezado pelo mundo ou valorizado por Deus?

Gostaria que você lesse todo capítulo de 1 Pedro 4, mas vou deixar apenas 2 versículos 2 e 11 aqui para sua meditação do mesmo capítulo de 1 Pedro 4 que diz: Vers. 2 “Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus”, Vers. 11 “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.”

Quarto, vemos neste texto que os cristãos podem e agem de maneira que aparentemente atrapalhe a realização plena da obra de Deus. Em última análise, os homens não podem impedir aquilo que Deus propôs e prometeu fazer. Deus usa a fé e a obediência dos homens para cumprir Seus propósitos, mas Ele não se limita a estes meios. 

A soberania de Deus também permite que Ele empregue a incredulidade e a desobediência para alcançar Seus propósitos (Gênesis 50.20 Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida”, Salmos. 76:10 Certamente a cólera do homem redundará em teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás”).

Ele usa até mesmo Satanás para atingi-los (Ver 2 Coríntios 12.5-10). Contudo, reconhecendo a soberania de Deus sobre todas as coisas, também deve ser dito que Deus, às vezes, permite que a ação (ou a inércia) dos homens atrapalhe aquilo que poderia ter sido feito (Ver 2 Reis 13.14-19). 

Deus é soberano na história mas, em Seu controle absoluto sobre todas as coisas, Ele estabeleceu que as ações têm consequências, e que a desobediência e a falta de fé podem resultar em algo menor do que poderia e deveria ter sido se tivéssemos agido de maneira santa. Com toda a certeza isto é ilustrado pela maneira como a loucura de Saul no capítulo 14 impede uma vitória cabal sobre os filisteus.

Quinto, o governo de Saul é fonte de grandes problemas para Israel, mas também é meio para a sua própria destituição. Sabemos pelo capítulo 14 que a ordem insana de Saul impede Israel de obter uma vitória esmagadora sobre os filisteus. 

Consequentemente, pelo resto de seus dias, ele e a nação são atormentados pelos filisteus (v. 52). O ataque do capítulo 17 lança a ascensão e projeção de Davi em Israel e o início do fim para Saul. A batalha de Israel com os filisteus no capítulo 31 resulta na morte de Saul e de Jônatas. Como lemos em Cantares de Salomão, são as “raposinhas que devastam os vinhedos” (2.15). Este momento aparentemente insignificante de insensatez tem graves consequências para Israel e seu rei.

Finalmente, vemos em nosso texto uma excelente ilustração de legalismo. Zelar pelo conhecimento e obediência aos mandamentos de Deus não é legalismo, é discipulado. Com muita frequência ouço algumas pessoas se referirem aos sermões baseados nos mandamentos de Deus (do Novo ou do Velho Testamento) como sendo “legalistas”. 

Embora algumas pessoas sejam legalistas na maneira como buscam obedecer aos mandamentos de Deus, o zelo pelo conhecimento e obediência a eles não é legalismo. O Salmo 119 é um excelente exemplo de um crente que zela pelo conhecimento e obediência aos mandamentos de Deus. O amor à lei do Senhor não é legalismo.

Legalismo é um descontentamento com os mandamentos de Deus da forma como eles são. O legalismo supõe que os mandamentos e as proibições de Deus não sejam suficientes. O legalismo procura consertar este “problema” adicionando mais regras e regulamentos. Estes acréscimos são mantidos de forma tão intensa quanto os mandamentos das Escrituras (às vezes, até mais). Aqueles que deixam de obedecê-los são severamente julgados por aqueles que os adotam.

Deixe-me ilustrar o legalismo do Novo Testamento. A lei de Moisés requeria que os homens guardassem o sábado, e isto significava que o sábado deveria ser um dia de descanso. Não significava que fosse pecado os discípulos de Jesus colherem alguns grãos e comê-los. Não significava que fosse pecado nosso Senhor curar um doente no sábado. 

Os escribas e fariseus não podiam acusar nosso Senhor de violar qualquer lei de Deus; eles apenas podiam acusá-lo de violar as leis do Antigo Testamento como eles as interpretavam e aplicavam, e como eles as aperfeiçoavam com suas tradições. Procurar “incrementar” as leis de Deus, acrescentando alguma coisa a elas, era colocar-se acima da Lei como juiz:

“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és que julgas o próximo?” (Tiago 4.11-12)

Pelo que entendo deste texto de Tiago, aqueles que “julgam” injustamente seus irmãos, geralmente o fazem com base em suas próprias regras legalistas, e não de acordo com a Palavra de Deus. Tiago diz que, aqueles que julgam os outros por suas próprias regras, julgam também a Lei de Deus como inadequada.

O rei Saul é um legalista. Como rei de Israel, ele deveria conhecer bem a lei de Deus, e ter cuidado em obedecê-la e cuidar que fosse obedecida em seu reino (Deuteronômio 17.18-20 Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então escreverá para si num livro, um traslado desta lei, do original que está diante dos sacerdotes levitas.
E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao SENHOR seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para cumpri-los;
Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os seus dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”
).

Parece até que ele não teria percebido a violação da lei de Deus, caso alguém mais não lhe tivesse mostrado (1 Samuel 14.33 E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo peca contra o SENHOR, comendo com sangue. E disse: Aleivosamente procedestes; trazei-me aqui já uma grande pedra”).

Saul facilmente justifica sua negligência em cumprir os mandamentos de Deus e, no entanto, está pronto - quase ansioso, para condenar seu próprio filho à morte por violar uma de suas regras idiotas. 

Como todos os legalistas, Saul acha fácil coar o mosquito e engolir o camelo (Mateus 23.23 e 24 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo”
)

Ele distila sua indignação quando os outros transgridem suas regras, mas é mais do que tolerante com suas flagrantes transgressões aos mandamentos de Deus.

Ao contrário do que os legalistas pensam o legalismo não impede o pecado; ele o favorece. As proibições que os legalistas amontoam sobre si e sobre os outros não são a cura para as concupiscências da carne (Colossenses 2.20-23 Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como:
Não toques, não proves, não manuseies?
As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;
As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne”
).

Havia nos tempos do Novo Testamento aqueles que proibiam o casamento e comer certos alimentos ( 1 Timóteo 4.3 Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças;”), mas estes eram enganadores e mentirosos que procuravam desviar o povo de Deus da verdade. 

Embora Paulo fosse solteiro, ele instruiu os maridos e as esposas a não se absterem de sexo, a menos que fosse por uma razão importante, e apenas por algum tempo. O legalismo faz os homens caírem, como a ordem legalista de Saul fez os israelitas pecarem ao comer carne sem o devido preparo. Vamos tomar cuidado com o legalismo, em todas as suas formas mais piedosas.

Uma palavra final. O contraste entre Saul e Jônatas em nosso texto é difícil de ser ignorado. Jônatas é aquilo que Saul não é. Não vamos nos esquecer de que Jônatas é filho de Saul. Não são os bons “cuidados paternais” de Saul que fazem de Jônatas o que ele é. Sua devoção é a despeito de Saul, não por causa dele. 

Que todos aqueles que gostariam de levar o crédito pelo modo como seus filhos se saem observem isto. E observemos também que muitos pais crentes dão à luz filhos descrentes. Lembro-me, por exemplo, de Sansão e seus pais (Juízes 13.1-23, especialmente o verso 8).

Até agora eu estava disposto a ver Saul como uma anomalia, uma espécie de caso excepcional. Seus pecados são mais notórios, mais visíveis, e talvez mais dramáticos do que os nossos, mas, em última análise, suas tentações e fracassos, na verdade, são “comuns aos homens” (1 Coríntios 10.13 Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”, Tiago 5.17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra”).

Suas falhas não estão registradas a fim de que gostemos de odiar este homem. Creio que estão registradas como advertência, para que não precisemos repetir os pecados que ele tão obviamente comete. 

Gostaria de pensar que minha vida se espelha mais em Jônatas do que em seu pai, mas este nem sempre é o caso. Vamos prestar atenção e aprender destes dois homens tão diferentes, Saul e Jônatas. E vamos nos esforçar para servir a Deus fielmente, obedecendo A Seus mandamentos, para que não nos tornemos exemplos negativos de desatino para as futuras gerações.

Que Deus o abençoe grandemente!

1 Samuel 13 - Guerra entre os israelitas e os filisteus/ Saul oferece sacrifícios e Samuel reprova-o / Quais foram os erros de Saul?


Guerra entre os israelitas e os filisteus

Apesar de sua designação como rei de Israel e de sua vitória decisiva sobre os amonitas, Saul parece determinado a não “criar caso” com os filisteus que ocupam Israel. O domínio dos filisteus sobre o povo de Deus é claro em vários aspectos. 

Suas guarnições estão acampadas em território israelita (1 Samuel 10.5 "
Então chegarás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e eles estarão profetizando." ); 

(1 Samuel 13.3 "E Jônatas feriu a guarnição dos filisteus, que estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram; pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus." ), e os israelitas são rigorosamente limitados na posse e na utilização do ferro. 

Eles podem ser ferreiros, mas não podem ter armas de ferro (espadas, por exemplo), e pagam caro pelo uso das ferramentas agrícolas (1 Samuel 13.19-23). 

Apesar da opressão dos filisteus, de sua designação como rei e de sua capacitação divina (ver cap. 9 e 10), Saul prefere mandar pra casa os 330.000 soldados que convoca para livrar os cidadãos de Jabes-Gileade. Ele fica apenas com um exército básico de 3.000 homens. Parece que isto é para manter seu status junto aos filisteus.

Jônatas não está disposto a deixar a situação como está. Com seus 1.000 homens ele ataca a guarnição dos filisteus em Geba (1 Samuel 13.3), provocando um poderoso contra-ataque filisteu (1 Samuel 13.5). Saul não tem outra escolha, a não ser convocar os israelitas para a guerra, embora apenas um pequeno número se apresente, e muitos desertem quando percebem a situação desesperadora de Israel (humanamente falando). 

Alguns abandonam Saul para encontrar um lugar onde se esconder dos filisteus, enquanto outros desertam e se juntam a eles (1 Samuel 13.6; 1 Samuel 14.21-22). 

Saul oferece sacrifícos e Samuel reprova-o

Saul reúne as tropas em Gilgal, aparentemente segundo as instruções de Samuel (1 Samuel 10.8). Mas, quando parece que Samuel não chegará no prazo determinado, Saul vai em frente e oferece o holocausto. Samuel chega assim que a oferta é feita e repreende Saul por sua desobediência, mostrando que isto lhe custará um reino duradouro (1 Samuel 13.11-14).

O que podemos aprender com os erros de Saul? Quais foram os erros de Saul?

  • Veremos três fatos que provocaram sua queda, e estes fatos continuam sendo os mesmos que, ainda hoje, têm sido os fatores responsáveis pela queda de muitos líderes.


 Vamos fazer um pequeno retrospecto sobre a vida daquele rei.
    
Da tribo de Benjamim, foi escolhido por Deus para ser o primeiro rei de Israel. Era um homem de grande estatura e de grande presença no meio do povo. Dentro dos padrões que normalmente usamos para escolher um líder, podemos ver nele o homem perfeito. E, com certeza, foi assim com Israel.
   
 Em seguida vemos Saul sendo divinamente designado para três coisas, podemos dizer que recebeu de Deus três ministérios: 
Governar o povo(administrar as coisas do reino)
Liderar o povo nas guerras e Profetizar, sendo que destes ministérios, o principal deles era governar.
    
Tudo ia bem, até o período em que os filisteus começaram a guerrear contra Israel. O texto que vamos analisar encontra-se em I Samuel, capítulo 13. 
Neste texto nos são reveladas as causas da queda de Saul. E toda liderança deveria estar atenta a estas causas!
    
Começamos nossa análise pelo versículo 7 "E alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo ia atrás dele tremendo", aqui vemos o povo indo até Saul em busca de socorro, de amparo, de uma decisão corajosa e encorajadora. 

Afinal de contas ele era o rei, e era natural que pelo fato do povo estar em apuros, todos esperavam que o rei pudesse ajudá-los. O líder não pode fracassar num momento de crise! Em Provérbios 24:10 está escrito: "Se te mostrares fraco no dia da angústia é que a tua força é pequena".
    
Isto é o que acontece ainda hoje, as pessoas, quase sempre, esperam grandes decisões de seus líderes; esperam soluções inovadoras e corajosas. Esperam que seus líderes sejam capazes de apresentar "qualidades para o governo"; esperam liderança firme para o combate, mas, sobretudo, que TENHAM UMA PALAVRA QUE VENHA DE DEUS, capaz de acalmar os seus corações, trazendo orientação e discernimento. O líder em que faltam estas qualidades, corre o risco de acabar cometendo os erros que Saul cometeu e que foram as causas de sua queda.
   
 Os TRÊS PERIGOS QUE RONDAM UM LÍDER, são na verdade, três erros que um grande número de líderes cometem. Vamos então aos erros cometidos por Saul:

    O primeiro erro de Saul foi de NÃO PEDIR UMA DIREÇÃO A DEUS E NÃO TER UMA PALAVRA QUE VIESSE DE DEUS.

Naquele tempo o profeta representava exatamente isto, a Palavra de Deus! Vemos no versículo 8 "E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele". Samuel representava a presença e a voz de Deus, e todo líder cristão precisa ter em si, a Palavra que vem de Deus para refrigerar a alma do povo.
    
O texto de Provérbios 29.18 diz que "não havendo profecia o povo se corrompe"

Estamos falando aqui da Palavra inspirada por Deus, uma palavra capaz de trazer quietude ao coração mais atribulado. Uma palavra capaz de acalmar os mais terríveis ventos das contendas ou do medo ou da dor ou ainda qualquer aflição que perturbe o povo. 

Vemos no livro de 1 Samuel 13.6 "Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em apuros (porque o povo estava angustiado), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas". O povo estava angustiado. Ao ponto daqueles homens refugiarem-se entre os espinheiros... Oh! Mas a que situação somos levados quando não temos a orientação e a direção de Deus!...
    
No versículo 7 "E alguns dos hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade; e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo ia atrás dele tremendo". Lemos que o povo foi até Saul tremendo... Eles precisavam de orientação e principalmente de uma direção, e para isto precisavam da Palavra de Deus! (Como hoje)!
    
Quando falta esta Palavra, ou quando esta Palavra é substituída por meras palavras desprovidas de poder, ou por "chavões engenhosamente argumentados", o líder corre o risco de que comecem a questionar sua comunhão com Deus e isto representa um grande perigo, pois, fatalmente esta situação provocará um segundo erro!

    O segundo erro cometido por Saul foi PERDER O CONTROLE DA SITUAÇÃO

Vemos no versículo 8 "E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele". O povo começou a se dispersar... 

Imaginemos a cena: milhares de pessoas se dispersando... os comentários que corriam entre o povo. Quantas murmurações não devem ter acontecido! Quantos não saíram desiludidos e feridos daquela situação... Saul tornara-se um rei que não governava!
    
No versículo 11 "Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás,". Saul, de maneira covarde e desesperada, tenta por a culpa no povo ou mesmo em Samuel; ou quem sabe nos seus adversários. Comportamento típico de quem perdeu o controle da situação.
    
É muito perigoso quando um líder começa a perder o controle da situação. Quando as murmurações e controvérsias não são cortadas. Percebe-se o iminente descontrole quando o povo começa a se dispersar. É como em uma reunião onde as conversas paralelas tornam-se mais importantes que o assunto principal. 

O versículo 2 diz que: "Saul escolheu para si três mil homens de Israel; e estavam com Saul dois mil em Micmás e na montanha de Betel, e mil estavam com Jônatas em Gibeá de Benjamim; e o resto do povo despediu, cada um para sua casa". 

No início, dois mil homens estavam com Saul; depois desta dispersão, ficaram apenas cerca de seiscentos (v.15) "Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim; e Saul contou o povo que se achava com ele, uns seiscentos homens".
   
 E o lamentável nisto, é que a perda do controle da situação por parte de um líder cristão, quase sempre leva-o a cometer um terceiro erro. Foi exatamente isto o que aconteceu com Saul.

    O terceiro erro cometido por Saul foi USURPAR O SEU MINISTÉRIO, foi exercer indevidamente o chamado divino. 

Como isto é perigoso! Oferecer sacrifícios era atribuição apenas dos sacerdotes e levitas. Porém Saul, numa atitude desesperada, numa demonstração tola de autoridade ou de espiritualidade, resolveu, ele mesmo, oferecer os sacrifícios, como nos diz no versículo 9 "Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto".

    É perigoso quando um líder toma nas próprias mãos um chamado divino que não lhe pertence. Foi o que aconteceu com Saul. Oferecer os holocaustos não era atribuição dele; aquela atitude significava tratar com irreverência o altar e as ofertas de Deus. Como é triste ver isto acontecer...
   
 É muito triste ver um líder, muitas vezes aos berros, numa atitude desesperada, empenhando-se para permanecer num cargo do qual já tenha sido deposto pelo próprio Deus... 

O povo continua se dispersando pelas regiões montanhosas e pelos vales; "mas ele está lá". Continua a oferecer sacrifícios inutilmente, amaldiçoando o povo enquanto o inimigo se agiganta! 

Seu ministério passa a ser exercido no sentido de tentar conter o povo ao invés de ser para glorificar a Deus

Suas ações são provenientes muito mais do medo do inimigo que do temor a Deus! 

Suas decisões são em função das circunstâncias e não da causa ou do planejado! 

Seu ministério passa a ser em função de si mesmo e não de engrandecer o reino de Deus! 
    
Nos dias de hoje, estes perigos continuam a "rondar" os líderes. Vemos que aquele rei desperdiçou uma grande oportunidade; desperdiçou a oportunidade de constituir uma grande nação.
    
Ao contrário, o que lemos no v. 13, é a dura exortação do profeta: "Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o SENHOR teu Deus te ordenou; porque agora o SENHOR teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre;"

E vimos que as causas de sua reprovação por Deus foram:
 
 - NÃO pedir uma direção a Deus e ter uma Palavra que viesse de Deus.
 
- Perder o controle da situação.
 
- Usurpar o seu ministério.
    
Vimos mais,  que estas causas continuam sendo "perigos que rondam" a vida de toda liderança cristã! 

Provérbios 8.15 contém a seguinte mensagem: "Por mim reinam os reis e os príncipes decretam justiça." 

O contexto nos fala da excelência da Sabedoria que vem de Deus! E esta sabedoria está revelada na Palavra de Deus, na Bíblia, a qual sempre deve ser o manual de toda liderança cristã!
     
Líderes! Lembrem-se dos erros de Saul!

Que Deus o abençoe!

O que é dele, é seu e o que é seu, é dele! #Novela Gênesis | Capítulo 61

  ( “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gênesis 2.24). Ser uma só carne ...